Novo estudo revela que hormônios sexuais podem influenciar
o comportamento da doença
Ana
Beatriz Nogueira descobriu um câncer de pulmão em estágio inicial. No ar em
Um Lugar ao Sol, na Rede Globo, a atriz disse que teve influenza,
precisou fazer uma tomografia e no exame achou um pequeno tumor no pulmão. A
primeira providência para o tratamento é a cirurgia, que deverá fazer nos
próximos dias. Ana Beatriz revelou ter também esclerose múltipla e desde 2018
redobrou os cuidados com a saúde. “É fato que a cirurgia chamada minimamente
invasiva para câncer de pulmão - seja por vídeo, seja por robótica - teve
grande avanço nas últimas décadas. Contudo, o que mais favorece a curabilidade
dos pacientes com esse tipo de câncer é o diagnóstico precoce, como no caso em
questão”, diz o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, Presidente do
Instituto Oncoclínicas.
No
entanto, mesmo com cuidados, o câncer de pulmão é um sério problema de saúde
global. E enquanto a incidência deste tipo de câncer em homens vem caindo
gradativamente, apesar de números ainda elevados, nas mulheres vem aumentando expressivamente
nos últimos anos. Segundo dados do Global Câncer
Observatory já é o terceiro em
incidência e o segundo em mortalidade para elas (só perde para o câncer de
mama). Considerando os dois sexos, é o terceiro em incidência e o primeiro em
mortalidade.
O câncer de pulmão mais comum é o de células não pequenas (85% de todos os diagnosticados), que é subdividido em três tipos: carcinoma de células escamosas, adenocarcinoma de pulmão e carcinoma de grandes células. Adenocarcinomas correspondem a mais de 60% dos tipos de tumores em câncer de pulmão. “É um tipo heterogêneo, com mais de uma dezena de variantes moleculares e apresenta menor associação com o hábito de fumar em comparação com outros subtipos. Estudos indicam, que dependendo da etnia, que até 50% das mulheres com adenocarcinoma de pulmão são não fumantes, comparado, com 10-15% dos homens não fumantes que desenvolvem esse tipo de câncer”, diz Carlos Gil Ferreira.
Um novo estudo feito por cientistas
chineses, publicado em janeiro deste ano na revista Nature, revelou que não houve
diferença significativa na incidência de câncer de pulmão de células não
pequenas entre homens e mulheres na pós-menopausa, enquanto a incidência em
mulheres na pré-menopausa aumentou em comparação com os dois grupos, sugerindo
que os hormônios sexuais (endógenos e exógenos) desempenham um papel importante
na ocorrência e desenvolvimento de câncer de pulmão. Segundo a publicação,
estudos pré-clínicos mostram que a expressão de receptores de estrogênio em
tecidos de câncer de pulmão é elevada, sugerindo que o estrogênio está
intimamente relacionado à incidência deste tipo de câncer.
A pesquisa, liderada pelo médico Shiqing Liu, foi feita com base em amostras clínicas de câncer de pulmão e tecidos pulmonares normais adjacentes obtidas do Departamento de Cirurgia Torácida, Hospital Xiangya, Central South University, Changsha, China. Todas as amostras foram coletadas para fim de pesquisas, com consentimento dos pacientes.
É
importante, portanto, estar atento aos sintomas para que se faça exames
precocemente. “Mulheres jovens, com menos de 50 anos, consideradas saudáveis,
mas com sintomas respiratórios persistentes, deveriam buscar avaliação médica”,
diz o Carlos Gil Ferreira. “Se entre fumantes, que são o grupo sabidamente de
maior risco, o câncer de pulmão é constantemente detectado em estágios
avançados, o que dificulta o tratamento, a probabilidade de diagnóstico tardio
em pessoas jovens e consideradas saudáveis aumenta consideravelmente”,
completa.
Sintomas de câncer de pulmão em mulheres
Assim como os sintomas de ataques cardíacos são diferentes em homens e mulheres, os sinais de câncer de pulmão entre os dois grupos podem variar.
Os
primeiros sintomas de câncer de pulmão em mulheres são frequentemente sinais de
adenocarcinoma de pulmão. Como esses tumores geralmente crescem na periferia
dos pulmões, longe das grandes vias aéreas, é menos provável que resultem em
tosse.
Em vez
disso, os primeiros sintomas podem incluir:
Falta de ar
com atividade
Fadiga
Dor nas costas ou no ombro
À medida
que a doença progride, as mulheres desenvolvem sintomas adicionais que podem
incluir:
Tosse
crônica com ou sem sangue ou muco
Chiado
Desconforto
ao engolir
Dor no
peito
Febre
Rouquidão
Perda de
peso inexplicável
Pouco apetite
Muitas
vezes, as mulheres não apresentam sintomas até que o tumor tenha se espalhado
(metástase) para outras regiões do corpo.
Como os
homens são mais propensos a serem diagnosticados com carcinoma de células
escamosas, seus primeiros sinais de câncer geralmente estão relacionados a
problemas nas principais vias aéreas, incluindo tosse crônica ou tosse com
sangue.
Dr. Carlos Gil Ferreira - Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora
(1992) e doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam
(2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional
de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe
da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa
Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA
(BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer
(REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer
(RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor
Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro
Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career
Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International
Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no
Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR);
Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia
Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da
Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em
2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical
Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o
período 2023-2025.
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