Os diferentes tipos da doença atingem o fígado, causando infecções graves
Estamos no
“Julho amarelo”, mês de conscientização sobre as hepatites virais, que são
caracterizadas pela inflação do fígado causada por vírus. A doença pode ser
classificada nos tipos A, B, C, D e E, sendo os três primeiros os mais comuns
no Brasil.
As hepatites
também podem ser classificadas em aguda, com duração de até seis meses, e
crônica, com mais de seis meses.
Dados do
Ministério da Saúde apontam que de 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos
confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 168.175 (23,4%) são
referentes aos casos de hepatite A, 264.640 (36,8%) aos de hepatite B, 279.872
(38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.
“A doença nem
sempre é sintomática, mas quando presente pode apresentar sintomas clínicos pouco
específicos como fadiga, dor abdominal, náusea e febre. Nem todos os quadros
evoluem com ictérica, que se caracteriza por pele e olhos amarelados”, explica
Dra. Maria Beatriz de Oliveira, hepatologista do Hospital viValle, em São José
dos Campos.
Os tipos B e C
podem causar doenças graves, infecção aguda, câncer e cirrose, sendo
responsáveis por 74% dos casos de hepatites virais do país.
“As hepatites B
e C tem grande potencial para se tornar crônica. Estima-se que 57% os casos de
cirrose hepática, e 78% dos casos de câncer primário do fígado, sejam causados
por esses vírus”, destaca a especialista do viValle, unidade da Rede D’Or e um
dois principais hospitais da região do Vale do Paraíba.
Em relação à
letalidade, de acordo com o Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), o mais
perigoso é o tipo C, que responde por 76% das mortes em decorrência da
doença.
Ainda de acordo
com o órgão, até um milhão de pessoas no Brasil convivem com a doença sem
saber, já que as hepatites virais podem não apresentar sintomas nas fases
iniciais da infecção.
Contágio
e prevenção
Hepatite
A
Transmitido por
via oral-fecal, água ou alimentos contaminados e por meio sexual (prática
oral-anal).
Geralmente está
relacionada a baixas condições socioeconômicas e de saneamento básico. A
prevenção consiste em hábitos de higiene, como lavar as mãos, higienizar
corretamente louças e alimentos, evitar contato com água contaminada (como
enchentes e esgoto), e usar preservativos nas relações sexuais.
Hepatite
B
A transmissão
ocorre pelo sangue e outras secreções corporais contaminadas, principalmente
por via sexual, parenteral (compartilhamento de agulhas e itens cortantes) e
vertical (materno-fetal).
A principal forma
de prevenção é a vacina, disponível no Sistema Único de Saúde. Além disso, uso
da camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhamento de objetos de
uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de
manicure e pedicure, agulhas e seringas.
Hepatite
C
Transmitida
principalmente por via sanguínea, por isso, para evitar a infecção é importante
não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em
contato com sangue, assim como no tipo B.
“A hepatite C
tem maior taxa de detecção em indivíduos acima dos 40 anos de idade, ou que
apresentem fatores de risco como a realização de procedimentos de hemodiálise
ou cirúrgicos sem os devidos cuidados de biossegurança, ter diabetes ou
hipertensão, compartilhamento de objetos para o uso de drogas, dentre outros”,
complementa Dra. Maria Beatriz.
Outro ponto
importante é que pacientes que receberam sangue ou hemoderivados anterior a
1992 tem indicação para realizar o teste sorológico.
Gestantes também
precisam fazer, durante o pré-natal, os exames para detectar as hepatites B e
C, o HIV e a Sífilis.
Hepatite
D (Delta)
A forma de
transmissão é por meio do sangue e outras secreções corporais contaminadas.
Neste tipo é necessário que o paciente tenha infecção prévia pelo vírus B,
sendo novamente a vacinação a forma mais eficaz de evitar a doença, além do uso
de preservativo e não compartilhamento de lâminas e objetos perfuro-cortantes.
Hepatite
E
A transmissão é por via oral-fecal, por isso, assim como tipo A, as medidas de higiene e saneamento básico são essenciais para prevenção.
Geralmente tem um caráter benigno, mas pode ser mais grave em
gestantes, pois há maior risco de insuficiência hepática, perda fetal e mortalidade.
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