Estressores psicológicos são gatilhos para deflagração e piora de quadros cutâneos, que vão desde queda de cabelo até doenças mais graves conhecidas como psicodermatoses. Segundo estudos, as questões psicológicas aumentaram 90% e os casos de estresse e ansiedade mais que dobrou.
O maior órgão do corpo é o que mais
sente os efeitos do estresse -- a pele. A médica Dra. Adriana Vilarinho,
dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da
Academia Americana de Dermatologia (AAD), conta porque isso acontece e como
reverter este quadro.
“O estresse vivido aumenta a inflamação
e a liberação de uma série de hormônios (como o cortisol, adrenalina e
derivados) que interferem em receptores e neurotransmissores em diversas
regiões do corpo”, explica. A pele é, não apenas um canal imediato de situações
de estresse, como um alvo para algumas respostas ao estresse (os mediadores do
estresse atuam nela, promovendo respostas inflamatórias e até imunológicas).
A pele e o sistema nervoso têm a mesma
origem embrionária, e permanecem ligados por toda a nossa vida. Trata-se de um
órgão sensorial que permite a sensação térmica, a capacidade sensitiva de
tensão mecânica e a dor. “Se ficamos envergonhados ou emocionados nossa pele
exprime essas emoções através da ruborização e dos arrepios. Enfim, tamanha é a
complexidade das funções da pele em conexão com terminais nervosos que este
tema vem trazendo novas descobertas científicas”, sinaliza a médica.
O estresse aumenta a liberação de
células inflamatórias, reduz a imunidade e aumenta o estado de alerta na pele,
promovendo maior incidência de alergias, acne, dermatites, urticária. “Quando o
grau de estresse é elevado ou cronificado, doenças mais sérias (como as
autoimunes) podem se apropriar do momento e serem deflagradas, em indivíduos
predispostos”, explica.
Enquanto a acne aparece por aumento da
oleosidade e inflamação dos poros, com infecção, gerando as tão conhecidas
espinhas e cravos, as demais inflamações provocam outros sintomas a serem
observados no contexto individual do paciente. A dermatite causa vermelhidão,
coceiras e até mesmo bolhas. Outras condições pioradas podem ser a urticária,
uma reação alérgica que pode aparecer por meio de vergões na pele. Temos
recebido muitos casos de urticária generalizada, de difícil tratamento, em que
é preciso “desligar” os fatores psicoemocionais envolvidos de forma pontual.
Para tratar e prevenir, a médica lembra
que é importante manter uma rotina de cuidados específicos para cada tipo de
pele, respeitando a sazonalidade (o inverno requer mais cuidados, e evitar água
quente) e a individualidade do paciente. Atividades que promovem bem-estar e
saúde, como a prática de exercícios físicos, meditações e técnicas
respiratórias, também são grandes aliados para minimizar os efeitos do
estresse.
Muitas vezes o paciente chega a tentar
esses recursos, mas não consegue sozinho, ou possui recidivas sucessivas das
alergias e outros problemas de pele, afetando drasticamente sua autoestima.
Esse paciente necessita de um tratamento individualizado, e, por vezes,
multifatorial.
Dra Adriana
Vilarinho - Dermatologista,
membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da AAD - Academia Americana de
Dermatologia. CREMESP 78.300/ RQE -- SP 27.614. • Graduada em Medicina e
Residência Médica em Dermatologia pela Faculdade de Medicina do ABC -- São
Paulo. • Título de Especialista em Dermatologia pela Associação Médica
Brasileira e Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). • Preceptora do
Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC -- 1993 a 2003. •
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia -- SBD -- e regional de São
Paulo. • Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica -- SBCD. •
Membro da American Academy of Dermatology -- AAD. • Autora do livro
"Beleza à Flor da Pele" -- Ed. Abril.
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