Atenção ao rebanho
começa ainda na gestação dos bezerros, para que os animais consigam atingir
todo seu potencial genético ao longo da vida e seja garantida a máxima produtividade
Para que o gado leiteiro alcance 100% de seu
potencial genético e tenha a máxima produtividade possível, é recomendável que
os pecuaristas e técnicos adotem uma série de cuidados especiais, iniciados
ainda durante a gestação do bezerro. Pensando nisso, a VetBR, mais completa
distribuidora de produtos para saúde animal do País, convidou um especialista
para elencar algumas práticas de manejo essenciais do gado leiteiro para aliar
bem-estar animal e produtividade.
Segundo Rondinele Araújo da Silva, médico
veterinário e consultor de vendas da VetBR, o bem-estar de cada animal vai interferir
diretamente na quantidade e na qualidade do leite ordenhado. “O gado leiteiro
precisa ser muito bem tratado. O sistema nervoso da vaca tem receptores
responsáveis pela quantidade de leite que vai liberar. Se ela se estressa — por
exemplo, com gritos ou toques bruscos — vai liberar menos leite”, explica.
“Além disso, o animal estressado libera células inflamatórias que vão
diretamente para o leite e que interferem na CCS (contagem de células
somáticas) e, por consequência, no preço do produto vendido”, acrescenta.
Confira a seguir dez dicas fundamentais para
garantir um rebanho saudável e produtivo.
1. Gestação
Os cuidados com o bezerro começam durante a
gestação, para que nasça saudável. Um ponto importante é deixar as vacas
prenhas separadas no piquete da maternidade nas últimas três semanas de
gestação, perto do caseiro, com água, comida e sombra com fácil acesso. A
partir daí, é necessário fazer o monitoramento para que o parto seja o mais
natural possível. O acompanhamento vai influenciar diretamente na saúde do
bezerro. Vale ficar atento às possíveis distocias (anormalidades de posição ou
tamanho do feto) — além disso, a vaca pode não reconhecer o bezerro como filho
e machucá-lo na hora do parto, por exemplo, pontos que podem prejudicar a saúde
do animal na vida adulta.
2. Colostro
O colostro é um líquido espesso e amarelado, rico
em anticorpos que desempenham um papel fundamental na imunidade e no
desenvolvimento saudável do bezerro. É importante que seja fornecido nas
primeiras horas de vida do animal, cuidado que pode evitar várias doenças. Se o
animal não receber o colostro logo após o nascimento, o líquido não terá mais a
mesma eficácia, já que o organismo vai deixar de identificá-lo como anticorpo.
É importante sempre confirmar se o bezerro realmente mamou o colostro.
3. Cura do umbigo
Outro ponto essencial para o crescimento saudável
do bezerro — e que está relacionado à produtividade do animal — é a cura do
umbigo. É fundamental, após o nascimento, fazer o procedimento de maneira
correta, usando concentrado de iodo. Se a secagem e a curetagem não forem
feitas corretamente, o umbigo pode ficar aberto, suscetível à entrada de
micro-organismos que estão no ambiente e moscas que podem levar miíases
(afecções causadas pela presença de larvas), o que pode gerar infecções e
diversas complicações de saúde para o animal.
4. Dieta balanceada
Após o desmame, além do sal mineral, é necessário
iniciar o fornecimento da suplementação para que o bezerro consiga atingir todo
o seu potencial genético. É a nutrição adequada durante a fase de crescimento
que vai fazer com que o bezerro atinja, na vida adulta, a produtividade máxima
de leite. Quanto mais bem atendido em termos de suplementação nutricional, mais
protegido estará o animal. A dieta balanceada inclui a suplementação mineral e
vitamínica.
5. Calendário sanitário
Além das vacinas obrigatórias que podem evitar
doenças no rebanho — como raiva, brucelose e febre aftosa (em alguns estados) e
os imunizantes sugeridos, como manqueira, leptospirose, IBR e BVD também —, é
preciso ficar atento ao controle de endoparasitas e ectoparasitas no rebanho
bovino e fazer a vermifugação correta. Focar nesse planejamento garante um animal
saudável e, por consequência, o aumento na produtividade. A falta da vacinação
e a aplicação incorreta dos imunizantes podem provocar queda de produtividade e
disseminação de doenças no rebanho.
6. Pré-dipping
De extrema importância, o pré-dipping, procedimento
de desinfecção dos tetos, é obrigatório antes da ordenha. Ele é realizado por meio
da aplicação de um produto antisséptico, geralmente por imersão dos tetos, e
tem como objetivo reduzir a incidência de infecções intramamárias. O
procedimento auxilia também na redução de casos de mastite no rebanho. É
recomendável atenção a ações preventivas para o pré-dipping, como limpeza do
ambiente, utilização de luvas e manutenção contínua de equipamentos.
7. Ordenha
O processo para a ordenha também precisa ser o mais
higiênico possível — isso inclui cuidados com o ambiente, o rebanho e os equipamentos.
Para garantir que o leite esteja saudável, pode ser feito o teste da caneca de
fundo telado, que é a forma mais simples e eficaz para identificação de
anormalidades. O técnico ou produtor deve retirar os três primeiros jatos e
observar o aspecto do leite e, depois disso, seguir normalmente com a ordenha.
Esse procedimento vai impactar diretamente na contagem bacteriana total, o que
pode influenciar o valor da comercialização do leite.
8. Pós-dipping
O pós-dipping é uma técnica de manejo fundamental
após a ordenha, garantindo a saúde da glândula mamária e prevenindo doenças
como a mastite — inflamação que, se não controlada, pode resultar em grandes
prejuízos na produção. O processo consiste na imersão dos tetos em solução
desinfetante glicerinada, responsável pela proteção e vedação do esfíncter do
teto, impedindo o contágio dos micro-organismos causadores de doenças. Assim
como no pré-dipping, é importante manter o ambiente limpo, utilizar luvas para
o procedimento e fazer a manutenção contínua de equipamentos.
9. Alimentação depois da
ordenha
É muito importante fornecer alimento ao animal logo
após a ordenha, para garantir que ele fique em pé por mais tempo. A ação vai
reduzir a exposição do esfíncter do teto ainda aberto após a ordenha a agentes presentes
no solo.
10. Período de secagem
Após dez meses do fim da gestação, período em que a vaca continua produzindo leite, é necessário o período de secagem de 60 dias, intervalo em que ela deixa de ser ordenhada. Isso vai interferir diretamente na quantidade de leite que vai produzir na gestação seguinte. Nesse processo, o produtor pode ter dois aliados: o selante de teto, responsável por criar uma barreira contra a entrada de microrganismos causadores de mastite, e a bisnaga de mastite, antibiótico preventivo contra a doença.
VetBR
https://www.vetbr.com.br/conteudos-tecnicos/
Nenhum comentário:
Postar um comentário