Dores agudas, decorrentes de cáries e
infecções afetam o desempenho escolar dos pequenos, sobretudo em populações de
baixa renda
Quem já teve que se ausentar de compromissos por estar com dor de
dente, sabe como a experiência é desagradável. Quando as crianças são vítimas
de dores agudas, é ainda mais difícil controlar as reações e isso pode impactar
diretamente em seu processo de aprendizado. Um estudo realizado em Campinas
mostrou que 46% do absenteísmo escolar no período foi decorrente de dor advinda
de problemas bucais. Embora estudos e dados sobre o assunto ainda sejam
escassos no país e no mundo, o tema já é observado com mais profundidade por
profissionais da área.
A Odontoprev, líder em planos odontológicos na América Latina,
convidou especialistas para conversar sobre os principais desdobramentos que a
falta de atenção à saúde bucal na infância pode causar no desenvolvimento
social e intelectual da criança. Com desconforto e doenças bucais, é comum que
alunos não queiram frequentar as aulas, ou desenvolvam problemas de
concentração, comprometendo significativamente o aprendizado.
O problema pode se agravar quando as famílias não têm condições
financeiras para buscar um dentista particular ou precisam aguardar por longos
períodos por uma consulta na rede pública. “Acreditamos muito na prevenção da
saúde bucal como a melhor forma de evitar o absenteísmo escolar. A prevenção
não só melhora a qualidade de vida infantil como também evita problemas graves
no futuro. Consequentemente reduz o custo com tratamentos mais dispendiosos”,
afirma Regina Juhas, Superintendente de Gestão de Qualidade da Odontoprev.
- Estudo revela que problemas com a saúde bucal aumentam
absenteísmo e prejudicam o desempenho escolar
Tamara Tedesco, professora de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da USP, mostra que um estudo* publicado por docentes da entidade em parceria com outras instituições, revelou que as crianças com problemas bucais relatam impacto negativo no seu cotidiano por apresentarem notas e frequência escolares menores do que os demais estudantes. "Essas doenças resultam em sofrimentos crônicos, tanto psicológico como físico, levando à ansiedade, ao estresse, à dificuldade em prestar atenção nas aulas, bem como piora significativa na qualidade de vida relacionada à saúde dos dentes e da boca", observa Tamara.
O estudo Global Burden of Disease (GBD) demonstra que as lesões de
cárie não tratadas em dentes decíduos (também conhecidos como dentes de leite)
fazem parte dos dez problemas mais prevalentes, afetando cerca de 621 milhões
de crianças em todo o mundo. Além disso, a cárie é a quarta doença crônica mais
custosa em termos de tratamento, e está diretamente ligada à desigualdade
social, sobretudo em países de baixa e média renda, uma vez que a falta de
tratamento atinge pessoas menos favorecidas economicamente.
- Problemas estéticos e aumento do bullying
Já o comprometimento estético é outra queixa frequentemente ouvida
por profissionais da área, como relata a odontopediatra Nádia Salem. "As
crianças ainda deixam de sorrir e de se alimentarem corretamente, ficam mais
introspectivas ou faltam às aulas por sentirem dor ou desconforto",
afirma. Os problemas de origem estética também estão relacionados ao aumento em
casos de bullying, interferindo nas relações interpessoais e na autoestima da
criança.
- Hábitos de alimentação saudável e conscientização
Consenso entre os especialistas, hábitos como consumo excessivo de
açúcar, falta de higienização correta e de acompanhamento preventivo com
especialistas são as principais causas para o crescente problema na saúde bucal
infantil, que compromete também seus estudos. Soma-se a isso fatores
socioeconômicos e falta de assistência odontológica.
"A população em geral precisa ter acesso à informação para
que possa entender a realidade bucal infantil e, assim, consiga contribuir
dentro do seu nicho de atuação. Além do mais, o comprometimento da família e
dos responsáveis é a parcela mais importante da promoção de saúde bucal. Eles
precisam estar envolvidos com a necessidade daquela criança, cuidando,
orientando, incentivando e a levando às consultas periódicas", finaliza
Nádia.
*Associação entre saúde bucal infantil e ambiente escolar no
desempenho acadêmico de escolares de 12 anos de Quito, Equador, publicado por
Community Dentistry Oral Epidemiol em Outubro, 2023.
Odontoprev
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