Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, por meio da Federação Brasileira de Psicanálise, adere ao projeto “Solidariedade Social - SOS Brasil” que promove rede de apoio virtual aos vitimados pela pandemia no País
Embora no Brasil a
estimativa seja imprecisa devido às brechas nos dados oficiais, uma pesquisa da
Imperial College London, publicada na revista científica Lancet, estimou
que mais de 282 mil crianças e adolescentes brasileiros ficaram órfãos de pai,
mãe, de ambos, ou dos cuidadores oficiais, desde o início da pandemia no país.
Ainda que os números
apontem a dimensão da tragédia, eles não retratam a catástrofe que se abateu
sobre essas vítimas, muitas vezes invisíveis, da covid-19. Analista didata e
docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da
Sociedade Brasileira de Psicanálise de Campinas, Alicia Beatriz Dorado de
Lisondo, lembra que a perda de um familiar impacta no desenvolvimento
emocional e social dos seres que estão construindo à subjetividade e pode até
mesmo, congelar importantes funções mentais.
A orfandade psíquica
leva ao desamparo e ao desespero. Ganhos como aquisição da linguagem, pensamento,
simbolização, criatividade, capacidade de brincar e motricidade são
prejudicados, o que pode condenar um ser em formação a pobreza mental ou morte
psíquica. Cuidadores em abrigos, familiares, pai e pais adotantes precisam
prevenir transtornos no desenvolvimento emocional dessas (pessoas),
tais como sinais de alerta de transtornos do espectro autista,
problemas de aprendizado, condutas antissociais como mentiras, roubos,
delinquência, Drogadição, Apatia, Transtornos do Psico-soma e depressão - explica
Alicia, analista de crianças e adolescentes pela IPA (International
Psychoanalytic Association).
Diante deste cenário
desolador, a SBPSP, por meio da Diretoria de Atendimento à Comunidade – DAC,
aderiu ao projeto de âmbito nacional ‘Solidariedade Social - SOS Brasil:
sofrimento psíquico de bebês, crianças e adolescentes’.
A SBPSP integra esta ação solidarizada com o dramático
panorama da doença no país diante da valiosa experiência adquirida com o
projeto ‘Rede SBPSP: escuta psicanalítica em tempos de crise’, promovido em
2020 esclarece Carmen C. Mion, diretora presidente da entidade.
O programa é concebido
e organizado por um grupo de psicanalistas de diferentes Sociedades, Grupos de
Estudo e Núcleos da Federação Brasileira de Psicanálise – Febrapsi.
Além de prestar um
serviço emergencial aos órfãos da pandemia; bebês, crianças e
adolescentes com sofrimento psíquico que precisam de um psicanalista, o
Projeto “Solidariedade Social - SOS Brasil” também é destinado a
cuidadores, pais, pais adotantes, educadores, famílias acolhedoras,
profissionais do Judiciário, da Saúde, e demais responsáveis por essas vidas.
O projeto tem o objetivo de oferecer atendimento emergencial
diante das reações de pânico, angústias, dores da alma, isolamento, transtornos
do sono e terrores que a pandemia vem provocando – explica Alicia.
O atendimento é gratuito, 100% digital e dividido em quatro
eixos: eixo 1 - gestantes e bebês de 0 a 3 anos com suas famílias; eixo 2 -
crianças de 3 a 11 anos com suas famílias; eixo 3 – adolescentes e jovens de 11
a 21 anos e eixo 4 - adultos que atendam a infância (familiares, em escolas,
creches, abrigos, no judiciário ou no serviço de saúde).
Todos os psicanalistas do projeto precisam estar num Atelier
que se reúne quinzenalmente com um coordenador com formação e experiência e
cada um dos Eixos para pensar, discutir e criar alternativas para os
pacientes que nos procuram. Também os Ateliers são espaços de continência para
todos os analistas do Projeto S.O.S Brasil
Serão realizadas entrevistas com psicanalistas membros de
sociedades e grupos federados à Febrapsi que tenham formação específica. A
depender do quadro, após avaliação do psicanalista, tanto os bebês, crianças e
adolescentes, quanto os pais, adotantes, cuidadores e representantes das
instituições responsáveis pelos órfãos poderão ser encaminhados a médicos, tais
como: pediatras, psiquiatras, fonoaudiólogos, osteopatas e
psicomotricistas, além de enfermeiros especializados em aleitamento materno,
terapeutas ocupacionais e até assistentes sociais, também de forma gratuita
como parte do atendimento iniciado no projeto.
Interessados em receber
o atendimento devem entrar em contato por mensagem de texto ou de voz pelo (53)
98104-0202. As pessoas serão encaminhadas a um psicanalista, que combinará a
forma de atendimento mais apropriada (WhatsApp ou celular).
SBPSP - Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo - SBPSP é
formada por um grupo de psicanalistas unidos com o propósito de promover o
desenvolvimento da Psicanálise, manter seu vigor e formar futuros
psicanalistas, propiciando um ambiente fértil e vivo de aprendizado e de
interlocução entre seus membros e com outros campos do conhecimento e da
cultura. Conta com 506 membros efetivos e associados e 362 membros filiados
vinculados ao Instituto de Psicanálise, braço encarregado da formação de novos
psicanalistas. Seus membros têm participação ativa no cenário nacional e
internacional da Psicanálise e na vida associativa, por meio da FEBRAPSI –
Federação Brasileira de Psicanálise, FEPAL – Federação Psicanalítica da América
Latina e da IPA – International Psychoanalytical Association, entidade à qual é
filiada desde 1951.
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