Quem nunca buscou o conforto do chocolate, o estímulo do café ou o poder relaxante de um chá de camomila? Esses comportamentos sintonizam-se com o conceito mood food ou alimentos de humor, que vem ganhando destaque na busca de compensações na alimentação para um estilo de vida agitado.
A dificuldade em expressar os próprios sentimentos pode
guiar para tal quadro, no qual a comida exerce o papel de calar as emoções.
Através da busca pelo prazer oral, seguido de preenchimento de um vazio
emocional, o alimento faz o papel de compensador emocional.
O imenso universo de percepções e sentimentos ainda é
pouco explorado, mas na última década, principalmente, o estudo das emoções e
do humor, associadas aos alimentos, vem ganhando força dentro do campo da
ciência sensorial. As pesquisas têm procurado entender e desvendar, com maior
profundidade, a influência das emoções evocadas pelos alimentos como
motivadoras para a escolha de alimentos.
Historicamente falando, as pessoas se alimentam pelas
mais diversas razões, que não apenas as necessidades biológicas. Por ser um
sinônimo de prazer e diversas outras sensações, comer guarda uma profunda
relação com a forma de se expressar. E, a partir dessa relação, o alimentar-se
não se restringe apenas a necessidades energéticas e nutricionais, mas abrange
ainda as necessidades afetivas que utilizam a comida como fonte de
compensação.
O médico nutrólogo Dr. Ronan Araujo comenta que essa
compensação alimentar em muitos casos pode acabar se agravando e desenvolvendo
um descontrole que passa a ser frequente e, em casos extremos, é ingerido mais
alimento do que o próprio corpo suporta. Pacientes compulsivos relatam a perda
de controle, dizem que repetem e repetem, sem conseguir parar. Muitos continuam
a comer até o estômago não suportar mais a quantidade de comida e, então,
vomitarem.
A forma como o paciente enxerga o próprio corpo, questões
emocionais como depressão, ansiedade e estresse e, ainda, fatores biológicos
como uma falha no hipotálamo (região do encéfalo que produz importantes
hormônios e também atua na regulação da temperatura, sede e apetite do
indivíduo), podem funcionar como “gatilhos” para que o paciente desenvolva o
transtorno de compulsão alimentar.
Alguns estudos relatam, ainda, que as dietas rígidas
podem ser agravantes do quadro, pois suas grandes restrições levam as pessoas a
terem impulsos para comer. Isso, por sua vez, pode levar à compulsão alimentar.
Para um tratamento eficaz, indica-se a busca por uma
equipe multidisciplinar: médico endocrinologista, nutrólogo, nutricionista,
psiquiatra e psicólogo, além de um local para realização de atividades
físicas.
Uma alimentação mais consciente e equilibrada ajuda na
tomada de decisão e principalmente no controle sobre nossas emoções. Deve-se
considerar que a alimentação é mais que um modo de absorção de nutrientes, pois
ela também é tradição, educação e fonte de prazer.
O médico Dr. Ronan Araujo cita alguns alimentos que
impactam positivamente nas emoções e irão te ajudar a ter uma melhor qualidade
alimentar, confira:
Estes carboidratos contêm mais nutrientes do que os carboidratos simples e, por
terem mais fibras, demoram mais a serem digeridos.
Eles também ajudam a estabilizar os níveis de açúcar no
sangue, o que pode ajudar no humor, já que a flutuação da glicose no sangue
pode levar a alterações bruscas e te deixar irritado e com pouca energia.
Alguns exemplos são semente de abóbora, maçã, grão-de-bico, morango e aveia.
Proteína magra:
A proteína é necessária para ter níveis de energia
saudáveis. Ela demora mais do que o carboidrato para ser digerida, mantendo o
nível de açúcar do sangue equilibrado e fornecendo energia por mais
tempo.
Ela também afeta os hormônios que controlam a saciedade,
então, quando você se alimenta com o suficiente, não ficará irritado por sentir
fome.
Uma boa aposta desses alimentos é o ovo, fonte de tiamina
e a niacina (do complexo B), responsáveis por aumentar o bom humor. Além de
salmão, lentilha, frango e carnes magras (com menos gorduras e colesterol).
Gordura saudável:
O ômega 3 faz parte das membranas das células,
principalmente do cérebro. Por isso, alimentar-se de salmão e sardinha pode
ajudar a melhorar o humor.
Além do ômega 3, as gorduras não saturadas presentes em
abacates, azeitonas e castanhas podem ajudar com inflamações e na diminuição da
pressão arterial, o que é importante para a saúde do cérebro.
Comer gordura saudável também auxilia a manter a
imunidade alta. Alimentos como o abacate, sardinha, azeitonas, tofu e chocolate
amargo.
- Castanhas-do-pará, nozes e amêndoas: são fontes de
selênio, um antioxidante, que colabora na redução dos sintomas da depressão;
- Iogurte: é uma fonte de cálcio, que ajuda a diminuir a
irritabilidade;
- Maçã e laranja: as duas frutas são ricas em ácido
fólico, sendo importante para controle da depressão. Além disso, a laranja é
fonte de vitamina C, responsável por melhorar o funcionamento do sistema
nervoso, diminuindo a fadiga e o estresse;
- Melancia, limão, mamão e mexerica: possuem o precursor
da serotonina, o triptofano, que regula o humor;
- Banana e abacate: têm carboidrato, magnésio, potássio e
vitamina B6, que produzem energia e diminuem a ansiedade. A banana é uma
excelente fonte de triptofano, um aminoácido essencial, cuja principal função é
anteceder o neurotransmissor serotonina. A serotonina desempenha papel
importante no sistema nervoso, responsável pela regulação da gênese da fadiga
(sono), temperatura corporal, apetite, humor, atividade motora e funções
cognitivas.
Além do acompanhamento profissional, e mesmo que aos
poucos, a mudança do estilo de vida que segue. “É importante praticar exercício
físico, ter um bom convívio social, implementar a qualidade de vida, regular o
sono, trabalhar a autoestima e o autoconhecimento para, sobretudo, compreender
que existem outras formas de contentamento além da alimentação.” finaliza o Dr.
Ronan Araujo.
Dr. Ronan Araujo - formado em medicina pela
Universidade Cidade de São Paulo, médico especializado em nutrologia pela ABRAN
(Associação Brasileira de Nutrologia). Com foco em causar impacto e mudar a
vida das pessoas através de sua profissão, ele também se tornou membro da ABESO
(Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), que o
leva a ser atualmente um dos médicos que mais conhece e entrega resultados
quando falamos sobre emagrecimento e reposição hormonal.


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