O Copom elevou a Selic de 10,75% para 11,75% e sinalizou que virá um novo aumento de 1 ponto percentual
O impacto gerado pelo
conflito no Leste Europeu no preço das commodities deve prolongar o ciclo de
altas da taxa básica de juros, a Selic. Na última quarta-feira (16), o Comitê
de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa de 10,75%
para 11,75%, e sinalizou que virá um novo aumento de 1 ponto percentual na
próxima reunião.
Segundo Nicola Tingas,
Economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), o
Copom reconhece a imprevisibilidade do cenário atual, “mas vai tentar manter
[os juros] em nível nominal com a curva da inflação, garantindo alguma
ancoragem de expectativas.”
O economista lembra que o
país tangencia a estagnação este ano, e mesmo assim os juros seguem sendo
elevados. “Provavelmente em abril o IPCA (a inflação oficial) estará mais
próximo de 12% ao ano, e o Copom tentará acompanhar essa curva com a Selic”,
diz Tingas.
Com a alta da última
quarta-feira, a Selic está no maior nível desde abril de 2017, quando estava em
12,25% ao ano.
Para Flavio de Oliveira, Head
de Renda Variável da Zahl Investimentos, um dos impactos dos juros elevados é a
fuga de investimentos. “Temos um dos maiores juros reis do mundo, o que inibe o
aporte de capital, especialmente do investidor doméstico, que com a taxa de
juros em dois dígitos começa a se sentir satisfeito nas suas alocações de renda
fixa”, diz.
Esse foi o nono reajuste
consecutivo na taxa Selic. Apesar da alta, o BC reduziu o ritmo do aperto
monetário. Depois de três aumentos seguidos de 1,5 ponto percentual, a taxa foi
elevada em 1 ponto.
O lado positivo dessas altas,
segundo Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, é que,
como elas começaram há algum tempo, o ciclo de elevação dos juros tende a
acabar mais rapidamente na comparação com outras economias.
“Estamos bem posicionados em
relação a outras economias, como a dos Estados Unidos, que começaram só agora a
elevar os juros”, lembrou Camila.
Também na última
quarta-feira, o FED – o Banco Central dos Estados Unidos – elevou as taxas de
juros pela primeira vez desde 2018, na tentativa de segurar a inflação, que é a
mais elevada naquele país em cerca de 40 anos.
IMPACTO NO CONSUMO
Segundo Ulisses Ruiz de
Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), “os juros
ficarão mais altos e o tempo para pagar o financiamento, menor.”
Além disso, o economista diz
que com a alta dos juros, haverá retração na concessão de crédito por parte dos
bancos. “A piora das condições de crédito e a menor disponibilidade de
financiamento no mercado, somada a queda no poder aquisitivo das famílias,
dificultarão ainda mais a aquisição de produtos como geladeira, fogão, máquina
de lavar, TVs, computadores, celulares, carros e imóveis.”
Da equipe de jornalistas do Diário do Comércio
Fonte: https://dcomercio.com.br/categoria/economia/alta-das-commodities-deve-prolongar-ciclo-de-elevacao-dos-juros
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