O setor brasileiro de previdência privada apresenta
números vultosos. Segundo dados da própria entidade que representa as
instituições do segmento, a Abrapp, existem 2,6 milhões de participantes
ativos, 881 mil em gozo do benefício e 3,7 milhões de dependentes registrados.
Anualmente são pagos R$ 81,3 bilhões em benefícios. De forma geral, o montante
sob gestão das entidades fechadas de previdência complementar é da ordem de R$
1,17 trilhões, o que equivale a 12,7% do PIB nacional.
Apesar de impressionantes, esses dados poderiam ser bem
melhores. O ideal é que todos os colaboradores das empresas que oferecem
previdência privada complementar contribuíssem, uma vez que é o formato mais
rentável do mercado. Isso porque o funcionário aporta um valor e a
patrocinadora contribui com o mesmo montante. Essa seria a receita ideal
para a manutenção da qualidade de vida e do poder de compra das pessoas que já
cumpriram o papel produtivo e passaram a gozar de um merecido descanso.
Mas para atrair participantes em uma velocidade maior é
necessário que os gestores compreendam que está na hora de modernizar seus
processos, ajustar a comunicação com seus potenciais participantes,
principalmente os mais jovens, aumentar sua eficiência e produtividade e é ai
que soluções com IA (Inteligência Artificial) podem ajudar, e muito.
Antes de detalhar como a IA pode ajudar os fundos de
pensão, vale fazer aqui uma analogia com outros segmentos onde essa tecnologia
é largamente empregada. No varejo, por exemplo, soluções de monitoramento e
precificação têm auxiliado gestores a definirem os melhores preços de venda,
assim como datas e momentos mais adequados para a realização de ofertas e
promoções.
No mercado financeiro, a IA tem papel semelhante.
Antigamente as corretoras precisavam de um batalhão de analistas para avaliarem
centenas ou milhares de fundos, ações e outros ativos com a finalidade de
montar uma carteira rentável para seus investidores. Um trabalho demorado e,
por essa razão, nem sempre eficiente como se desejava. Pois bem, a IA consegue
fazer essa análise em poucos segundos e ainda sugerir as melhores combinações
de ativos para um portfólio respeitando-se o perfil de cada cliente, ou seja,
soluções mais customizadas com olhar no cliente.
Em ambos os exemplos, o cliente fica satisfeito, e as
empresas que adotaram a tecnologia também, porque fizeram um trabalho eficiente
e lucrativo com custos exponencialmente menores do que se continuassem com
métodos arcaicos. Vale ressaltar que a inteligência artificial até pode tomar
certas decisões sozinhas se assim o gestor desejar, mas não é o que acontece.
Normalmente ela é implantada para atender parâmetros previamente definidos e
apresentar as possíveis soluções para que o gestor tome a decisão final. Seu
uso não está restrito a esses dois segmentos. Hoje a IA é usada para avaliar
riscos de crédito, para auxiliar na segurança cibernética, na indústria, na
saúde, educação, no agronegócio em aplicativos de todos os tipos etc.
E se ela é útil para todos esses segmentos, não seria para
os planos de previdência? As fundações têm uma relação longa e de confiança com
seus participantes e, ao longo dos anos, vão acumulando uma imensa quantidade
de dados e informações sobre seus clientes. Dados supervaliosos e úteis para
estreitar a relação e comunicação entre fundação e participantes e para criação
de novos produtos alinhados às necessidades desse público.
Uma das preocupações das entidades de previdência privada
é com relação ao cumprimento das metas atuariais. Pois bem, da mesma forma que
a inteligência artificial auxilia corretoras e gestoras a montarem carteiras
rentáveis, ela pode ajudar as fundações nesta tarefa de reduzir riscos
aumentando o retorno dos investimentos.
Um outro exemplo, é a chamada inteligência artificial
generativa que tem a capacidade de entender a linguagem natural das pessoas,
avaliar o perfil delas e gerar respostas mais precisas e contextualizadas. É
como se outro ser-humano estivesse respondendo a uma determinada demanda. E
melhor, esse tipo de IA sabe qual o melhor canal de comunicação a ser adotado,
seja e-mail, telefone ou rede social. Ou seja, ela consegue acelerar o
desenvolvimento de novos produtos com base nos interesses e necessidades dos
participantes ou potenciais participantes, ajudar a fundação na gestão e
lucratividade do próprio fundo e entregar aos clientes os resultados e
benefícios que eles esperam.
Se gerar valor de negócio pode ser resumido a “oferecer um
retorno ou impacto positivo para a empresa, produto ou cliente”, a IA não pode
ser ignorada pelas entidades fechadas de previdência complementar em hipótese
alguma. No entanto, é preciso expertise para implantar tais soluções. Por não
ser o foco de atuação, sairia muito caro para as entidades desenvolverem essas
ferramentas por conta própria. Além do tempo e do dinheiro é preciso ter
capacidade para se atualizar constantemente.
E as pensiontechs exercem um papel preponderante nessa
tarefa de modernizar as empresas do segmento. Focadas em tecnologia e inovação,
elas podem agregar às fundações a implementação de IA nos canais e produtos
digitais, trazendo ainda mais benefícios para a experiência dos participantes e
ajudando a fidelizá-los ao mesmo tempo que auxiliam no aumento da eficiência
operacional e na segurança dos fundos de pensão.
A vantagem das pensiontechs para os fundos de pensão está
no fato de que as soluções já estão desenvolvidas e devidamente testadas. No
máximo, a plataforma exigirá uma ou outra adaptação específica, já que mesmo
pertencentes ao mesmo ramo, cada entidade tem suas particularidades. Ganha-se
com a redução de custos, com o tempo de implantação e com a agilidade
operacional. Em tempos como o atual, em que a rapidez nas decisões define o
sucesso ou fracasso de uma iniciativa, contar com as soluções de uma
pensiontech é o diferencial que os planos de previdência precisam para se
expandirem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário