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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Como evitar as Infecções Sexualmente Transmissíveis?

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Com 917.473 mil casos registrados entre 2010 e 2021, Brasil enfrenta uma crescente e silenciosa epidemia de sífilis


Mesmo com a folia do Carnaval suspensa pela pandemia de Covid-19, a data está se aproximando e, com ela, a importância de destacar e prevenir as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). 

Conforme a enfermeira Ana Paula Bento Lima, líder do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Geral de Itapevi, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, esta época do ano, historicamente, apresenta um aumento considerável das chamadas exposições de risco -- relações sexuais desprotegidas --, responsáveis pelas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). 

A terminologia substituiu recentemente a expressão “Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)”, porque uma pessoa pode estar aparentemente sadia, mas infectada. E transmitir da mesma forma, sem sinais ou sintomas de uma doença.  

“O Carnaval é uma época de grande extravasamento e alegria, especialmente após um período prolongado de restrição a eventos sociais. As pessoas costumam ir a baladas e festas e podem acabar abusando de bebidas alcoólicas e/ou drogas. Dessa forma, é muito importante chamar a atenção para o tema”, afirma Ana Paula. 

As ISTs podem ser causadas por vírus, bactérias, parasitas e outros micro-organismos, e sua transmissão acontece, principalmente, por meio de contato sexual -- seja ele oral, vaginal ou anal -- com uma pessoa que esteja infectada, sem o uso de preservativos.  

Entre as infecções mais comuns estão herpes genital, HPV, gonorreia, HIV/Aids, hepatites virais dos tipos B e C, clamídia, tricomoníase e sífilis. Essa última é considerada uma epidemia silenciosa no Brasil, com um total 917.473 casos de sífilis adquirida notificados entre 2010 e junho de 2021, segundo o boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.  

“Hoje em dia há a falsa sensação de que, caso a pessoa se infecte, é só tratar, dispensando o uso do preservativo. Isso é uma falácia. Algumas ISTs acabam tornando-se doenças crônicas e podem gerar complicações futuras”, alerta a enfermeira.

 

Prevenção 

Todos que praticam relações sexuais desprotegidas estão expostos ao risco de contrair uma IST, independente de idade, estado civil, gênero, orientação sexual ou crença. A camisinha, seja ela masculina ou feminina, continua sendo o método comprovadamente mais eficaz para evitar as transmissões e até mesmo uma gestação não planejada. 

“Entretanto, vale ressaltar que apenas uma oferta exclusiva de preservativos não é suficiente para garantir os diversos aspectos da saúde sexual”, explica a enfermeira.  

Dessa forma, torna-se fundamental a ampliação dos conhecimentos para a aplicação da chamada “prevenção combinada”, que abrange o uso de preservativos, ações de cautela, diagnóstico e tratamento.  

No Brasil, tanto a prevenção, por meio do uso de preservativos e Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), uma combinação de dois medicamentos (tenofovir e entricitabina) em um único comprimido, que impede que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo, como o diagnóstico e o tratamento são fornecidos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

Um tratamento adequado é capaz de melhorar a qualidade de vida e interromper o ciclo de transmissão destas infecções.  

Segundo a especialista, as ISTs também podem ser transmitidas pelo contato sanguíneo; de uma mãe para o seu bebê, durante a gestação, parto ou amamentação ou por formas menos comuns, através do contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas. “Por isso, é importante não compartilhar objetos de uso pessoal, como toalhas, barbeadores, alicates e escovas de dente, entre outros.”

 

Sintomas 

Normalmente, os sintomas das ISTs costumam aparecer principalmente nos órgãos genitais, mas não é uma regra. Alguns podem surgir na palma das mãos, olhos e outras partes do corpo. 

“Durante a higiene pessoal, observe seu corpo, isso pode ajudar a identificar uma infecção em estágio inicial. Caso perceba algum sinal ou sintoma, procure o serviço de saúde, independentemente de quando foi a última relação sexual”, explica a enfermeira. 

Ela destaca ainda que algumas destas infecções podem passar despercebidas por um longo período. “Esses casos são considerados assintomáticos. Se não forem diagnosticados e tratados, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer e até mesmo óbito.” 

 

Relação desprotegida 

Em caso de exposição sexual de risco, é possível recorrer à PEP (Profilaxia Pós-Exposição), uma medida preventiva de urgência à infecção pelo HIV, disponível em unidades de saúde de todo o país.  

“A PEP consiste no uso de medicamentos capazes de reduzir o risco de adquirir essas infecções. Seu uso deve ser feito em até 72 horas após a relação desprotegida, ao longo de 28 dias”, afirma a enfermeira. 

Mesmo com o uso da profilaxia, o preservativo ainda é a barreira de proteção mais eficiente, já que ele é capaz de prevenir outras infecções, como sífilis e gonorreia, não abrangidas pela PEP.  

“Quando for sair para a curtição, tenha sempre preservativos em mãos. Por meio deles, podemos prevenir as ISTs e gestações indesejadas. Além disso, é de extrema importância um acompanhamento regular”, finaliza.


CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”


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