Diagnóstico é
desafio, mas os tratamentos são promissoresHepatite C é mais severa entre os tipos de vírus
da doença e representa quase 40% dos casos
registrados no Brasil entre 2000 e 2022
Créditos: Envato
O Julho Amarelo reforça as ações de conscientização
sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais.
Essa infecção que acomete o fígado pode causar alterações leves, moderadas ou
graves, mas, por não apresentar sintomas, pode tornar o quadro do paciente mais
delicado. De acordo com dados da Organização Nacional de Saúde (OMS), mais de
1,4 milhão de mortes por ano são causadas por complicações relacionadas a essa
doença, em todo o mundo. No Paraná, a Secretaria Estadual de Saúde destaca que
a taxa de mortalidade da hepatite C pode ser comparada aos índices do HIV e da
tuberculose.
Para o Gastroenterologista e Hepatologista do
Hospital São Marcelino Champagnat e do Hospital Universitário Cajuru Jean
Tafarel, a dificuldade no diagnóstico é um dos fatores mais preocupantes. Por
isso, é aconselhável que médicos solicitem exames de hepatite B e C pelo menos
uma vez na vida. “A região Sul registra mais casos de hepatite C, seguindo a
incidência desse tipo no Brasil. Atualmente, todas as pessoas identificadas com
a doença são tratadas, independentemente do grau. Isso significa que 100% delas
se curam tomando um comprimido por três meses, sem efeitos colaterais”,
detalha.
Números alarmantes
De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre
os anos de 2000 e 2022, foram identificados 750.651 casos de hepatites virais
no Brasil - todos registrados no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan). Desses, 298.738 (39,8%) são de hepatite C, 276.646 (36,9%)
de hepatite B e 169.094 (22,5%) de hepatite A. Em Curitiba, foram registrados
269 casos em 2022.
Diferentes tipos de hepatites
As hepatites virais se dividem em A, B, C, D e E, com diferentes formas de
transmissão. “A hepatite A pode ser transmitida por meio do consumo de água e
alimentos contaminados por fezes, condições precárias de saneamento básico e
falta de higiene pessoal. A transmissão da hepatite B pode ocorrer em relações
sexuais desprotegidas e também no compartilhamento de objetos pessoais como
lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos, como agulhas e seringas.
Além disso, pode ser transmitida verticalmente, de mãe para filho durante
a gravidez, o parto ou a amamentação. O tipo D está associado à presença do
vírus da hepatite B e é transmitida pelo sangue e pela relação sexual”, explica
o médico.
A hepatite C é a mais severa entre os tipos de
vírus, com grande chance de se tornar crônica. É contraída através do sangue
contaminado e seus derivados, compartilhamento de seringas e relações sexuais
sem o uso de preservativos.
Já a hepatite E é de curta duração e cura
naturalmente. Na maioria dos casos, é uma doença benigna transmitida por via
fecal-oral, pelo consumo de água contaminada. “Pode ser grave em gestantes, mas
raramente causa infecções crônicas em pessoas com algum tipo de
imunodeficiência. Assim como a hepatite A, a hepatite E não tem um tratamento
específico. A maioria dos casos é registrada em países asiáticos”, alerta Jean.
Sintomas
Não é comum que as hepatites virais apresentem
sintomas. Por isso, a testagem é de extrema importância. Os sintomas são:
cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, icterícia
(pele e olhos amarelados), urina escura e fezes claras.
Tratamento e prevenção
De acordo com o médico, a melhor forma de tratamento ainda é a prevenção.
“Existem vacinas disponíveis no sistema público para as hepatites A e B, que
estão incluídas no calendário de imunização da criança. A vacina contra a
hepatite A é aplicada em apenas uma dose, aos 15 meses de idade do bebê, e a
vacina para hepatite B é administrada em quatro doses: ao nascimento e aos 2, 4
e 6 meses de vida. Para outras faixas etárias, três doses garantem a imunidade,
mas o uso de preservativos é essencial. Não há vacina para a hepatite C, mas há
tratamento e cura, inclusive com medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de
Saúde”, finaliza o médico.
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