Pesquisar no Blog

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Hospital Paulista alerta para cuidados com saúde da voz dos professores na volta às aulas

Shutterstock
Prevalência de distúrbios vocais em profissionais da educação varia entre 50% e 80%, afirma especialista

 

O ano letivo teve início em fevereiro para ao menos 17 capitais do Brasil. Apesar de a maioria dos professores ter mantido seus trabalhos de forma virtual durante o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, o retorno às salas de aulas exige muito mais da voz, já que ela é uma das principais ferramentas de trabalho destes profissionais.

Conforme a otorrinolaringologista do Hospital Paulista Dra. Luciana Fernandes Costa, os professores são considerados grupo vulnerável aos distúrbios vocais, devido ao seu uso intenso no dia a dia. A especialista destaca que a estimativa de prevalência dos distúrbios vocais na população geral encontra-se entre 6% e 15%, enquanto, em professores, esses índices podem variar entre 50% e 80%, com gravidade para cerca de 12%.

“Entre as lesões mais presentes estão as denominadas fonotraumáticas -- que se desenvolvem a partir de padrões vocais inadequados, secundários à sobrecarga fonatória. Há também uma ampla probabilidade de nódulos vocais, seguidos por pólipos e alterações estruturais mínimas”, alerta Dra. Luciana.

Os professores também têm grandes chances de desenvolver disfonia, alteração de algumas das qualidades acústicas da voz, tais como intensidade ou volume da voz. “As consequências da disfonia persistente podem ser devastadoras para o desempenho profissional, por vezes resultando em afastamentos e/ou remanejamento para tarefas administrativas”, complementa a especialista.

A prevenção é a principal forma de combater os distúrbios vocais. Segundo a médica, os fatores de risco à disfonia incluem extensa jornada de trabalho, frequentemente superior a 40 horas semanais; número excessivo de alunos por sala de aula, já que demandam mais atenção e desgaste vocal; e instalações inadequadas, incluindo elevado ruído ambiental e lousa com pó de giz.

“Esses fatores fazem com que os professores aumentem a intensidade da voz para manter a atenção dos estudantes, sendo essa a essência do fonotrauma, podendo levar ao desenvolvimento de lesões laríngeas.”

A idade e o tempo de profissão também são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de lesões na laringe. Por conta da correria diária, grande parte dos professores substitui as refeições convencionais por lanches e fast-foods, favorecendo os distúrbios gastrointestinais, principalmente o refluxo gastroesofágico, importantes causadores da laringite.

“Doenças neurológicas ou endócrinas, hábitos tabágicos ou alcoólicos e problemas respiratórios superiores recorrentes também podem comprometer a qualidade vocal”, reitera a especialista.



Uso de máscaras

Mesmo com as crianças voltando às aulas e a vacinação em estágio avançado, é importante manter as medidas sanitárias que ajudam a evitar a disseminação do vírus. Nesse sentido, é fundamental manter o distanciamento, a higienização das mãos e o uso correto das máscaras, que devem sempre cobrir nariz e boca.

Dra. Luciana ressalta que é possível e necessário lecionar utilizando o item.

"Busque algum modelo de máscara que seja seguro e que permita a livre mobilidade da mandíbula, realizando pausas vocais para descanso e hidratação, em ambiente seguro.”

Equipe multidisciplinar

Uma boa hidratação vocal e a escolha de alimentos que não ressequem a garganta e causem pigarro, além de intervalos entre o uso da voz, são de extrema importância para a manutenção da saúde vocal, mas nem sempre são suficientes.

A fonoaudióloga Bruna Rainho Rocha destaca ser importante ainda o apoio de um fonoaudiólogo, que pode auxiliar em situações de desconforto, cansaço vocal, rouquidão e falhas e mudanças na voz ao longo do dia ou da semana.

“Os profissionais também trabalham com estratégias de comunicação em geral, como o correto uso do microfone, escolha de vocabulário, uso de gestos e até adequação da postura para falar”, explica.

Segundo Bruna, a própria fonoaudiologia pode ser um método preventivo aos problemas vocais. “Mesmo que não apresentem alterações, tanto professores como os demais profissionais que fazem uso intenso da voz podem procurar um fonoaudiólogo. Nestes casos, para fazer condicionamento vocal e aprender estratégias para o seu uso correto, podendo, assim, evitar eventuais problemas na voz e na comunicação.”

De acordo com a Dra. Luciana, ao perceber sintomas como rouquidão, fadiga, cansaço vocal, instabilidade na voz, dor ou desconforto na garganta e esforço para falar, principalmente de forma recorrente, é necessária uma avaliação médica.

“Os problemas vocais podem não ser transitórios, e muitos casos exigirão tratamento e acompanhamento multidisciplinar do médico e do fonoaudiólogo, podendo, inclusive, envolver opções medicamentosas ou cirúrgicas”, finaliza a especialista. 



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados