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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Papel da família é fundamental no tratamento do câncer infantil

Especialista afirma que é essencial o vínculo e o acolhimento dos pais e, respeitando os limites e momentos da criança, ser sinceros com ela e expliquem, com linguagem simples, sobre procedimentos e profissionais que atuam com ela

 

A cada ano, mais de 300 mil crianças com idades entre 0 e 19 anos recebem diagnóstico de câncer. Esse levantamento realizado pela Childhood Cancer International (CCI) também mostra que as causas da maioria dos cânceres infantis ainda são desconhecidas, mas os tipos mais comuns são leucemias (que atingem os glóbulos brancos), linfomas (sistema linfático) e tumores cerebrais. 

Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Iniciativa Global para o Câncer na Infância, com o objetivo de tornar a discussão sobre esses tipos de doença como prioridade mundial e promover alívio e tratamento adequados, instituiu o dia 15 de fevereiro como data para mobilização e reflexão, informando a população, profissionais da saúde, pais e paciente e objetivando alta no percentual de sobrevivência para menores diagnosticados. Isso poderá salvar a vida de mais de um milhão de crianças na próxima década. 

Segundo a Coordenadora do Curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, a Professora Sueli Cominetti Corrêa, ao longo desse processo, o papel dos pais é de extrema importância no tratamento dos filhos, e o acompanhamento psicológico para todos é imprescindível. “Medos, ansiedades, impasses, dor, dúvida. São exemplos de componentes que podem estar presentes antes, durante e após o diagnóstico tanto para a criança quanto para entes queridos. Os pais podem e devem contar com rede de suporte, grupos de apoio e profissionais especializados para auxiliá-los a lidarem com os próprios sentimentos e ajudarem os filhos na vivência do tratamento, procedimentos e medicação. A orientação adequada auxilia no mapeamento dos limites que precisarão continuar a ocorrer e a busca de estratégias, uma vez que a fase de aceitação pode demorar”, explica. A docente ainda complementa que, a família precisa manter o diálogo constante com a criança, visando seu bem-estar, de modo que ela se sinta segura e acolhida: “Há casos em que os pais ou guardiões ficam na dúvida se devem ou não contar à criança, mas o ideal é que haja conversa humanizada e franca, no momento e na linguagem adequados, sempre acolhendo as dúvidas e questionamentos da criança. Isso permite fortalecer a confiança, auxiliar a construir vínculo com os profissionais da saúde, melhorar a aderência ao tratamento e contribui para a realização mais amenizada de alguns procedimentos”, conclui. 

Em geral, os centros de atendimento à criança com câncer oferecem terapias psicológicas para toda a família. Além de ser fundamental para o apoio emocional, os pais aprendem a lidar com outros desafios que não se referem diretamente ao jovem paciente. Por exemplo, é importante manter a rotina mais próxima possível do normal, sem isenção de repreensões e limites. Muitas vezes sensibilizados os pais ficam confusos a este respeito, mas a clareza, constância e coerência são suportes da boa convivência e enfrentamento.

“Quando a criança vai aprendendo sobre seus direitos e deveres; é ouvida e aprende a ouvir e exercita a responsabilidade adequada para seu momento de desenvolvimento, fortalece sua autoestima, a confiança em si mesma e um círculo de convivência mais duradouro e prazeroso. Por mais que se trate de uma situação específica, os limites e a orientação pedagógica precisam ser mantidos até para que a criança mantenha a perspectiva de futuro e a noção de realidade”, ressalta a especialista. 

Para ajudar os familiares, Sueli também sugere algumas dicas de como se comportar em relação ao paciente:

1. Busque informações em fontes indicadas pela equipe multidisciplinar: estar informado e em contato direto com os médicos e equipe é a melhor forma de tentar compreender o que é e como está a doença;

2. Mantenha o tratamento de forma disciplinada, seguindo as orientações para hábitos saudáveis (alimentação, sono) e entenda os limites e restrições que tratamento traz, sempre respeitando as condições de saúde do paciente; 

3.Tente realizar atividades simples, criativas e compartilhadas como ler, brincar, confraternizar, estudar, para além da dinâmica do tratamento. Isso auxilia o paciente a ter momentos de leveza. No entanto, sempre converse com a equipe médica que auxiliará a identificar o melhor momento e estratégia;


4.Saiba que haverá alternâncias de emoções e picos de intensidade, mas busque adotar uma atitude positiva e propor momentos de espontaneidade, diálogo e até diversão, identificando espaços e oportunidades de inclusão e apoio para que a criança se sinta confortável e possa expressar seus sentimentos, queixas e até seu silêncio; 

5.Busque sempre o equilíbrio entre dar apoio e dar limite à criança em tratamento para que ela venha a ter autonomia. É importante também manter o vínculo dela com outros membros da família, não a isolar emocionalmente e nem passar a viver exclusivamente para ela, o que pode sufocar e ocasionar situações de conflito. Procure ouvir e incentivar a ter novos relacionamentos e grupos de apoio, ajudando-a a construir planos e projetos de superação.

 

 Anhanguera

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