A realidade que esperávamos no futuro já é presente em
instituições de ensino de todo o país, desde a educação básica, até o ensino
superior. As aulas mediadas por tecnologia foram aceleradas, principalmente,
pelo surgimento da pandemia de COVID-19, que exigiu mudanças drásticas na
maneira como a educação é vista no Brasil. No entanto, muito além das aulas
remotas e ferramentas de ensino à distância, é necessário entender e
desenvolver uma narrativa que demonstre o cenário tecnológico nas instituições
de ensino superior (IES), como elas afetam a jornada do aluno e traçar um
panorama para o futuro --, que está mais próximo do que podemos imaginar.
De acordo com dados do portal “Coronavírus”,
desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), em março de 2021, um dos
momentos mais delicados da pandemia, quase 93% das universidades federais do
Brasil utilizaram ferramentas tecnológicas para mediar as aulas. Destes, 78% de
forma totalmente remota e menos de 15% de forma híbrida. Quanto aos Institutos
Federais, 100% deles atuaram de forma remota, por meio de tecnologias, neste
mesmo período.
Com o desenvolvimento, quase obrigatório, das universidades com
relação às tecnologias de ensino à distância, novos modelos de ensino surgiram,
alinhando a demanda e o interesse dos alunos às vantagens resultantes para as
instituições. Antes desse período, os modelos oferecidos eram majoritariamente
o presencial e o EAD (ensino à distância). Com estas mudanças, algumas
instituições passaram a oferecer além do presencial, o remoto gravado (em que a
interação com o professor é menor), o híbrido (uma mescla entre presencial e
remoto) e o remoto online (aulas ao vivo com interação constante com os
professores).
Com a alta taxa de desemprego e as dificuldades enfrentadas pelos
estudantes, o ticket médio em IES privadas apresentou processo de redução. A
oferta de modelos com valores adequados à realidade dos alunos é uma
possibilidade de apoio à captação e retenção destes estudantes. Uma das
questões que entra em cheque, no entanto, é o desenvolvimento e a evolução de
sistemas de informação adequados aos novos desafios e a todos os pontos de
contato da jornada dos alunos, a partir desta diversificação de canais de ensino.
Maturidade tecnológica das instituições de
ensino superior
Na era dos dados, a implementação de sistemas de informações
sólidos e que contemplem integralmente a jornada do aluno tornam-se cada vez
mais importante para acompanhar a evolução e o desenvolvimento do setor. A
utilização de sistemas de Business
Intelligence (BI), por exemplo, possibilita a compreensão das operações de
ensino em todas as etapas de interação do aluno, projetando indicadores que
facilitam a análise da jornada em diferentes ângulos, visões e processos.
Os insights obtidos a partir destas ferramentas projetam
benefícios diretamente ao aluno, como o aperfeiçoamento e a personalização do
ensino de acordo com as necessidades de cada estudante. As instituições, por
outro lado, podem ser beneficiadas com a mitigação de riscos relacionados,
principalmente, ao setor financeiro e a evasão intrasemestral ou desistência
intersemestral, a partir de predições assertivas extraídas de dados
estruturados.
Para isso, no entanto, é preciso amplificar a maturidade
tecnológica das instituições. Embora algumas barreiras tenham sido quebradas a
partir da pandemia, outras se mantêm tão rígidas quanto antes, o que precisa
ser alterado para que as instituições consigam acompanhar o ritmo acelerado de
inovações e adoção de tecnologias que contribuam para o avanço das IES neste
mercado.
Futuro tecnológico na educação universitária
A soma dos fatores elencados acima é um dos principais
responsáveis pela escalada tecnológica na educação. No entanto, outros agentes
desempenham papel fundamental nessa ascensão, como as Edtechs (startups do
segmento de educação), por exemplo.
Segundo um levantamento realizado pelo CIEB (Centro de Inovação
para a Educação Brasileira) e pela Abstartup (Associação Brasileira de Startups
do Brasil), o país já soma 566 startups de educação, um aumento de 26% em dois
anos. Com a transformação digital do ensino, ferramentas e serviços oferecidos
por estas Edtechs têm despertado o interesse de escolas, professores, alunos e
também de investidores, e já demonstram o que se pode esperar para o futuro da
educação.
A ampliação de startups neste setor e o crescimento de soluções
inovadoras, alinhadas à chegada da geração de nativos digitais às universidades,
ajudam a trazer mais dinamismo ao processo de ensino-aprendizagem e a motivar
os alunos a aprender. Entre essas soluções, está a gamificação, cuja ideia é
utilizar técnicas de jogos em diferentes situações, com objetivo de aumentar o
interesse dos alunos e a absorção do conteúdo transmitido.
Outro modelo tecnológico que se destacou rapidamente nos últimos
meses foi o Metaverso, entendido atualmente como um ambiente virtual imersivo,
coletivo e hiper-realista, onde as pessoas podem conviver usando avatares
customizados em 3D. Em outras palavras, é uma continuidade do mundo físico, com
senso de presença individual, como identidade, histórias, direitos, objetos,
comunicações e pagamentos.
A união do conceito de gamificação à esta rápida ascensão do
Metaverso nos mais diferentes segmentos abre inúmeras oportunidades de inovação
nas formas de ensino, corroborando para o dinamismo das aulas e para a melhora
da performance e absorção de conteúdos.
A inclusão do Metaverso no ambiente universitário pode parecer algo
que não tenha correlação, porém imagine uma aula de história sobre a segunda
guerra mundial. Com a tecnologia e as ferramentas imersivas disponibilizadas, o
estudante pode ser inserido digitalmente neste ambiente, a partir de elementos
e mídias que remetam e o coloquem dentro de determinados cenários com
vivenciamento hiper-realista e com a troca de experiências com outros alunos e
professores, qualificando, cada vez mais, o processo de aprendizagem.
O cenário esperado para o futuro, em muitos aspectos, ainda é
incerto e este é apenas um dos exemplos de como a tecnologia e o Metaverso
podem impactar no futuro do ensino. Entretanto, as mudanças já começaram e as
possibilidades se multiplicam a cada dia. Desta forma, as instituições precisam
se adaptar rapidamente para esta nova realidade, desde a estruturação das áreas
de TI, implementação de sistemas de informação bem estruturados, até a
adequação das ofertas de ensino e soluções digitais aderentes ao
desenvolvimento tecnológico.
Evandro Abreu - Diretor Executivo da Provider IT, uma das principais consultorias e
provedoras de serviços de TI do país.
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