Regiane Ribeiro,
professora de Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul, diz que atualmente há
mais mortes por autocídio do que por doenças como HIV, malária, câncer de mama
e homicídios
O Setembro Amarelo é marcado pela prevenção ao Suicídio,
porém, os cuidados com a saúde mental devem ser levados a sério todos os meses
e dias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100
mortes no mundo é por suicídio.
A Profa. Dra. Regiane Ribeiro de Aquino
Serralheiro, do curso de Psicologia da Universidade Cruzeiro
do Sul, aponta com base em dados da OMS que o ato de tirar a própria vida causa
mais mortes do que o câncer de mama, malária e HIV, ou guerras e homicídios.
Por isso, a importância de levantar o debate sobre os cuidados com a saúde
mental.
“Diante dos tabus, por muito tempo se evitou falar
de suicídio, já que muitas pessoas acreditam que quando se fala dele os
indivíduos estão sendo incentivados a praticarem a ação. E falar sobre o tema,
é justamente discorrer aquilo que nos possibilita dar sentido, para que
possamos salvar vidas e principalmente oferecer acolhimento e ajuda para quem
está sofrendo”, salienta Regiane.
A psicóloga explica que o suicídio é um ato
intencional, mas não é fenômeno simples, e sim muito complexo e multifatorial,
presente em todas as culturas, ou seja, são vários elementos relacionados que
levam alguém a pensar ou cogitar a tirar a própria vida.
Estima-se que no planeta haja cerca de 800 mil
mortes, e a cada 40 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. Já no
Brasil, de acordo com a OMS, temos um caso a cada 45 minutos. “A taxa entre
jovens têm crescido bastante, o que causa uma grande preocupação, inclusive,
entre crianças a partir de 10 anos, e infelizmente nosso país ocupa o oitavo
lugar no ranking mundial de causas de suicídio, o que é bastante preocupante”,
afirma.
“É muito difícil para nós enquanto indivíduos reconhecer
que pessoas que amamos muito estão planejando tirar a própria vida, embora
saibamos que em muitos casos de suicídio não conseguimos identificar as
primeiras causas para ajudarmos os outros. Nesse cenário, se faz cada vez mais
importante controlar os riscos e restringir os acessos aos meios letais, como
armas de fogo e substâncias tóxicas, por meio das estatísticas”, comenta.
Algumas questões sociais como desemprego, crise
econômica e a pandemia contribuíram para o aumento de suicídios, já que, segundo
a OMS, comportamentos suicidas cresceram em até 25% no mundo todo, desde a
chegada do novo coronavírus.
Além da prevenção, uma das formas que podem
identificar as causas do suicídio é a Posvenção, realizada com pessoas que
tentaram se matar e familiares das vítimas. “Uma morte por suicídio acaba
atingindo muitas pessoas, então precisamos cuidar daqueles que perderam alguém
por suicídio, resultando no apoio aos enlutados. Nem todo mundo que passa por
um processo de luto precisa de ajuda especializada, mas muitos podem precisar,
por isso é necessário que agentes de saúde, conselhos tutelares, professores e
empresas consigam identificar fatores que possam levar ao suicídio”,
esclarece.
Por fim, Aquino ressalta que: “caso você conheça
alguém que precise de apoio emocional, indique o Centro de Valorização à Vida
(CVV), eles possuem voluntários que podem acolher, ouvir e dar sentido à vida,
o atendimento é feito pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia. Temos
também na Universidade Cruzeiro do Sul, no curso de Psicologia, os
serviços-escola, que oferecem atendimento psicológico gratuito, além de alguns
projetos de acolhimento, rodas de conversas e outras atividades”, finaliza.
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