As
montanhas são os ecossistemas terrestres mais ricos do planeta, com grande
biodiversidade de fauna e flora; ainda é preciso consciencializar a população
para a importância da sua preservação
Montanhas
e morros abrigam 15% da população mundial e cerca de 915 milhões de pessoas
dependem das montanhas para garantir o seu sustento. Embora o Brasil seja
reconhecido internacionalmente por suas praias, quem quiser aproveitar as
férias de verão de forma diferente tem a possibilidade explorar diversos
destinos e altitudes. Passeios de montanha não são só para os alpinistas, há
opções para vários perfis de viajantes.
Segundo
a ONU, 22% da superfície terrestre é coberta por montanhas, que têm papel
importante para o crescimento econômico sustentável. Estudos apontam que as
regiões montanhosas hospedam mais de um quarto das plantas e animais terrestres
e 30% das principais áreas de biodiversidade, sobretudo por serem ambientes
resilientes. “O relevo acidentado e íngreme dificulta atividades humanas, que
ficam restritas às áreas mais planas”, diz o pesquisador Roberto Fusco,
membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Mais
da metade da população do planeta depende dessas áreas para sobreviver. As
montanhas fornecem principalmente água doce, energia renovável e alimentos,
recursos que estarão cada vez mais escassos nas próximas décadas. A destruição
e degradação dessas paisagens têm aumentado consideravelmente, devido à pressão
humana, de forma direta e indireta. A ONU destaca que uma entre três pessoas
que moram em regiões montanhosas em países em desenvolvimento enfrenta isolamento
e insegurança alimentar.
“Embora
o terreno acidentado traga obstáculos para atividades humanas, as diferentes
altitudes em uma região montanhosa possibilitam o desenvolvimento de flora e
fauna diversificada, enriquecendo a biodiversidade. Além dos serviços
ambientais prestados, os ecossistemas de montanha também têm potencial para
contribuir com o desenvolvimento socioeconômico. Em regiões montanhosas, a
atividade turística pode impulsionar o crescimento local, considerando ainda
que a sustentabilidade das montanhas depende de que seu entorno e paisagens
sejam preservados”, diz Emerson Oliveira, gerente de Conservação da
Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
Dicas
Antes
de visitar uma região serrana ou montanha, busque informações detalhadas sobre
seu percurso, nível de dificuldade, necessidade de acompanhamento de guia e
equipamentos exigidos e aconselhados. Preste atenção na vestimenta e nos
calçados para evitar quedas e proteger o corpo de arranhões e picadas de
insetos. Não esqueça da água e de alimentos para o caminho, lembrando sempre de
descartar o lixo gerado de forma adequada. Há inúmeras opções de trajetos e
durações, mas, se você é iniciante na atividade, comece por destinos próximos
da sua cidade e de percurso fácil a moderado.
Veja
algumas opções de picos e montanhas que podem ser visitados em diferentes
partes do Brasil:
Serra
do Mar
A
Serra do Mar é uma região montanhosa que se estende por aproximadamente 1.500
quilômetros, ao longo do litoral do Sudeste e Sul do Brasil, de Santa Catarina
ao Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, estão localizados alguns dos picos mais
altos da serra, como o Pico Maior de Friburgo, com 2.366 metros. Ele fica no
Parque dos Três Picos, o maior parque estadual do Estado.
Pico
das Agulhas Negras e Prateleiras (Parque Nacional do Itatiaia)
O
Parque Nacional do Itatiaia foi o primeiro parque nacional do Brasil. Lá estão
o Pico das Agulhas Negras (o quinto ponto mais alto do país, com cerca de 2.790
metros de altitude) e o Maciço ou Pico das Prateleiras (com aproximadamente
2.540 metros de altitude). São dois dos melhores pontos do Brasil para praticar
atividades de aventura como escaladas e trekking. A trilha do Pico das
Prateleiras é considerada mais fácil, sendo dez quilômetros em percurso bem
demarcado. Já a trilha do Pico das Agulhas Negras tem grau de dificuldade mais
elevado, pois contém trechos expostos que exigem o uso de cordas.
Travessia
Marins–Itaguaré (Serra da Mantiqueira)
Trekking
que liga duas das maiores montanhas da região da Serra da Mantiqueira, o Pico
dos Marins (2.420 metros de altitude) e o Pico Itaguaré (2.300 metros de
altitude). Tem nível de dificuldade de moderado a difícil. Apesar de ter 15
quilômetros de extensão, a variação de altitude e seu terreno rochoso tornam o
percurso lento em alguns trechos.
Monte
Roraima (Serra de Pacaraima)
Uma
pedra gigante e quadrada em meio à paisagem e repleta de quedas de água. O
Monte Roraima é um tepui, um monte em formato de mesa bastante característico
da região das Guianas. A montanha ainda guarda no seu interior inúmeras
cavernas, que se interligam e formam a maior caverna de quartzo do mundo. A
altitude do cume é de 2.810 metros e está localizado na Serra de Pacaraima e na
tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana.
Conjunto
Marumbi (PR)
No
coração da Grande Reserva Mata Atlântica, na cidade de Morretes, esta cadeia de
montanhas é formada por picos entre 600 e 1.500 metros de altitude. Importante
área de conservação ambiental, o Parque Estadual garante vistas para a linha
férrea histórica e a baía de Paranaguá. O Morro do Rochedinho está entre os
percursos para iniciantes.
Pico
do Jaraguá (SP)
O
maior da metrópole de São Paulo, o Jaraguá está a 1.132 metros de altitude. A
formação rochosa conta com remanescentes da Mata Atlântica e fica numa área
preservada da Serra da Cantareira, podendo ser acessada por trilhas que levam a
uma vista panorâmica para a cidade paulistana.
Pico
da Neblina (AM)
É
o pico mais alto do Brasil, a 2.995 metros de altitude. Em Santa Isabel do Rio
Negro, nas proximidades com a fronteira da Venezuela, está o pico de rochas
cristalinas e sedimentares, localizado no Parque Nacional do Pico da Neblina,
que tem acesso a partir da reserva dos índios ianomâmis, parceiros de
operadoras de turismo para fazer o percurso guiado.
Pedra
da Gávea (RJ)
A
montanha dentro da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, também ganha um
título importante: é o maior bloco de pedra à beira-mar do mundo. Acima de seus
842 metros de altura, é possível ver a orla carioca, as Zonas Sul e Norte, além
de outras montanhas da Tijuca. Seu acesso é por uma trilha longa e difícil,
exigindo bom condicionamento físico.
Pedra
do Baú (São Bento do Sapucaí - SP)
Uma
das mais icônicas do estado de São Paulo, a Pedra do Baú fica num trecho da
Serra da Mantiqueira, entre São Bento do Sapucaí e Campos do Jordão. Formada
por granitos e outros minerais, chega a 340 metros de altura, de onde se
avistam até 20 cidades nos arredores. Tudo isso após uma jornada de 6 horas de
trilha.
Serra
do Rio do Rastro (SC)
Localizada no sul de Santa Catarina,
a Serra do Rio do Rastro é percorrida por uma estrada cênica, com curvas
acentuadas e subida íngreme. A paisagem é marcada por Florestas com Araucárias,
cachoeiras, paredões rochosos e cânions. A natureza pode ser explorada em
diferentes trilhas.
Fundação
Grupo Boticário
Rede de
Especialistas em Conservação da Natureza (RECN)
www.fundacaogrupoboticario.org.br
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