Fernando Beloni |
Localizada em Patrocínio/MG, a empresa de multicultivos AgroBeloni está no café há apenas oito anos e acaba de receber o reconhecimento internacional inédito no país pelas boas práticas na fazenda
Ao se falar em produção de café no Brasil devemos
citar Minas Gerais. O estado mantém o título de maior produtor nacional do
grão. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Seapa), no último ano foram colhidas 21,45 milhões de sacas, o
equivalente a 46% da safra em todo o país.
Entre os protagonistas da região, está o município
de Patrocínio. Com localização privilegiada no Alto Paranaíba, a cidade tem
clima ameno, boa distribuição da água, grande número de riachos e uma
precipitação anual considerada ideal para o café - cerca de 1.600 mililitros.
Foi com a soma de todos estes elementos, aliada ao investimento em tecnologia e
inovação, que a AgroBeloni, uma empresa familiar empreendedora, acabou de
conseguir um marco inédito global.
A fazenda Santa Cruz da Vargem Grande é a primeira
produtora de café no mundo a receber a certificação de agricultura regenerativa
Regenagri® – programa internacional de agricultura regenerativa, que visa
garantir a saúde da terra e o cuidado com quem nela vive. “Essa primeira
certificação mundial é um orgulho para a AgroBeloni. É o compromisso de avançar
ainda mais no caminho da sustentabilidade e da produção consciente pela
preservação e equilíbrio da agricultura com o meio ambiente”, diz Fernando
Nogues Beloni, diretor da produção cafeeira.
Concedido pela empresa britânica Control Union,
presente em mais de 70 países, o certificado reconhece as boas práticas e o uso
da tecnologia, aliada às ações sustentáveis com foco na agricultura
regenerativa. Em maior integração e harmonia com a natureza, a agricultura
regenerativa emprega a restauração do solo degradado, melhoramento da
biodiversidade entre os polinizadores (especialmente abelhas e borboletas) e
aumento da captura de carbono no solo para criar benefícios ambientais
duradouros.
As vantagens da agricultura regenerativa são
muitas, destacando-se a redução do uso de insumos químicos, produção de
alimentos com melhor qualidade, diminuição dos custos produtivos, equilíbrio do
bioma e redução das emissões de carbono. “Inicialmente diminuímos a utilização
dos defensivos químicos para possibilitarmos a regeneração da vida biológica do
solo e plantas na fazenda, mas ao perceber os benefícios gerais na lavoura,
resolvemos profissionalizar os trabalhos voltados para agricultura regenerativa
e contratar uma consultoria para então obter a certificação”, destaca Fernando.
Já o diretor agrícola da empresa, Carmelo Beloni, complementa
que a conquista representa as ações conscientes da empresa ao longo dos últimos
anos. “Ser sustentável é algo inerente aos nossos valores, por isso as mudanças
são perenes. Tratamos isso como uma consciência coletiva interna e, com isso,
sabemos que o certificado também representa uma mudança das pessoas que fazem a
AgroBeloni em todos os seus setores”, reforça.
Processo natural
Embora a relação da família Beloni com a
cafeicultura seja recente, de cerca de oito anos, o conhecimento em agricultura
é de mais de cinco décadas que atravessa gerações. As fazendas AgroBeloni têm
sistemas de cultivo de 80% irrigados e bem diversificados. Além do café, que
ocupa hoje uma área de 420 hectares da variedade arábica, ainda há outros 5.000
hectares destinados aos multicultivos, como: soja, milho, cebola, sorgo,
cevada, batata, trigo, eucalipto e feijão.
De acordo com Fernando, o interesse pela
agricultura regenerativa aconteceu de forma natural e a certificação foi
instigada a partir da comercialização do seu café pela Expocaccer
(Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado) a uma empresa francesa que externou
o interesse pela certificação.
“Os franceses me perguntaram se eu tinha algo
voltado para agricultura regenerativa. A substituição dos fertilizantes e
defensivos químicos por orgânicos, dentre outras práticas sustentáveis, já era
uma realidade nas fazendas e, com o questionamento deles, resolvi buscar uma
certificação internacionalmente reconhecida que confirmasse o que nós já
estávamos fazendo. O resultado foi melhor do que o esperado”, ressaltou
Fernando Beloni.
Consumidores conscientes
Para quem produz, a agricultura regenerativa
permite um aumento na produção de cafés e na rentabilidade do negócio, com a
valorização dos grãos. Por outro lado, para os consumidores, cada vez mais
atentos à origem e qualidade dos alimentos que chegam às mesas de suas casas,
os cafés originados de uma produção regenerativa oferecem um produto mais
saudável, além de conectá-los a um conjunto de valores e processos que envolvem
um produto ético e ambientalmente responsável.
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