“Honra não é desculpa,” criada pelo Mapa do Acolhimento, quer pressionar o Senado pela aprovação da PL por meio
Em pleno século XXI, uma mulher que foi assassinada a tiros pelo companheiro ainda pode se tornar a responsável pelo crime que sofreu. É essa realidade absurda que o Mapa do Acolhimento, plataforma voltada a mulheres que sofrem ou sofreram violência de gênero, um dos braços da ONG Nossas, organização que impulsiona o ativismo democrático e solidário no Brasil, pretende mudar ao lançar a campanha “Honra não é desculpa”. Em situações desse tipo no tribunal, é comum ver a alegação de supostas traições e comportamentos “promíscuos” para deslegitimar a mulher agredida ou assassinada, resultando na redução de pena ou mesmo a absolvição do culpado. Ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a tese de legítima defesa da honra é inconstitucional, mas ainda não foi o suficiente.
A
campanha tem como objetivo pressionar o Senado Federal a aprovar o Projeto de
Lei 2325/21, de autoria da Senadora Zenaide Maia (PROS-RN), que prevê
excluir o uso em júri do argumento da legítima defesa da honra em
casos de acusados por violência doméstica e feminicídio.
Segundo
uma pesquisa realizada pelo DataSenado, no ano de 2021, houve um aumento de 86%
na violência de gênero. 49% das entrevistadas responderam que as situações de
violência se tornaram mais frequentes e 44% relataram que se tornaram mais
graves.
“O
Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo, e precisamos agir com
urgência para impedir que os acusados possam recorrer a argumentos que
justifiquem a violência de gênero. Com o retorno das atividades do Senado
Federal no dia 2 de fevereiro, a projeto de lei pode ser votado a qualquer
momento, por isso precisamos falar sobre isso agora”, afirma Lívia Merlim,
mobilizadora do Mapa do Acolhimento.
Para
a ativista, isso é inadmissível. Ela ainda reforça que mesmo que a declaração
do STF sobre a inconstitucionalidade da tese, seja um passo
importante, ainda é preciso que vire lei para que a exclusão do argumento de
legítima defesa da honra, seja adotado obrigatoriamente, sem
depender das opiniões pessoais de cada juiz.
Para
apoiar a campanha e cobrar agilidade na pauta, a plataforma criou um site (honranaoedesculpa.nossas.org)
e convida a todos enviar e-mails – disponíveis no site, para pressionar a
Comissão de Segurança Pública e a Mesa Diretora do Senado pela aprovação
imediata desse projeto, em defesa da vida das mulheres
brasileiras.
SOBRE O MAPA DO ACOLHIMENTO
O Mapa do Acolhimento é uma iniciativa da Ong
Nossas, organização comprometida com o
fortalecimento da democracia, da justiça social
e da igualdade. O programa conta com 4 mil profissionais voluntárias
– entre psicólogas e advogadas – em todo o Brasil, todas dispostas a ajudar,
gratuitamente, mulheres em situação de violência. Para mais informações: https://www.mapadoacolhimento.org/
SOBRE NOSSAS
Uma organização sem fins lucrativos comprometida com o
fortalecimento da democracia, da justiça social
e da igualdade. Há mais de dez anos desenvolvendo projetos, táticas e
estratégias de mobilização e solidariedade pelo Brasil inteiro.
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