Redução
da amplitude de movimento e vícios de postura são os principais sinais de os
músculos estão encurtados
Os
problemas musculoesqueléticos, como dores nas costas, ombros, pescoço e a falta
de flexibilidade afetaram muitas pessoas nos últimos dois anos, devido ao maior
tempo dentro de casa. O chamado encurtamento muscular também atingiu as
crianças e adolescentes.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em RPG e Pilates,
o público infantojuvenil foi bastante afetado do ponto de vista da saúde
musculoesquelética durante a pandemia.
“O ensino remoto exigiu um espaço dedicado para os estudos, mas nem sempre foi
possível oferecer uma ergonomia adequada. Com isso, muitas crianças e
adolescentes adquiriram vícios de postura. Esses, por sua vez, podem causar
dores e encurtamento muscular”.
“A outra questão é que as crianças e os adolescentes passaram todo esse tempo
sem praticar esportes e atividades físicas oferecidos pelas escolas. Em resumo,
o sedentarismo atingiu também esse público. Como resultado, muitas crianças e
adolescentes tem apresentado dores e vícios de postura, justamente relacionadas
ao encurtamento muscular”, aponta Walkíria.
O que é encurtamento muscular?
O encurtamento muscular é resultado da permanência, durante muito tempo, na
mesma posição. Com isso, o corpo ignora a cadeia muscular que não é usada.
“Em outras palavras, o corpo se adapta na posição que exige menos esforço ou
menos amplitude de movimento. O melhor exemplo é jogar o tronco para frente ao
usar um computador. A postura correta, nesse movimento, é manter o tronco
ereto. Essa postura, com o tempo leva ao desenvolvimento de uma cifose, a famosa
corcunda”, explica Walkíria.
Esse movimento se torna confortável para a criança ou adolescente e, assim, se
instala o vício postural. O problema é que a má postura causa outras condições,
como dores e a redução da flexibilidade, pois o músculo que não é usado fica
encurtado.
Estirão do crescimento e encurtamento muscular
O outro problema do encurtamento muscular está relacionado ao estirão do
crescimento. O crescimento ósseo precede o muscular. Quando há um crescimento
ósseo muito rápido, o músculo não consegue acompanhar.
“Um adolescente que fica muito tempo sentado ou deitado, sem oportunidades de
se alongar, pode ter um agravamento do encurtamento muscular na fase do
estirão. A consequência é uma desorganização mais grave da postura”, reforça a
especialista.
Portanto, os pais devem ficar atentos aos sinais posturais das crianças e
adolescentes, bem como às queixas de dores nas costas, pescoço e membros
inferiores. Caso notem alterações, o ideal é procurar um fisioterapeuta para
uma avaliação.
RPG Infantojuvenil
A fisioterapia é um recurso importante para recuperar os músculos encurtados. A
Reeducação Postural Global (RPG), nesses casos, é muito indicada. O foco do
método é o alongamento global do paciente, por meio do reequilíbrio e da manutenção
da postura. A RPG pode ser realizada semanalmente. O tratamento pode durar em
torno de 10 a 15 sessões.
“Outros recursos podem ser usados para tratar o encurtamento muscular, como o
Pilates Kids e sessões de alongamento”, finaliza Walkíria.
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