Trabalhar no conforto de nossas casas é o sonho de muitas pessoas. Não há dúvidas dos benefícios que o home office traz para diversas profissões – mas, também são inegáveis alguns malefícios que esse modelo desencadeou para muitas. Dentre tantos problemas físicos potencializados desde o início da pandemia, casos crescentes de lombalgia foram impulsionados, inevitavelmente, pelo maior tempo sentados sem praticarem exercícios. Para aqueles que ainda trabalham neste modelo, é fundamental tomar certos cuidados diários, para que esta dor não se eleve e gere problemas ainda maiores para a saúde.
Em um comparativo feito pelo IBGE, enquanto em
2013, apenas 18,1% dos brasileiros relatavam terem dores na coluna, uma nova
pesquisa feita em 2020 registrou um total de 41% de queixas nesta dor pela
população. O simples fato de passarem muitas horas do dia sentados faz com que
a pressão na coluna seja muito maior do que quando estão em pé, corroborados
por inúmeros estudos que mostram a sobrecarga maior no disco intervertebral ao
estarmos nas cadeiras.
Com o isolamento social, além do tempo nesta
posição ter aumentado significativamente, a quantidade de exercícios praticados
foi potencialmente reduzida, o que impede que o devido fortalecimento da coluna
e, assim, eleva os riscos de deixá-la instável e seu desgaste mais veloz. O
cenário se mostrou tão preocupante que, em dados publicados no The Lancet
Rheumatology, espera-se que, até 2050, o número de pessoas diagnosticadas com
lombalgia deva chegar à marca dos 843 milhões – um aumento de 36% em relação às
619 milhões que sofreram com este problema em 2020.
É fato que estas dores são mais comuns na faixa
etária dos 18 aos 50 anos, não costumando ser tão frequente em crianças ou
idosos. Normalmente, os primeiros sintomas naqueles que enfrentarão esses
problemas costumam ser a sensação de desconforto na musculatura e, dependendo
do caso, espasmos musculares, até migrar para o diagnóstico concreto da lombalgia.
Quando não tratada devidamente, ela tenderá a piorar com o tempo, correndo
sérios riscos de travar a coluna do paciente e, ainda, desencadear outros
problemas sérios para sua saúde.
Por mais que existam diversas opções de tratamento
para lombalgia, que vão desde infiltrações, bloqueios e rádio frequência à
laser em casos mais simples, a cirurgias em diagnósticos mais graves, a grande
maioria dos casos destas dores não precisará de uma cirurgia para seu
tratamento – podendo ser tratada a partir de procedimentos minimamente
invasivos que irão reduzir a dor do paciente e evitar que ela se torne um
impeditivo para suas atividades diárias.
Mas, o que realmente fará a diferença para prevenir
estas dores e assegurar a qualidade de vida, principalmente, para quem trabalha
no modelo de home office, serão os hábitos rotineiros adotados em prol do
fortalecimento da coluna. O pilates costuma ser muito prescrito para fortalecer
o core, com alta capacidade de contribuir para que a lombalgia tenda a diminuir
gradativamente, mas existem diversos outros exercícios que, caso praticados
frequentemente, também se mostram como algumas das melhores maneiras de atingir
esse fortalecimento e evitar a necessidade de procedimentos para tratar esta
dor.
Certas linhas de pesquisa com células tronco e
plasma PRP estão ganhando força no Brasil, apresentando forte perspectiva de
também contribuir para a piora da lombalgia. Contudo, esse ainda é um processo
que deverá ser estudado mais a fundo, até que esteja acessível à população com
efeitos positivos para as dores na coluna.
Inevitavelmente, grande parte das pessoas terá
algum caso de lombalgia ao longo de suas vidas, principalmente, diante da
popularidade do home office ao redor do mundo. Entretanto, trabalhar de casa
não precisa ser sinônimo do agravamento desta condição, uma vez que existem
diversos hábitos diários que podem contribuir para evitá-la. Muitos vícios em
postura e tempos longos sentados podem ser bem administrados, desde que estes
cuidados sejam tomados corretamente para uma rotina de trabalho em casa
saudável par todos.
Dr. Carlos Eduardo Barsotti - cirurgião ortopedista formado pela Faculdade de Medicina da USP, Mestre em Ciências da Saúde e Pós-graduado pela Harvard Medical School. Com mais de 19 anos de experiência na área, é um dos poucos profissionais do país a realizar intervenções de alta complexidade, principalmente na correção de escoliose.
https://drcarlosbarsotti.com.br/
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