No início, sintomas do tumor são
discretos, por isso profissionais de saúde devem estar alertas para identificar
crianças que possam ser portadoras de retinoblastoma
Nos últimos dias, Tiago Leifert e
Daiana Garbin revelaram que sua filha, Lua, de 1 ano e 3 meses, foi
diagnosticada com um tumor raro, o retinoblastoma. Enquanto a pequena segue em
tratamento, o ex-apresentador do BBB e a jornalista afirmam que a missão de suas vidas passou a ser alertar outros pais para
os perigos da doença.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica
(SOBOPE) compartilha desta causa e está há anos envolvida na elaboração e apoio
às campanhas de divulgação e conscientização dos sinais e sintomas do câncer
infanto-juvenil para profissionais da área de saúde e população em geral.
O retinoblastoma é um tumor maligno raro, que afeta principalmente
crianças menores de 5 anos de idade, originário das células da retina, e pode
comprometer um ou ambos os olhos. Segundo dados da literatura médica, é o tipo
mais frequente de câncer ocular na infância, correspondendo de 2 a 3% dos
cânceres infantis.
Segundo o Dr. Neviçolino Carvalho, presidente da SOBOPE, o
paciente apresenta poucos sinais ou sintomas nos estágios iniciais do
retinoblastoma: "É um grande desafio para os profissionais de saúde da
atenção básica fazer a suspeita do diagnóstico. Portanto, quanto mais
informação e divulgação sobre a doença, mais eles podem ficar alerta e
valorizar queixas trazidas pelos pais nas consultas de rotina ou em serviços de
urgência”.
O principal sinal de retinoblastoma é o reflexo do olho de gato,
que é o aspecto esbranquiçado que se vê através da pupila, chamado leucocoria.
Em fotos com flash, por exemplo, pode-se notar a leucocoria em um ou ambos os
olhos. O segundo sinal mais comum é o estrabismo, quando a criança tem um
desvio no olhar. “Na maioria dos casos, quando esses sinais são percebidos, o
tumor já tem um tamanho considerável, diminuindo as chances de preservação
ocular”, alerta o especialista.
Caso a criança apresente estes indicativos, é necessário
direcioná-la para centros especializados no tratamento de retinoblastoma, onde
ela poderá ser avaliada por oftalmologistas e oncologistas pediátricos.
"O diagnóstico precoce é um desafio no mundo inteiro, não só
no Brasil. O exame 'Teste do Reflexo Vermelho', que é feito na maternidade e
depois nas consultas de retorno ao pediatra até os 5 anos, representa um
diferencial na avaliação de rotina da criança e não deve ser negligenciado
pelos pediatras. Há também recomendações de que essas
crianças passem por consultas com oftalmologistas de forma regular",
afirma.
O presidente da SOBOPE pontua que, primordialmente, garantir a
vida é o mais importante no tratamento do retinoblastoma, ainda que em alguns
casos a enucleação (remoção cirúrgica) seja a melhor conduta, diminuindo assim
o risco de disseminação da doença para sítios extraoculares, como ossos, medula
óssea, fígado e sistema nervoso central. Além da cura, preservar a visão e o
globo ocular da criança são objetivos nobres.
“Para isso, o tratamento mais recomendado atualmente é a
quimioterapia intra-arterial associada a outras modalidades de tratamento local
(laser, crioterapia e outros), orientada pelo trabalho conjunto do oncologista
pediátrico e oftalmologista. O tratamento do retinoblastoma é complexo e
dinâmico, deve ser realizado em centros especializados devidamente equipados e
com profissionais com expertise no manejo terapêutico e de suas complicações.
As chances de cura do retinoblastoma intraocular são de 95%, ainda que, às
vezes, seja necessária a retirada do globo ocular", conclui.
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