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sexta-feira, 10 de maio de 2024

Como lideranças podem agir para identificar depressão e ansiedade no trabalho

As doenças só podem ser diagnosticadas por profissionais da saúde mental, mas gestores e líderes têm papel fundamental de identificar sinais e oferecer apoio ao colaborador

 

Ansiedade e depressão são duas doenças que têm chamado atenção por sua crescente presença na população do Brasil e do mundo. Dados da Guia da Alma, startup com solução de saúde mental para empresas e pessoas, mostram que 62,6% da população brasileira sofre com algum nível de ansiedade. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostrou que a falta de saúde mental entre os colaboradores nas empresas provoca um prejuízo de R$ 397,2 bilhões por ano na economia brasileira. Nesse cenário, as empresas também se deparam com o aumento de colaboradores com adoecimento psicológico, necessitando de um olhar mais atento para essa questão. As lideranças podem ter um papel essencial, se estiverem preparadas para identificarem sinais de transtornos como depressão e ansiedade e direcionadas para auxiliar seus liderados nesses casos. 

O diagnóstico das doenças mentais deve, sempre, ficar à cargo de um profissional da saúde, como psiquiatras e psicólogos. De qualquer forma, os especialistas da Guia da Alma acreditam que há sinais comuns que indicam, no dia a dia de trabalho, se um ou mais colaboradores precisam de apoio psicológico. Desempenho, isolamento do resto da equipe, comentários que indicam desespero ou pessimismo em excesso são alguns exemplos. Confira os indicativos mais comuns:

 

Comportamento: mudanças no comportamento podem ser sinal de que algo está acontecendo na vida do colaborador. No caso da depressão, pode incluir sintomas como apatia, desinteresse por atividades que costumavam ser agradáveis, choro frequente ou explosões emocionais;

 

Baixa produtividade: uma das consequências do adoecimento mental é a redução da capacidade de concentração e produtividade. Os funcionários podem ter dificuldade em cumprir tarefas, prazos e cometer erros frequentes quando sua saúde mental não está em dia;

 

Isolamento social: pessoas com depressão ou ansiedade algumas vezes se isolam dos colegas de trabalho e amigos. Isso pode resultar em faltas no trabalho ou isolamento em situações sociais;

 

Crises no trabalho: algumas pessoas também podem experimentar crises no ambiente de trabalho, o que pode incluir sintomas como palpitações, tremores, desespero e choro;

 

Comentários ou indicações de desespero: alguns funcionários podem expressar sentimentos de desespero ou até mesmo mencionar pensamentos suicidas. Tenha atenção a frases como “eu sou inútil” ou “minha vida não tem sentido.”

 

Carlos Mayke, psicólogo do Guia da Alma, aconselha as lideranças que se depararem com esses sintomas. “Existem diferentes tipos de ansiedade e depressão e os sinais variam de pessoa para pessoa. Ao reparar em um padrão onde diferentes sintomas se repetem e prolongam, é hora da liderança conversar com o funcionário. De forma cuidadosa, o ideal é fazer perguntas, entender se o colaborador gostaria de compartilhar o que está sentindo e oferecer apoio. O gestor deve se colocar apenas como ouvinte e pode indicar formas da pessoa buscar ajuda profissional através de benefícios que a própria empresa oferece, ou então de meios que o colaborador possa acessar (como o CVV, por exemplo).

 

Um olhar para a cultura organizacional

Em novembro de 2023, o Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças ligadas ao trabalho e adicionou no documento 165 novas doenças. “A percepção sensível das lideranças sobre os sinais e possíveis sintomas não é uma benfeitoria. Está além disso e aparece como uma necessidade na gestão de pessoas para reter e atrair talentos, ter uma atmosfera saudável no trabalho e nas equipes, além de trazer rendimento por causa do melhor desempenho em um ambiente que priorize a empatia e o cuidado”, diz Liana Chiaradia, CMO da Guia da Alma. Para ela, a saúde mental dos colaboradores deve ser prioridade na cultura organizacional. 

“Quando a gente fala em cultura organizacional precisamos considerar também que ambiente corporativo desejamos criar, pois ele também vai influenciar na visão da marca empregadora”, explica Rodrigo Roncaglio, CEO da Guia da Alma. “Criar ambientes colaborativos, com boas práticas de ESG, colocando o bem-estar como uma prioridade, podem evitar que casos de doenças de saúde mental no trabalho se tornem problemas gigantes”, finaliza Chiaradia.

 

Principais sinais de ansiedade e depressão

Para identificar os sinais de que a saúde mental de um colaborador não vai tão bem, é necessário conhecer os conceitos e principais sintomas. A ansiedade, por exemplo, é uma reação natural do ser humano, mas, quando é excessiva pode se tornar patológica, desencadeando preocupação excessiva, intensa e persistente, que pode levar ao medo de situações cotidianas, como: sair de casa, conversar com o gestor ou elaborar demandas do trabalho ou vida pessoal. Sintomas físicos também ocorrem, como: alta frequência cardíaca, dificuldade para respirar e formigamento. 

Já a depressão é uma doença mental que apresenta um estado de desencorajamento e perda de interesse duradouro nos atos cotidianos. Alguns sintomas são perda de interesse, fadiga, distúrbio do sono, mudanças no apetite, dificuldade de concentração, culpa excessiva, sentimento de inutilidade e, até mesmo, pensamento suicida. 

“Pessoas que lidam com depressão tendem a apresentar uma diminuição significativa de energia, sintoma que pode ser erroneamente percebido como ‘falta de vontade’. Quando conhecemos melhor sobre a depressão e seus sintomas, somos capazes de oferecer o apoio necessário aos nossos colaboradores e pessoas próximas. Esses sintomas são universais, mas podem se apresentar de formas específicas no contexto do trabalho, como desinteresse pelas tarefas, faltas frequentes, isolamento social e outros”, diz Carlos Mayke, psicólogo do Guia da Alma.

Liana Chiaradia ressalta ainda que depressão e ansiedade podem andar juntas. E, além delas, existem uma série de outras questões mentais, como o burnout e estresse. Por isso, apenas um profissional de saúde pode fazer um diagnóstico. Mas o líder e a empresa podem prestar apoio aos colaboradores e oferecer benefícios em terapias, além de ambientes acolhedores.


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