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Advogado explica que a luta das mulheres está longe de terminar
Todos os anos no dia 8 de março, Dia Internacional
das Mulheres, a internet e as mídias sociais são inundadas por infinitas
mensagens de homenagem, tanto de pessoas físicas, quanto de empresas que têm
entre seus valores a igualdade de gêneros e o reconhecimento do valor,
competência e talento femininos.
Inúmeros homens também prestam homenagem
mostrando-se solidários à causa feminina que busca não mais que igualdade, algo
que parece incontestavelmente justo. Este artigo era para ser mais uma dessas
merecidas homenagens, mas não pode deixar de atentar para realidade que não é
tão poética quanto ao teor das postagens e publicidades.
O Brasil contabiliza, anualmente, estatística
absurda de feminicídios (assassinato de uma mulher pela condição de ser
mulher). É a 5ª maior taxa do mundo, com cerca de 1.300 mortes anuais (foram
1.350 casos em 2020 e os dados apontam crescimento no ano de 2021, porém, ainda
sem dados definitivos). Cerca de 60% dos feminicídios são decorrentes de
violência doméstica, crime cometido pelo próprio companheiro da vítima.
Além disso, uma mulher é vítima de agressão a cada
4 minutos, de estupro a cada 7 minutos e 81% delas já sofreram violência em
seus deslocamentos pelas cidades. Os dados são suficientes para demonstrar que
mais do que mensagens, as mulheres necessitam de ações, de atitudes que as
tratem de forma igualitária.
Acho necessário irmos além da questão da violência
física. É preciso falar sobre a violência psicológica e da discriminação
social. As empresas, que no Dia Internacional da Mulher as homenageiam,
efetivam o discurso que fazem? As mulheres ganham o mesmo que os homens em
funções idênticas? Ocupam cargos diretivos como os homens?
A resposta também não é animadora. Mulheres ganham
em média entre 30% e 40% a menos que os homens em cargos equivalentes, segundo
levantamento realizado pelo Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de
Segurança. Além disso, mulheres ocupam menos de 25% dos cargos diretivos das
empresas. Às companhias, é preciso que contribuam para que esses números mudem
e a mulher ocupe mais espaços, com remunerações equivalentes aos demais
colaboradores.
No aspecto social, nunca é demais lembrar que ‘não
é não’. E que discriminar uma pessoa por seu sexo ou condição constitui injúria
racial, é crime. Escrevo estas palavras quando o país está horrorizado pelas
palavras discriminatórias contidas em um áudio divulgado e atribuído a um jovem
deputado brasileiro, objetificando as mulheres ucranianas que enfrentam uma
guerra, um massacre a seu país, suas famílias e sua comunidade.
Que nesta mesma data, no próximo ano, tenhamos
melhores números e motivos para comemorar uma evolução. E que as mulheres
continuem lutando todos os dias para conquistar uma igualdade que deveria ser
natural.
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