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feriados e desfiles de carnaval, setor faturou R$ 15,3 bilhões em abril
O turismo brasileiro faturou R$ 15,3 bilhões, em abril, e cresceu 47,7% em
relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do levantamento do
Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP), que também indicam alta, no acumulado no
ano, de 32,2%. Contudo, na comparação com abril de 2019, o setor apresentou
queda (-7,5%). Os feriados de Sexta-feira Santa, Tiradentes e os desfiles de
carnaval, contribuíram para o avanço significativo no quarto mês do ano.
A variação de abril demonstra uma sólida recuperação do turismo no Brasil. No
mesmo período do ano passado, o setor cresceu 36%. Desta forma, a alta não é
resultado de uma base fragilizada de comparação, em razão dos efeitos da
pandemia, mas um indicativo real de melhora nas perspectivas do turismo
nacional. Dentre as atividades avaliadas pela pesquisa, o maior crescimento foi
observado no transporte aéreo, com elevação de 159,7% na comparação anual. O faturamento
foi de R$ 4,6 bilhões. Com isso, voltou ao nível que faturava em abril de 2019
(já com o valor corrigido pela inflação).
Vários fatores explicam o resultado do transporte aéreo. O primeiro é que as
empresas estão ampliando a malha aérea com novas rotas, e a demanda (ainda que
menor do que a observada antes da pandemia) tem acompanhado este movimento,
mantendo elevada a taxa de ocupação dos assentos. O segundo motivo é o aumento
das passagens, que sofre influência da alta do querosene de aviação. Desta
forma, além da recuperação do mercado no pós-pandemia, o que influenciou o
segmento foi, sem dúvida, os preços elevados dos bilhetes.
Os serviços de alojamento e alimentação apresentaram o segundo maior
crescimento, com alta de 56,1%, obtendo R$ 4,5 bilhões (na comparação com o
período pré-pandemia, seguiu inferior, em 12,9%). A maior movimentação de
turistas pelo País devido aos feriados foi fundamental para esse resultado,
pois, elevou a taxa de ocupação dos hotéis (inclusive superando o patamar de
2019) e, evidentemente, gerou mais gastos em bares e restaurantes.
O levantamento também demonstra que as atividades culturais, recreativas e
esportivas obtiveram alta significativa no quarto mês do ano (21,7%). No
entanto, o valor de R$ 1,1 bilhão está longe de se aproximar do período
anterior à pandemia: na comparação com abril de 2019, houve queda de 24,2%. O
desafio do grupo é a inflação, que, acima da média geral, limita a atratividade
dos consumidores.
Outra atividade que apontou alta em abril, o transporte terrestre – que inclui
os ônibus intermunicipal, interestadual e internacional, além de trens
turísticos – apontou avanço de 10,9%. O segmento faturou R$ 2,6 bilhões e
superou em 1,9% o nível pré-pandemia. Diante do aumento expressivo dos preços
das passagens aéreas, é possível que, ao longo do ano, os ônibus se tornem uma
alternativa para turistas que queiram manter a programação de lazer, com
viagens de curta e média distâncias, sem prejudicar o orçamento da família.
Por fim, as locadoras de veículos, agências e operadoras de turismo avançaram
2,5%, faturando R$ 2,5 milhões. Ao contrário das passagens aéreas, as tarifas
de locação de veículos estão em queda nos últimos meses, o que contribuiu para
o desempenho relativamente menor. O transporte aquaviário foi o único segmento
a apresentar queda no mês (-2,3%), obtendo R$ 42,3 milhões (o menor entre as
atividades). Entretanto, com grande evolução durante a pandemia, o atual
patamar foi superior em 27,3% ao de abril de 2019.
Inflação no setor
Os resultados de abril mostram um contexto bastante positivo para o turismo,
que se beneficiou dos feriados e da retomada pós-pandemia. No entanto, os custos
altos continuam sendo um desafio para os resultados financeiros das empresas,
pois dificultam a maior rentabilidade nos negócios e não deixam alternativa que
não o repasse aos consumidores. Se a inflação no setor continuar elevada, pode
comprometer o desempenho no segundo semestre, diminuindo a magnitude de
expansão, ainda que a perspectiva seja de crescimento.
Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, afirma que
é importante ter em mente que os gastos com turismo são discricionários tanto
para as empresas quanto para as famílias, e um dos efeitos do aumento constante
de preços é a modificação e/ou cancelamento deste tipo de despesa.
Na avaliação de Mariana, acompanhar os sinais da economia para o próximo
semestre é crucial para a preservação de empregos e empresas do setor.
Nota metodológica
O estudo é baseado nas informações da Pesquisa Anual de Serviços e dados
atualizados com as variações da Pesquisa Mensal de Serviços, ambas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números são atualizados
mensalmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e foram
escolhidas as atividades que têm relação total ou parcial com o turismo. Para
as atividades que têm relação parcial, foram utilizados dados de emprego ou de
entidades específicas para realizar uma aproximação da participação do turismo
no total.
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