Com o estabelecimento do fenômeno La Niña e previsão de distribuição irregular de chuvas, os produtores podem ter que enfrentar mais uma vez um cenário atípico na safra de grãos 2021/22
A safra 2020/21 surpreendeu muitos
agricultores com uma seca prolongada nas principais regiões produtoras durante
a primeira safra de soja, além de registros de baixas temperaturas que
provocaram perdas na safrinha de milho. Foi uma temporada bastante atípica no
campo, com clima desafiador, segundo Gustavo Peri, coordenador comercial de
agronegócio da FF Seguros. “No inverno passado, curiosamente houve casos de
geadas três vezes nas mesmas áreas. Tivemos produtores que chegaram a registrar
até quatro ocorrências de sinistro”, conta Peri.
A safra 2021/22, por sua vez, teve um
início delicado. Novembro registrou grandes volumes de chuvas, superando a
média para o mês em diversas áreas produtoras nas regiões Centro-Oeste, Sudeste
e “MATOPIBA”. Dessa forma, já na largada da safra de soja, o clima causou
danos. “Já tivemos muitos casos de sinistros por causa de trombas d’água e
chuvas excessivas, acarretando a necessidade de replantios da soja”, conta
Diego Caputo, gerente comercial de agronegócio na FF Seguros.
Dezembro também registrou
precipitações acima da média, segundo dados da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), divulgados em levantamento de janeiro de 2022. Na região
Nordeste, especialmente na Bahia, as chuvas atingiram volumes de até 600
milímetros. Na região Norte, os acumulados ficaram predominantemente entre 200 e
400 milímetros. O Sudeste teve um mês de dezembro chuvoso, com Minas Gerais
registrando volumes de 300 a 550 milímetros. Já no Centro-Oeste, as chuvas
acumularam volumes principalmente na faixa de 200 a 400 milímetros.
A exceção ficou para a região Sul do
Brasil, que teve chuvas abaixo da média na maior parte das áreas, com no máximo
130 milímetros registrados em dezembro. O prognóstico climático indicou o
estabelecimento do La Niña, com 80% de chances de manutenção desse
fenômeno no primeiro trimestre de 2022, podendo ainda perdurar até o início do
próximo outono.
A conjuntura atual aponta para um
cenário de muita irregularidade na distribuição de chuvas, o que se traduz em
um verdadeiro pesadelo para a agricultura. Áreas situadas em uma mesma região
produtora podem sofrer com excesso ou insuficiência de chuvas. “A previsão é a
imprevisibilidade e as culturas de inverno são as que tendem a sofrer mais com
intempéries. Será um ano com adversidades climáticas e o produtor que não
estiver protegido vai correr sérios riscos”, analisa Caputo.
As incertezas também recaem na rotina
da seguradora FF Seguros, que precisa se planejar adiantadamente, já pensando
em estar preparada para atender com excelência todos os chamados que surgirem
durante a temporada 2021/22. “O cenário atual é desafiador em todos os
sentidos. Reforçamos o nosso planejamento operacional devido ao aumento das
demandas de visitas periciais, realização de análises, laudos e processos de
indenizações”, revela Caputo.
Os produtores podem administrar
melhor os riscos investindo em tecnologias de agricultura de precisão para
obter dados mais localizados e melhorar o manejo na fazenda. No entanto, mesmo
assim, o clima sempre será uma incógnita perigosa. Por isso, as contratações de
seguro agrícola devem ganhar impulso. “Com todos esses problemas que
aconteceram em 2021, agora fica muito mais latente para o produtor o quanto é
importante se proteger da variação climática. Existe uma percepção maior de
como o risco climático precisa ser mitigado e, com isso, naturalmente o mercado
de seguros vai seguir crescendo”, afirma Caputo.
A unidade de agronegócio da FF
Seguros atualmente conta com atendimento direto de mais de 200 corretoras. A
unidade de agronegócio da FF Seguros fechou 2021 com um valor aproximado de R$
410 milhões em prêmios emitidos, montante muito superior aos R$ 280 milhões em
prêmios registrados pela divisão agro em 2020.
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