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quarta-feira, 16 de março de 2022

Por que os bebês trocam a noite pelo dia?

Especialista em sono parceira de Philips Avent explica os principais tabus e dá dicas para alcançar qualidade na rotina de sono


Os primeiros meses de vida de um bebê são repletos de descobrimentos, tanto para a criança quanto para os familiares. A hora da amamentação, do banho e das trocas de fraldas, por exemplo, são momentos que podem gerar muitas dúvidas e medos. Entretanto, a rotina de sono da criança é um dos comportamentos que mais intrigam os pais. 

Segundo a especialista em sono parceira da Philips Avent, Danielle Cogo, o sono é fundamental para o bebê. “Durante o sono secretamos muitos hormônios importantes, como a Leptina, responsável pela saciedade, e a Grelina, pela fome. Em alguns casos, a não sincronização desses hormônios pode causar obesidade infantil. Durante o sono, também consolidamos memórias, ação que é muito importante para as crianças que estão em fase de desenvolvimento constante”, ressalta. 

A falta de uma boa higiene de sono e rotina pode desencadear, principalmente, distúrbios de sono na vida adulta. “O sono não é luxo, é uma necessidade vital muito importante para regeneração das células do nosso corpo, além de ser responsável por auxiliar em nossa saúde mental”, acrescenta a especialista. 

A melatonina é o neuro-hormônio ligado à regulação do sono. Ela é produzida pela glândula pineal, localizada no centro do cérebro atrás dos olhos, onde participa da organização dos ritmos biológicos, atuando na resposta do organismo em relação às mudanças do ambiente, como o ciclo dia e noite ou claro e escuro. Nos bebês, essa glândula pineal não é bem desenvolvida e, por isso, sua melatonina é produzida de forma muito irregular, o que acaba tornando o seu sono imprevisível”, complementa Danielle. 

O fato do bebê nascer com essa melatonina de forma irregular faz com que ele passe a trocar a noite pelo dia com mais facilidade, porém esse não é o único fator. Danielle Cogo destaca que o ambiente de sono atrelado a hábitos inadequados podem também contribuir para que esse cenário aconteça. “Mostrar ao bebê por meio do ambiente, hábitos e rotina o que é dia e o que é noite, contribui para que o relógio biológico da criança entenda a diferença e fique sincronizado com o horário correto”, pontua. 

De acordo com a especialista, o ápice da produção da melatonina ocorre no início da adolescência. Já entre os trinta e quarenta anos os níveis vão diminuindo. Ao chegar à terceira idade, por exemplo, a melatonina é encontrada em seu nível mais baixo no organismo, o que pode estar relacionado a dificuldade em adormecer aferida por grande parte deste grupo. 

Nos bebês, a produção de melatonina passa a ser mais regular após os 3 meses completos. Caso a criança continue trocando a noite pelo dia após essa fase é preciso fazer uma avaliação no ambiente de sono, rever os hábitos e a rotina antes do descanso, para avaliar se é necessário ou não realizar alguns ajustes neste processo”, alerta Danielle. 

A especialista destaca, ainda, que as famílias precisam entender que o bebê não deve entrar na rotina do adulto, assim como o adulto não deve entrar na rotina do bebê. Cada um tem necessidades diferenciadas e isso precisa ser respeitado. 

Para que se tenha o desenvolvimento do sono diurno de qualidade, um bebê de 2 ou 3 meses deve tirar entre 3 e 4 sonecas diárias. Já um adulto não precisa dessa quantidade de repouso. São ciclos completamente diferentes. Com as crianças, é preciso manter uma rotina de sono diário, com horário para dormir, acordar e se alimentar. Os adultos também devem fazer o possível para ter horários fixos para essas necessidades, que são vitais no dia a dia”, comenta.

 

Trocar a noite pelo dia pode prejudicar a saúde do bebê? 

Danielle Cogo destaca que a troca da noite pelo dia pode ser prejudicial para a mãe e bebê. “Nada substitui o sono noturno. Há quem se engane achando que tudo bem não dormir a noite e que de dia irá dormir e recuperar o sono perdido. Porém, mesmo dormindo boas horas de sono, existem descargas hormonais que acontecem de forma mais efetiva durante o descanso noturno. Desta forma, trocar a noite pelo dia não é uma prática saudável”, alerta.  

Existem maneiras eficientes de conseguir ajustar a rotina de sono do bebê. Porém não existe um manual de instrução, e nem mesmo uma receita, para seguir o passo a passo já que cada bebê é único. “É preciso respeitar as necessidades de sono de cada pessoa de forma individualizada. O que funciona para uma criança pode não funcionar para outra. Por isso, é necessário avaliar o cenário por inteiro e entender as necessidades individuais. Só assim, é possível ajustar a rotina de sono da criança”, explica Danielle.

 

A especialista dá dicas de como garantir uma boa qualidade de sono para o bebê e os pais:

  • Respeite a necessidade individual de cada indivíduo. Engana-se quem acha que todos devem dormir e acordar no mesmo horário só porque vivem na mesma casa;
  • Podemos ajustar algumas coisas na rotina de sono do bebê, porém é importante que seja respeitado as diferenças e necessidades de cada criança;
  • Há bebês recém-nascidos que precisam de 18 horas de sono por dia para descansarem, outros que precisam de 15 horas. E tudo bem. Cada criança é única. Para saber a necessidade do seu bebê, analise os sinais que ele te passa;
  • Garanta um bom ambiente de sono para a criança, com bons hábitos noturnos e uma rotina que se adeque às necessidades do bebê. Lembre-se, que a criança também precisa mamar e se alimentar de forma correta, para que não fique com fome ou empanturrado de leite/comida ao ponto de sentir incômodo ao deitar;
  • Na dúvida, consulte sempre um profissional especialista em sono infantil para que se faça uma análise completa da criança.

 

Danielle Cogo - especialista em sono e parceria da Philips Avent. Com Certificação Internacional pelo Instituto Internacional de Maternidade de San Francisco - Califórnia; Danielle é certificada pela Universidade de São Paulo (USP) em "Medicina do Sono"; com curso de aperfeiçoamento em "Sono e Obesidade" pela Learncafe, em "Apneia Obstrutiva do Sono" pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e como "Educadora de Envolvimento Familiar" pela Universidade de Harvard. Danielle é técnica em polissonografia pela NiCs, além de pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista. Há mais de cinco anos, a especialista atua na área de pesquisa clínica com estudos pediátricos e é proprietária do Instituto Assessoria Mamãe.


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