A liderança feminina ainda é um tema pouco abordado no que diz respeito ao quanto as empresas estão contribuindo para o equilíbrio de mulheres na liderança. Ainda que enfrentem muitos obstáculos para chegarem à uma posição de chefia mais alta, assim como homens, pois competência independe de gênero.
Segundo estudo feito pela McKinsey, a qual realiza
há mais de cinco anos um diagnóstico sobre a situação das mulheres no mercado
em toda a América, os últimos resultados revelaram que, em geral, a cada 100
homens promovidos a gerentes, 86 mulheres alcançam essa posição. Isso significa
que um déficit é gerado mais à frente, com menos mulheres para, futuramente,
assumirem cargos mais altos.
Mas, o problema aqui não é ter mais homens na
liderança do que mulheres, e sim, ter homens menos qualificados em altos
cargos, apenas por serem homens, e ter mulheres altamente qualificadas sem
chegar nessas posições, por serem mulheres.
Contar com a diversidade de mulheres em cargos de
liderança traz vantagens para o desenvolvimento do negócio, para a equipe e
para a sociedade, por exemplo, líderes mulheres promovem o sentimento de identificação
em outras profissionais da organização ou de fora dela, mostrando que esse é um
caminho possível; solucionadoras holísticas de problemas, as mulheres assimilam
mais detalhes, com mais rapidez, são mais criativas e organizam essas
informações em padrões mais complexos.
Apesar de apresentarem diversas características
predominantes, que favorecem o universo corporativo para uma melhor
lucratividade, alguns fatos históricos e culturais impedem que elas cheguem com
mais rapidez no topo das empresas.
Conflito entre vida em casa e
no trabalho
De forma cultural, boa parte das funções com filhos
e com a casa são assumidas por nós e para superar todas as dificuldades, muitas
vezes as mulheres em cargos altos trabalham mais do que o normal e assumem mais
funções do que deveriam. E pode não parecer, mas são comuns os questionamentos
no trabalho sobre a performance das profissionais por conta da dupla
dedicação.
É importante lembrar que a vida é uma só, e dentro
dela temos casa, filhos, trabalho, yoga, cachorro, marido, entre outros.
Assumimos diversos papéis em uma única vida. E a necessidade de atingir metas
elevadas e se provar autossuficiente pode prejudicar a saúde mental, a
autoconfiança e a vida pessoal das profissionais, levando a transtornos e esgotamento.
Não é à toa que a Síndrome de Burnout tem relação direta com o ambiente de
trabalho, especialmente quando falamos das mulheres.
De acordo com a pesquisa realizada pela Great to
Place to Work, as mulheres que trabalham fora possuem 23% mais chances de
desenvolver burnout do que os homens na mesma situação. Isso acontece devido a
jornada estendida, que muitas vezes se posicionam para dar conta de tudo,
ficando ansiosas, pressionadas e sobrecarregadas. O famoso "deixa
comigo" ou "é tudo eu".
Para evitar o burnout, o ideal é que as empresas
mantenham o diálogo aberto com seus colaboradores, entendendo seus limites de
produtividade e como podem equalizar os benefícios às necessidades das equipes.
Uma boa pedida é contar com os benefícios flexíveis, que ajudam os
colaboradores a terem uma vida mais tranquila fora do trabalho, seja com
benefícios voltados para a mobilidade, saúde, auxílio home office e até mesmo
auxílio-creche.
Mas para além do papel das empresas, existe também
o nosso papel como líderes. Precisamos aprender a pedir ajuda, a ser vulnerável
e dividir a responsabilidade com o nosso time, marido, seja quem for. A chave
aqui também é entender o que é prioridade para termos uma rotina mais
equilibrada mesmo trabalhando muito, seja na empresa ou em casa.
Mulheres adultas não competem
com outras mulheres
Promover igualdade dentro das empresas não é tarefa
fácil, porém é necessário para que todos consigam melhores condições de
trabalho. E a relação com outras mulheres, como você já deve imaginar, é muito
importante para alcançar resultados.
Apenas nós, mulheres, conseguimos entender o que
passamos no mercado de trabalho. E justamente se colocar no lugar da outra e
apoiar mulheres que estão ao seu redor em qualquer situação, sem fazer
julgamentos, pode promover esse incentivo no mercado profissional, o que é
extremamente importante para que o trabalho inclusivo seja conquistado dentro
de uma empresa. Somente assim é possível criar uma nova realidade de respeito e
espaço para nós, mulheres.
A prática dentro das empresas é um pouco diferente.
É preciso que a mesma mude seus procedimentos e adote algumas atitudes, como:
posicionamento, dando importância a todas as mulheres, criação de grupos de
apoio para mulheres dentro de empresas e entendendo de fato todas as facetas
que existem no ato de ser mulher.
Com essas atitudes, é possível mudar a realidade da
sua empresa e criar um ambiente mais inclusivo e seguro para as mulheres. É
muito importante que o lado feminino do mercado se fortaleça e se torne uma
parcela ainda mais significativa de mão de obra.
O mercado de trabalho sempre foi desigual e, assim,
quando paramos para pensar a última vez que o Brasil esteve de boa? Faz muito
tempo. Sempre vão existir crises, problemas que podem tentar nos impedir de
seguir em frente. Mas espero que você use esses desafios para crescer e se
superar cada vez mais, lembrando que juntas, temos o poder de criar novas
realidades.
Débora Spada - cofundadora da Start
Empreendedor, edtech criada por empreendedores para empreendedores, com o propósito de
apoiar em todas as etapas da jornada de uma startup, da fase inicial a aqueles
que já estão prontos para escalar o seu negócio. Debby, como gosta de ser
chamada, tem como missão empoderar outras mulheres, incentivando-as para que
encontrem o seu poder dentro de si e sejam donas da própria vida. Reconhece e
fortalece o papel individual das mulheres na sociedade e trabalha para que
alcancem uma vida mais leve, independente e completa.
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