Movimento pela Base lista principais pontos de atenção para escolas e secretarias na volta às aulas
Com
o impacto causado pela pandemia de Covid-19 na educação brasileira, os
estudantes retornam às aulas presenciais em 2023 com uma série de defasagens no
aprendizado. As perdas causadas pelo ensino a distância exigem que escolas e
secretarias de educação se adaptem e façam um planejamento específico para o
ano letivo presencial a fim de auxiliar na recuperação destas lacunas.
Adaptação
de currículos, suporte extra aos alunos e adoção de avaliações contínuas são
algumas das necessidades apontadas pelo Movimento pela Base, rede não
governamental e apartidária de pessoas e instituições que apoiam a construção e
implementação de qualidade da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e do Novo
Ensino Médio.
“O
fechamento das escolas na pandemia interrompeu a sequência de crescimento da
educação no Brasil, pois o ensino remoto não foi capaz de garantir as
aprendizagens prioritárias. Os alunos em etapa alfabetização exigem suporte
maior de escola e professores, por isso acabaram sendo os mais prejudicados”,
afirma João Paulo Cêpa, gerente de Articulação e Advocacy do Movimento pela
Base.
Os resultados
do último Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), divulgados
em 2022, mostraram como a Covid-19 impactou a educação brasileira. Nos últimos
dois anos, a aprendizagem de crianças e adolescentes em áreas como matemática e
língua portuguesa regrediu a patamares encontrados em 2015.
A
média em leitura e escrita para os alunos do 2º ano do ensino fundamental
despencou 24 pontos, indo de 750 em 2019 para 726 em 2021. Já no 9º ano, o
desempenho dos alunos em matemática voltou aos níveis de 2015, com a queda de
6,7 pontos”, explica
O
especialista listou cinco missões que as escolas precisam cumprir na volta às
aulas e durante o ano letivo de 2023 para que a recomposição das aprendizagens
seja realizada com sucesso.
1) Tempo de implementação
“O processo de recomposição
de aprendizagens durará, no mínimo, cinco anos. Não podemos pensar que ele se
encerrou em 2022. São muitas perdas apontadas pelo Sistema de Avaliação
Nacional. As secretarias e as escolas deveriam iniciar o ano trabalhando na
identificação das lacunas de aprendizagem dos estudantes”, afirma Cêpa.
2) Adaptação de currículos
“É preciso realizar
mudanças para atender as necessidades dos alunos. Precisamos entender quais são
as prioridades dos alunos. Há a possibilidade de termos alunos com defasagens
diferentes, o que impactaria na necessidade de fazer adaptações para englobar
isto. Depois, criar turmas de aceleração e de convergência de defasagens”,
aconselha o especialista.
3) Avaliação processual e contínua
Cêpa afirma que
escolas/secretarias devem fazer uma avaliação constante da recomposição de
aprendizagens porque é essencial entender se os alunos estão avançando de
acordo com a reposição. “Essas avaliações podem ser semanais, quinzenais,
mensais ou até bimestrais. O importante é não esperar o final do ano letivo
para ter um parecer, e sim ir acompanhando os resultados.”
4) Suporte extra a alunos
Nem sempre a escola
conseguirá trabalhar as defasagens no mesmo turno, explica o diretor. “Além da
carga horária normal, temos bons exemplos de cidades que oferecem ações de
reforço, aceleração e acompanhamento individualizado, seja no contraturno ou
com o uso de tecnologias variadas”, diz.
5) Composição no planejamento
“Não deveríamos pensar na
recomposição como um processo adicional do planejamento, seja das secretarias,
seja das escolas. É um processo que precisa estar no centro do planejamento dos
professores, ocupando o maior tempo pedagógico dos alunos. Sem recompor as
habilidades que são prioridades dos anos anteriores, o aluno não avança na
necessidade que deveria”, conclui Cêpa.
Movimento pela Base
Nenhum comentário:
Postar um comentário