Especialista afirma que é essencial o vínculo e o acolhimento dos pais e, respeitando os limites e momentos da criança, ser sinceros com ela e expliquem, com linguagem simples, sobre procedimentos e profissionais que atuam com ela
A cada ano, mais de 300 mil crianças
com idades entre 0 e 19 anos recebem diagnóstico de câncer. Esse levantamento
realizado pela Childhood Cancer International (CCI) também mostra que as causas
da maioria dos cânceres infantis ainda são desconhecidas, mas os tipos mais
comuns são leucemias (que atingem os glóbulos brancos), linfomas (sistema
linfático) e tumores cerebrais.
Por isso, a Organização Mundial da
Saúde (OMS), por meio da Iniciativa Global para o Câncer na Infância, com o
objetivo de tornar a discussão sobre esses tipos de doença como prioridade
mundial e promover alívio e tratamento adequados, instituiu o dia 15 de
fevereiro como data para mobilização e reflexão, informando a população,
profissionais da saúde, pais e paciente e objetivando alta no percentual de
sobrevivência para menores diagnosticados. Isso poderá salvar a vida de mais de
um milhão de crianças na próxima década.
Segundo a Coordenadora do Curso de
Psicologia da Faculdade Anhanguera, a Professora Sueli Cominetti Corrêa, ao
longo desse processo, o papel dos pais é de extrema importância no tratamento
dos filhos, e o acompanhamento psicológico para todos é imprescindível. “Medos,
ansiedades, impasses, dor, dúvida. São exemplos de componentes que podem estar
presentes antes, durante e após o diagnóstico tanto para a criança quanto para
entes queridos. Os pais podem e devem contar com rede de suporte, grupos de
apoio e profissionais especializados para auxiliá-los a lidarem com os próprios
sentimentos e ajudarem os filhos na vivência do tratamento, procedimentos e
medicação. A orientação adequada auxilia no mapeamento dos limites que
precisarão continuar a ocorrer e a busca de estratégias, uma vez que a fase de
aceitação pode demorar”, explica. A docente ainda complementa que, a família
precisa manter o diálogo constante com a criança, visando seu bem-estar, de
modo que ela se sinta segura e acolhida: “Há casos em que os pais ou guardiões
ficam na dúvida se devem ou não contar à criança, mas o ideal é que haja
conversa humanizada e franca, no momento e na linguagem adequados, sempre
acolhendo as dúvidas e questionamentos da criança. Isso permite fortalecer a
confiança, auxiliar a construir vínculo com os profissionais da saúde, melhorar
a aderência ao tratamento e contribui para a realização mais amenizada de
alguns procedimentos”, conclui.
Em geral, os centros de atendimento à
criança com câncer oferecem terapias psicológicas para toda a família. Além de
ser fundamental para o apoio emocional, os pais aprendem a lidar com outros
desafios que não se referem diretamente ao jovem paciente. Por exemplo, é
importante manter a rotina mais próxima possível do normal, sem isenção de
repreensões e limites. Muitas vezes sensibilizados os pais ficam confusos a
este respeito, mas a clareza, constância e coerência são suportes da boa
convivência e enfrentamento.
“Quando a criança vai aprendendo sobre
seus direitos e deveres; é ouvida e aprende a ouvir e exercita a responsabilidade
adequada para seu momento de desenvolvimento, fortalece sua autoestima, a
confiança em si mesma e um círculo de convivência mais duradouro e prazeroso.
Por mais que se trate de uma situação específica, os limites e a orientação
pedagógica precisam ser mantidos até para que a criança mantenha a perspectiva
de futuro e a noção de realidade”, ressalta a especialista.
Para ajudar os familiares, Sueli também
sugere algumas dicas de como se comportar em relação ao paciente:
2. Mantenha o tratamento de forma disciplinada, seguindo as orientações para hábitos saudáveis (alimentação, sono) e entenda os limites e restrições que tratamento traz, sempre respeitando as condições de saúde do paciente;
3.Tente realizar atividades simples,
criativas e compartilhadas como ler, brincar, confraternizar, estudar, para
além da dinâmica do tratamento. Isso auxilia o paciente a ter momentos de
leveza. No entanto, sempre converse com a equipe médica que auxiliará a
identificar o melhor momento e estratégia;
4.Saiba que haverá alternâncias de emoções e picos de
intensidade, mas busque adotar uma atitude positiva e propor momentos de
espontaneidade, diálogo e até diversão, identificando espaços e oportunidades
de inclusão e apoio para que a criança se sinta confortável e possa expressar
seus sentimentos, queixas e até seu silêncio;
5.Busque sempre o equilíbrio entre dar
apoio e dar limite à criança em tratamento para que ela venha a ter autonomia.
É importante também manter o vínculo dela com outros membros da família, não a
isolar emocionalmente e nem passar a viver exclusivamente para ela, o que pode
sufocar e ocasionar situações de conflito. Procure ouvir e incentivar a ter
novos relacionamentos e grupos de apoio, ajudando-a a construir planos e
projetos de superação.
Anhanguera
https://www.anhanguera.com/ e https://blog.anhanguera.com/category/noticias/
Kroton
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