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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Órfãos da pandemia, adotantes e cuidadores têm atendimento psicanalítico gratuito em todos os estados do Brasil

Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, por meio da Federação Brasileira de Psicanálise, adere ao projeto “Solidariedade Social - SOS Brasil” que promove rede de apoio virtual aos vitimados pela pandemia no País


Embora no Brasil a estimativa seja imprecisa devido às brechas nos dados oficiais, uma pesquisa da Imperial College London, publicada na revista científica Lancet, estimou que mais de 282 mil crianças e adolescentes brasileiros ficaram órfãos de pai, mãe, de ambos, ou dos cuidadores oficiais, desde o início da pandemia no país.

Ainda que os números apontem a dimensão da tragédia, eles não retratam a catástrofe que se abateu sobre essas vítimas, muitas vezes invisíveis, da covid-19. Analista didata e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo  e da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Campinas, Alicia Beatriz Dorado de Lisondo,  lembra que a perda de um familiar impacta no desenvolvimento emocional e social dos seres que estão construindo à subjetividade e pode até mesmo, congelar importantes funções mentais.

A orfandade psíquica leva ao desamparo e ao desespero. Ganhos como aquisição da linguagem, pensamento, simbolização, criatividade, capacidade de brincar e motricidade são prejudicados, o que pode condenar um ser em formação a pobreza mental ou morte psíquica. Cuidadores em abrigos, familiares, pai e pais adotantes precisam prevenir transtornos no desenvolvimento emocional dessas (pessoas),   tais como sinais de alerta de transtornos do espectro autista, problemas de aprendizado, condutas antissociais como mentiras, roubos, delinquência, Drogadição, Apatia, Transtornos do Psico-soma e depressão - explica Alicia, analista de crianças e adolescentes pela IPA (International Psychoanalytic Association).

Diante deste cenário desolador, a SBPSP, por meio da Diretoria de Atendimento à Comunidade – DAC, aderiu ao projeto de âmbito nacional ‘Solidariedade Social - SOS Brasil: sofrimento psíquico de bebês, crianças e adolescentes’.

A SBPSP integra esta ação solidarizada com o dramático panorama da doença no país diante da valiosa experiência adquirida com o projeto ‘Rede SBPSP: escuta psicanalítica em tempos de crise’, promovido em 2020  esclarece Carmen C. Mion, diretora presidente da entidade.

O programa é concebido e organizado por um grupo de psicanalistas de diferentes Sociedades, Grupos de Estudo e Núcleos da Federação Brasileira de Psicanálise – Febrapsi.

Além de prestar um serviço emergencial aos órfãos da pandemia; bebês, crianças e adolescentes  com sofrimento psíquico que precisam de um psicanalista, o Projeto  “Solidariedade Social - SOS Brasil” também é destinado a cuidadores, pais, pais adotantes, educadores, famílias acolhedoras, profissionais do Judiciário, da Saúde, e demais responsáveis por essas vidas.

O projeto tem o objetivo de oferecer atendimento emergencial diante das reações de pânico, angústias, dores da alma, isolamento, transtornos do sono e terrores que a pandemia vem provocando – explica Alicia.

O atendimento é gratuito, 100% digital e dividido em quatro eixos: eixo 1 - gestantes e bebês de 0 a 3 anos com suas famílias; eixo 2 - crianças de 3 a 11 anos com suas famílias; eixo 3 – adolescentes e jovens de 11 a 21 anos e eixo 4 - adultos que atendam a infância (familiares, em escolas, creches, abrigos, no judiciário ou no serviço de saúde).

Todos os psicanalistas do projeto precisam estar num Atelier que se reúne quinzenalmente com um coordenador com formação e experiência e cada um dos Eixos para pensar, discutir  e criar alternativas para os pacientes que nos procuram. Também os Ateliers são espaços de continência para todos os analistas do Projeto S.O.S Brasil   

Serão realizadas entrevistas com psicanalistas membros de sociedades e grupos federados à Febrapsi que tenham formação específica. A depender do quadro, após avaliação do psicanalista, tanto os bebês, crianças e adolescentes, quanto os pais, adotantes, cuidadores e representantes das instituições responsáveis pelos órfãos poderão ser encaminhados a médicos, tais como: pediatras, psiquiatras, fonoaudiólogos, osteopatas e psicomotricistas, além de enfermeiros especializados em aleitamento materno, terapeutas ocupacionais e até assistentes sociais, também de forma gratuita como parte do atendimento iniciado no projeto.

Interessados em receber o atendimento devem entrar em contato por mensagem de texto ou de voz pelo (53) 98104-0202. As pessoas serão encaminhadas a um psicanalista, que combinará a forma de atendimento mais apropriada (WhatsApp ou celular).

 


SBPSP - Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo - SBPSP é formada por um grupo de psicanalistas unidos com o propósito de promover o desenvolvimento da Psicanálise, manter seu vigor e formar futuros psicanalistas, propiciando um ambiente fértil e vivo de aprendizado e de interlocução entre seus membros e com outros campos do conhecimento e da cultura. Conta com 506 membros efetivos e associados e 362 membros filiados vinculados ao Instituto de Psicanálise, braço encarregado da formação de novos psicanalistas. Seus membros têm participação ativa no cenário nacional e internacional da Psicanálise e na vida associativa, por meio da FEBRAPSI – Federação Brasileira de Psicanálise, FEPAL – Federação Psicanalítica da América Latina e da IPA – International Psychoanalytical Association, entidade à qual é filiada desde 1951.


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