Multicanalidade, novas tecnologias, hospedagem na nuvem e metaverso são algumas das tendências apresentadas na NRF Retail 's Big Show.
O ano de 2022 promete ser
mais um ano de muitos avanços e inovações para o setor de varejo. Estudo
realizado e apresentado pela International Data Corporation (IDC), aponta que a
expectativa é que mais da metade da economia global seja baseada ou
influenciada pelo digital neste ano.
Nesse contexto, quatro
principais tendências prometem revolucionar o varejo no Brasil. É o que alerta Paulo Guimarães
(Peguim), executivo de vendas do grupo Inventti, formado pelas empresas Myrp e a homônima Inventti. Ele participou do NRF 2022 Retail 's Big Show, o maior evento de varejo
do mundo, que ocorreu recentemente em Nova York, nos Estados Unidos, ao lado de
participantes de 96 países, como China, Japão e Alemanha.
Peguim, que também é
presidente da Associação dos Fornecedores de Automação Comercial do Brasil - AFRAC, esteve no
evento representando o varejo brasileiro por meio de discussões sobre o setor,
junto à FIRA (Federation
of International Retail Associates).
Algumas tendências
presentes no exterior já estão se tornando realidade no Brasil e tendem a
expandir de forma ainda mais rápida neste ano. Entre elas, Peguim destaca a
multicanalidade; a adoção e atualização mais rápidas de novas tecnologias; a
consolidação do uso de tecnologias cloud
e mobile e
o surgimento de novas plataformas imersivas, como o metaverso.
1) Multicanalidade e
OmniChannel
É uma nova realidade do
varejo que busca oferecer vários canais de compra ao consumidor como sites e
aplicativos de celular além da própria loja física. A Multicanalidade e o
OmniChannel começaram a despontar no Brasil há 3 anos. Para que isso tudo
funcione, requer-se estrutura e uniformização de processos, para que o
consumidor entenda que está comprando na mesma empresa e tenha uma experiência de compra igual em todos
os canais.
“Atualmente, o cliente
quer fazer um pedido em um lugar, retirá-lo em outro e sem barreiras físicas.
Para isto, é necessário conciliar as posições de estoque, contabilidade e
questões fiscais. A tendência é que se estabeleça por completo nos próximos
três anos. Ainda há o que discutir, como a divisão do faturamento entre as
unidades de vendas, questões relacionadas ao estoque, entre outras. É
importante que um canal não ganhe a antipatia do outro ”, reforça Peguim.
Segundo a pesquisa Global Marketing Trends 2022, da
Deloitte,
neste ano as empresas buscarão investir cada vez mais nas experiências físicas
e digitais. Mesmo em um ambiente predominantemente online, as pessoas
ainda desejam experiências mais humanas no contato com o digital, ou seja, um
ambiente híbrido, o que inclui a experiência presencial.
2) Aceleração na adoção
de tecnologias
O varejo físico seguirá
com alta demanda por adoção de tecnologias que viabilizem seus modelos de negócio.
Para continuar atendendo às necessidades, as empresas precisam de uma estrutura
com profissionais de back office, ou seja: aqueles que não atuam na linha de
frente. Apesar de iniciativas de consolidação e eficiência operacional já terem
sido implementadas, os setores tributário e fiscal demandam aceleração na
adoção de tecnologias.
Peguim relata que foram
citadas algumas tendências durante o evento do qual participou, e que estes
conceitos precisam estar na pauta deste ano das empresas de varejo. “É preciso
ficar atento às tecnologias que facilitam o pagamento aos consumidores e que ao
mesmo tempo auxiliam os varejistas no controle de estoque em tempo real. Em
outras edições do evento essas tecnologias foram discutidas, mas somente agora,
podemos afirmar que elas poderão realmente entrar no dia a dia das empresas”,
destaca.
3) Sistemas cloud e mobile
A hospedagem de soluções
de varejo em nuvem resulta em redução de custos, maior confiabilidade, aumento
de eficiência e segurança. Os varejistas brasileiros já estão neste caminho.
Entretanto, para chegar mais longe, o Brasil precisa investir em tecnologia e
infraestrutura para modernizar o varejo.
Um exemplo, é oferecer
internet mais rápida, com mais links dedicados para melhor transmissão de
dados. “Nos países desenvolvidos, você tem uma infraestrutura de comunicação
que demanda baixo investimento. Mas se está num local onde as tecnologias estão
num nível menos maduro, você tem sistemas de telecomunicação menos
performáticos. É como rodar um trem bala na rede ferroviária brasileira: não
consegue, mas na rede japonesa sim”, explica Peguim.
E se engana quem pensa que
os brasileiros não gostam de tecnologia. “Temos uma das maiores
diversidades de comportamento do mundo. Há um grupo que se comporta como jovens
no Japão, que dominam tecnologias. Temos um grupo intermediário. É uma
população classe C e D que se assemelha a população C e D da Índia, adepta da
tecnologia. Eles demandam modernidade, isto faz que tenhamos alguns pilotos
interessantes como a AME, um programa de cashback das Lojas Americanas. Ao
realizar pagamentos as pessoas ganham cashbacks, ou seja, ganham dinheiro para
ser usado diretamente no aplicativo da loja”, diz Peguim.
4) Metaverso e o mundo
virtual
As tendências mencionadas
anteriormente já estão em implantação. No evento em Nova York, falou-se também
sobre o que pode ser o futuro do varejo, com o ambiente virtual aproximando-se
ainda mais da realidade.
Na NRF, se discutiu o
Metaverso, que seria uma extensão digital do mundo onde as pessoas vivem e
trabalham. O varejo seria uma experiência próxima a que se tem hoje, no mundo
real, com as compras sendo feitas por um avatar em uma loja virtual. “Hoje,
você entra no site digita o produto ou busca em uma lista. No Metaverso, você
passeia pelos corredores digitais. Poderia ocorrer uma compra por impulso”,
explica Peguim.
O executivo conta que
existe um projeto piloto da Nike, que ao comprar um tênis em uma loja física, o
consumidor ganha recompensas digitais que podem ser usadas no Metaverso.
Para o varejo de roupas, uma possibilidade será disponibilizar o lançamento de
itens primeiramente no virtual, para utilização em avatares (personificações
digitais), com objetivo de analisar a receptividade de um produto. “Se gostarem
no Metaverso, poderá ser vendido no mundo real”, avalia Peguim.
Novos tempos do varejo
Atualmente, o varejo
brasileiro passa por diversas transições. Peguim relata sobre a importância da
integração do varejo físico com o digital. “Podemos observar que as lojas
físicas estão ganhando inúmeras novas funções, como hubs logísticos. O público
vem mudando constantemente, buscam e compram de marcas que criam experiência e
não apenas vendas. Por isso, as companhias precisam além de tudo se adaptar a
esse novo consumidor visando qualidade de experiências através das vendas
físicas e digitais”.
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