Mestre em
Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia, Adriana Drulla destaca
quais são as conexões fundamentais para uma vida com sentido
Quem nunca se sentiu desconectado em algum momento
da vida? O trabalho que perdeu o brilho, os relacionamentos que parecem
superficiais e as escolhas passadas que já não fazem mais sentido. As
denominadas “crises existenciais” são bastante comuns e afetam boa parte da
sociedade.
É como perder a conexão consigo mesmo, com o outro
e com o mundo, resultando em muita inquietação e angústia. Mas, segundo Adriana
Drulla, mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia, se
existe uma lição útil na psicologia é que todas as emoções, por mais
desconfortáveis que sejam, são valiosas. “As emoções são importantes fontes de
informação e, mesmo negativas, elas sinalizam o que precisa da sua atenção”,
destaca.
Vale pontuar que não existe uma receita única para
uma vida com sentido. O que motiva e traz realização para uma pessoa, não é o
que motiva e traz realização para a outra. No entanto, por mais que o objeto
que dê sentido à vida das pessoas seja diferente, todos encontram sentido
preenchendo necessidades básicas de conexão. “Ou seja, a crise existencial
sinaliza que precisamos nos reconectar”, completa Adriana, apresentando quatro
tipos de conexão importantes para uma vida com sentido.
1) Conexão consigo: autoconhecimento
Se o desejo é construir um maior senso de coerência
e identidade, é preciso entender onde se encaixa cada peça da nossa história.
Isso significa refletir e processar inclusive aquilo que preferimos esquecer.
Por exemplo, um divórcio, por mais trágico que seja, pode trazer como
consequência a valorização da família. ”Ao nos conectarmos com a nossa
história, temos mais clareza sobre nossos valores. E valores são uma bússola
eficiente para guiar os nossos passos em direção a uma vida com sentido”, destaca
Adriana.
E se você deseja uma ferramenta para conectar-se
com a sua história, experimente contar sobre ela. Por exemplo, você pode fazer
isto na psicoterapia ou até mesmo na escrita. Além de um maior entendimento
sobre si, escrever reduz o impacto negativo destes eventos sobre os seus
pensamentos e emoções.
2) Conexão com o outro: vínculos autênticos
A cultura do cancelamento deixa claro que, para
sermos aceitos, é comum reprimir aquilo que pensamos e sentimos. Podemos
inclusive assumir objetivos e metas por conta do valor que eles têm para a
sociedade, amigos ou família. Mas se você se relacionar com o mundo a partir de
uma imagem ou escolhas que não condizem com quem você é, você vai se sentir
desconectado.
“Isto revela que relacionamentos superficiais não
suprem nossa necessidade de conexão. Precisamos de vínculos profundos. Sentimos
profundamente conectados a alguém quando essa pessoa conhece nosso íntimo e nos
aceita como somos – defeitos inclusos. Precisamos de amor e relacionamentos de
cuidado mútuo. Quando nos sentimos valorizados pelo que somos, e
verdadeiramente importantes, a vida tem mais significado”, completa a
especialista.
3) Conexão com o mundo: propósito
O propósito nos permite sentir que fazemos a
diferença. Em outras palavras, sentimos que somos importantes para o mundo. E,
por mais que a palavra propósito seja usada em associação com causas
grandiosas, ele não é um luxo disponível apenas para os que podem largar o
emprego ou investir horas sem fim em uma causa.
“Propósito é sobre usar as suas habilidades para
adicionar valor para o mundo. Ou seja, você pode encontrar mais propósito
ajudando o morador de rua que está na frente da sua casa, ajudando uma creche
ou abrigo de animais, fazendo uma campanha em benefício de algo que você se
importe, ou ainda na criação de seus filhos”, explica Adriana. Se entendermos
propósito como um conjunto de ações que podem ser simples em prol das outras
pessoas, fica mais fácil incorporar mais propósito em nossas vidas.
4) Conexão com algo maior: transcendência
Uma quarta forma de encontrar mais sentido é
conectando-se com algo maior. Uma pessoa transcende a realidade cotidiana,
composta por boletos e obrigações, quando se permite conectar com o mistério da
vida. Para alguns, isso pode acontecer observando os espetáculos da natureza,
para outros em meditação, oração ou até em um ritual ou experiência
religiosa.
“É quando nos vemos pequenos, porém conectados, com
algo grandioso e que vai além da nossa experiência imediata. Nos momentos de
transcendência nós não recebemos uma resposta verbal sobre o sentido da vida,
mas vivenciamos essa resposta com os sentidos. É como se a resposta estivesse
diante de nós. É como se, de alguma forma, entendêssemos que somos parte dessa
resposta”, finaliza.
Por fim, entrevistando pessoas realizadas,
pesquisadores descobriram que é a pluralidade de fontes que traz um sentido
global para a vida. Por exemplo, enquanto a família ou os amigos podem suprir a
necessidade de vínculos autênticos, um projeto pode trazer propósito. Por isso,
é possível que o significado da vida esteja na capacidade de encontrar valor em
cada papel que desempenhamos. Talvez a satisfação da sede por significado
esteja em diversos copos meio cheios.
https://www.instagram.com/adrianadrulla/?hl=pt-br
Nenhum comentário:
Postar um comentário