André Freitas, autor de Geografia, professor e gerente de projetos pedagógicos do Sistema pH, indica longas que retratam o país em diferentes épocas e contextos para contribuir ao repertório sociocultural de estudantes
No
dia 19 de junho comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro. A data foi escolhida em
homenagem ao dia em que o primeiro cinegrafista e diretor do país, o
ítalo-brasileiro Afonso Segreto, registrou as
primeiras imagens em movimento no território brasileiro, em 1898. Desde então,
as produções nacionais vêm se enriquecendo, graças às contribuições de
importantes profissionais da área, como Glauber Rocha, Walter Salles, Luiz
Carlos Barreto, Eduardo Coutinho, Helena Solberg, Fernando Meirelles, Tata
Amaral, Anna Mulayaert, Kleber Mendonça Filho, entre outros.
A
memória cinematográfica brasileira é um retrato da história do nosso país. As
telonas refletem, desde a primeira produção, os avanços tecnológicos, o
contexto social e político, o imaginário popular e a rica e diversa cultura que
abrange o Brasil. Como a lista é bastante ampla, André Freitas,
autor do material de geografia, professor e gerente de projetos
pedagógicos do Sistema de Ensino pH, selecionou seis filmes
para ajudar os estudantes a se inteirarem de algumas obras nacionais, e, de
quebra, aumentar o seu repertório cultural para os vestibulares. Confira
abaixo:
1. O
ano que meus pais saíram de férias
O
ano que meus pais saíram de férias se passa em 1970, sob o contexto da
Copa do Mundo e da ditadura militar (1964-1989). “O filme faz uma ligação com a
Copa de 1970, com a forma como os eventos esportivos acabavam sendo apropriados
pelo Estado ou por Governos para promover ou para mascarar determinadas
políticas e a repressão da época”, explica Freitas. A obra é um retrato daquele
período e mostra o olhar de um garoto de 12 anos sobre questões ligadas ao
movimento de resistência à ditadura e aos militantes de esquerda.
2. AmarElo
– Tudo é para ontem
O
documentário de 2019 do Emicida, AmarElo – Tudo é para ontem, aborda,
sobretudo, a questão do negro dentro da sociedade brasileira, resgatando desde
a escravidão, o histórico do trabalho em São Paulo e a questão imigratória.
“Ele também passa por temas ligados à geografia, como a gentrifição, fala sobre
periferia e entra muito na questão da cultura do Hip Hop. Então, aqui você tem
uma questão que pode entrar para história, geografia, até para área de
linguagens, devido à quantidade de temáticas abordadas”, sugere o autor.
3. Sob
a pata do boi
O
documentário Sob a pata do boi fala sobre o agronegócio no país e o
conflito causado pelo avanço da pecuária sobre a área verde. “O filme levanta
questões acerca da bandeira econômica do Brasil e até mesmo cultural na
Amazônia, do papel dos grandes frigoríficos e das grandes fazendas no processo
de desmatamento. Então, é um documentário importante para gerar debates sobre
um tema tão em alta, que é o desenvolvimento sustentável.”
4. Vidas
Secas (1963)
Dirigido
por Nelson Pereira dos Santos, um dos precursores do Cinema Novo, Vidas Secas
tem o roteiro baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos. Ele
retrata uma família que, pressionada pela seca, atravessa o sertão em busca de
meios para sobreviver. “Mesmo tendo sido escrito há muito tempo, não deixa de
ser atual, o livro, inclusive, é um dos mais cobrados nos exames de
vestibulares – mais um motivo para assisti-lo, além do fato de ele ter ficado
na 3ª posição na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema
dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos”, ressalta Freitas.
5. Central
do Brasil (1998)
O
filme Central do Brasil, dirigido por Walter Salles, é estrelado
por Vinicius de Oliveira, ao lado de ninguém menos que Fernanda Montenegro, em
1998. A história gira em torno de uma professora aposentada que trabalha como
escritora de cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil, e
que ajuda Josué, um garoto cuja mãe morreu atropelada por um ônibus, a
encontrar seu pai no Nordeste. “Essa procura pode ser interpretada como a
procura de um outro Brasil, um Brasil novo, diferente daquele de 1998, que
estava quebrado e estagnado economicamente. É um filme que retrata situações e
pessoas comuns, sem recursos financeiros, que se deslocam no mundo movidas por
tensões e que tentam resolver seus conflitos.” O autor ainda reforça que o
início do filme mostra a situação de um país com uma educação desigual, sendo
que, quase 25 anos após o seu lançamento, o Brasil ainda registra 11 milhões de
analfabetos de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad)
Contínua de 2019.
6. Que
Horas Ela Volta (2015)
Que horas ela volta
é um filme escrito e dirigido por Anna Muylaert. Ele retrata os atritos que
acontecem entre Val, uma empregada doméstica, e seus patrões de classe média
alta. “O filme explicita a relação patrão-empregado e a hierarquia que existe
entorno. Val é aquela típica empregada doméstica que trabalha anos em uma mesma
casa, é como se fosse da família, mas que raramente se senta à mesma mesa que
os patrões. É a filha, inclusive, que, ao passar um tempo com a mãe na casa dos
patrões, traz à tona diferenças sociais que até então eram veladas. O filme,
portanto, é uma crítica às desigualdades da sociedade brasileira”, conclui
André.
Sistema
de Ensino pH
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