A lógica arquitetônica dá-se especialmente através do desenho: uma técnica, um método, um processo em si mesmo. Se, visceralmente, compreendemos essa logicidade, refletimos e, compreendemos também que o desenho é simbólico, é a representação dos próprios interesses enquanto arquitetas(os). É sobre isso que os desenhos, singelos, lúdicos e abstratos, tratam a seguir.
Colagens simples mas com complexidades expostas nas entrelinhas
Desde a condição de gênero às condições raciais, socioeconômicas e de outras
intersecções não facilmente perceptíveis, como a da sexualidade e expressão de
gênero, por exemplo. Considerando que, como a visibilidade da mulher em todos
os tempos foi precária, as poucas que conhecemos e que através das colagens
foram apresentadas, são em sua maioria arquitetas brancas, com condições
socioeconômicas mínimas para poder cursar um curso elitizado como arquitetura,
arquitetas que seguem os preceitos heteronormativos.
Ao longo da vida acadêmica a pergunta continua a mesma: onde estão essas pessoas na arquitetura? Representatividade importa, impacta e é empoderamento, é se enxergar positivamente e fazer parte de um todo, não ficar aquém, nem ser excluído. A igualdade deve existir em todas as classes, gêneros e raças também, deve ser o mais holística possível.
O que é o feminino na arquitetura?
Ser mulher é uma missão diária. Ser mulher com esses cruzamentos é uma missão
diária ainda maior. Contudo, temos uma data, celebrada mundialmente, para
enfatizar e relembrar todas essas questões. Todo dia 8 de março, celebramos e
relembramos as conquistas femininas, avanços que foram construídos por meio de
suas próprias lutas sociais, políticas e econômicas. E em virtude dos últimos 8
de março, debrucei-me a estudar e aprender mais sobre minhas colegas de
profissão. Com o compromisso de refletir, criar e projetar a partir de um olhar
mais atento a essas pautas.
E
porque? Porque a condição da mulher, em todas as esferas, produz um efeito
borboleta. A mulher vê, desenvolve e busca soluções sob a ótica dessa condição,
das necessidades cotidianas da mulher. Isso inclui não apenas as próprias
mulheres, mas também os seres pelos quais ela, como mulher, é tradicionalmente
responsável por cuidar.
Trazendo
para um contexto recente, temos, por exemplo, a questão do enfrentamento da
Covid-19, em que todos os países com lideranças femininas tiveram respostas
muito superiores e eficazes no combate à pandemia. Em meio a essas e outras
reflexões, desenhei, redesenhei, fiz esboços, fiz colagens... testei.
E a priori, como resultado desses ensaios, essas colagens simples foram
concebidas – atemporais, abstratas, divertidas – para conhecer, reconhecer e,
também, com a esperança de despertar e estimular em outras pessoas a
curiosidade sobre mulheres arquitetas e suas criações.
Gabriela
Rocha, que é arquiteta e urbanista pela universidade Anhembi Morumbi e hoje
atua como pesquisadora e agente de inovação pelo SEBRAE/SP, estuda e explora
continuamente a interseção de gênero na arquitetura, em especial, mas também em
outras profissões.
As colagens citadas foram selecionadas
para uma exposição na galeria Roca de Londres. (Mais detalhes: Exhibition
(Exibição): Designing Out by @architecturelgbt Local: London, UK. at
@rocalondongallery September 3rd - October 8th | 2021.)
Gabriela Rocha
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