Embalagens coloridas e marketing direcionado às crianças escondem alimentos com baixa qualidade nutricional
Você já parou para observar as embalagens de alimentos e bebidas voltados para crianças? São coloridas, repletas de personagens adoráveis e parecem verdadeiros convites para os pequenos. Essa estratégia de marketing cria a ilusão de que esses produtos são saudáveis. No entanto, por trás dessas embalagens, escondem-se alimentos que são verdadeiros vilões da saúde infantil. Estudos revelam que grande parte possuem poucos nutrientes e são ricos em calorias, açúcares e aditivos. A médica Lorena Balestra afirma que essa descoberta alarmante traz à tona a necessidade de uma mudança no panorama alimentar.
Um estudo publicado na revista PLOS One, analisou cerca de 6.000 produtos embalados para examinar o impacto das estratégias de marketing direcionadas às crianças e suas informações nutricionais. Os resultados são claros: alimentos e bebidas com apelos infantis contêm altos níveis de açúcares e menos nutrientes essenciais. "Infelizmente, esses produtos, promovidos para crianças, são prejudiciais à saúde e apresentam qualidade nutricional inferior", explica a Dra. Balestra.
Embora o estudo tenha sido conduzido no Canadá, esse é um problema global, e a Dra. Lorena destaca que as crianças são expostas a esses produtos de várias maneiras, incluindo nas mídias sociais, convívio com amigos e até mesmo na escola. “A promoção direcionada às crianças é uma estratégia poderosa para as empresas, pois as crianças tendem a se tornar adultos leais à marca", ressalta a profissional.
É crucial compreender o impacto dessa influência mercadológica na alimentação das crianças, pois os hábitos alimentares adquiridos durante a infância têm repercussões ao longo da vida. "Os alimentos consumidos nas fases iniciais afetam diretamente a forma como as pessoas se alimentam na vida adulta, os hábitos alimentares desenvolvidos nessa fase podem comprometer sua saúde no futuro", adverte a Dra. Balestra.
Mas ainda sim há medidas que podemos tomar em casa para
promover uma alimentação mais saudável. “Podemos começar cozinhando mais em
casa, permitindo um controle maior sobre a quantidade de gordura, açúcar e sal
presente nas refeições das crianças. Cozinhar e comer em família também traz
benefícios para a saúde mental e emocional”, afirma.
É importante ressaltar que introduzir hábitos alimentares
mais saudáveis nem sempre é um processo fácil, pois cada criança é única e suas
preferências podem variar. Nem todas estão dispostas a experimentar novos
alimentos ou aceitar mudanças de imediato. No entanto, é fundamental lembrar
que cada pequena mudança em direção a uma alimentação mais saudável faz
diferença. Ao persistir e oferecer boas opções de maneira criativa e gradual,
estamos proporcionando às crianças a oportunidade de descobrir novos sabores e
texturas. “É um processo contínuo de educação alimentar, no qual a paciência e
a persistência são essenciais. Cada pequena vitória, seja uma escolha mais
saudável em uma refeição ou o entusiasmo em experimentar um novo alimento, é um
passo importante na construção de uma base sólida para uma vida saudável”,
finaliza Lorena.
Dra. Lorena
Balestra - médica pós-graduada em nutrologia e endocrinologia. Em
2013 fez um workshop de biologia molecular na Michigan State University, em
Michigan.
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