A data de 2 de abril é marcada como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Mais do que uma efeméride, a data é um convite para a reflexão sobre como a sociedade enxerga esse público, como deve combater o preconceito e promover de fato uma inclusão integral e verdadeira, isso sob os aspectos sociais e também no mercado de trabalho.
“Esse é um desafio grande e o caminho para vencê-lo passa fundamentalmente pelo acesso à informação de qualidade sobre o autismo. Somente com conhecimento é que será possível diminuir de forma significativa o estigma e o preconceito e facilitar a inclusão verdadeira das pessoas com Transtornos do Espectro Autista (TEA) na sociedade e no mercado de trabalho”, destaca Daniela Bordini, psiquiatra da infância, adolescência e vida adulta e coordenadora do ambulatório de autismo TEAMM da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para Daniela, ao conhecer as dificuldades desse público, gestores e colegas de trabalho se tornam mais compreensivos e colaborativos em relação aos maiores desafios daquela pessoa e podem fazer ajustes necessários para melhor execução ou desempenho ocupacional. “Ao tomar conhecimento de suas habilidades, essas pessoas podem ser direcionadas para áreas e funções específicas e que certamente poderão desempenhar de maneira muito eficiente e muitas vezes acima da média de pessoas neurotípicas”, diz Daniela.
De acordo com a coordenadora do ambulatório de autismo da Unifesp, a inserção no mercado de trabalho é um fator essencial para que pessoas com TEA “tenham ampliada a qualidade de vida e satisfação pessoal, diminuindo assim as taxas de depressão, ansiedade e ideação suicida tão frequentes nessa população”.
Para que a inserção aconteça de maneira saudável para todos, novamente o conhecimento é o cuidado primordial. “Como existe uma diversidade de fatores pessoais já descritos na literatura, é preciso que o gestor compreenda as características comportamentais da pessoa, suas limitações assim como suas habilidades, de modo a inseri-la em tarefas que estejam alinhadas com esses pontos. Esse tipo de conhecimento exige preparo também do gestor contratante e, com ele, é possível vencer uma importante barreira na inserção da pessoa com TEA no mercado de trabalho”, explica Daniela. Um bom profissional de apoio, treinado, que faça a mediação entre esse profissional e a equipe pode ajudar em muito no processo de inclusão.
No ambiente profissional
Daniela
Bordini lembra que o processo de inclusão é algo contínuo e sem prazo fixo de
conclusão, “o que significa que a empresa deve realizar ações constantes para
que tanto a pessoa contratada quanto outras pessoas ao redor se sintam bem e
confortáveis, com ambos aprendendo a se relacionarem, incluindo as formas mais
eficazes de comunicação. E claro, sempre valorizando as habilidades, as
necessidades específicas e respeitando as limitações”, conclui.
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