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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Como estimular a inclusão dos negros no mercado de trabalho?


A inclusão racial no mercado de trabalho ainda é uma realidade distante para muitos. Dados divulgados pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS) mostram que os negros enfrentam mais dificuldade de encontrar um emprego do que trabalhadores brancos, mesmo tendo a mesma qualificação. Como resultado, 46% dos negros colocam uma boa colocação profissional como o seu principal objetivo, segundo estudo realizado pela consultoria Mindset e pelo Instituto Datafolha. Por mais difícil que ainda possa ser, importantes incentivos já estão sendo sinalizados como forma de reduzir essa disparidade.

Numericamente, os negros representam cerca de 55% da população brasileira, segundo dados da Rede Brasil do Pacto Global. Mesmo sendo a maioria, apenas 5% chegam a ocupar cargos de liderança. Por muitos anos, a falta de preparo e qualificação profissional foi utilizada como justificativa para tal discrepância – argumento que hoje, se tornou inválido diante de tantas políticas públicas voltadas para este objetivo.

Em âmbito educacional, a Lei de Cotas foi uma das principais criadas até hoje como forma de proporcionar um maior acesso à educação de qualidade pelos jovens negros. Junto com outras políticas públicas, contribuíram para que o número de alunos negros em universidades públicas crescesse quase 400% entre 2010 e 2019, segundo um estudo realizado pelo Quero Bolsa.

Ainda, existem diversos programas e cursos profissionalizantes criados para aperfeiçoar ainda mais essa inclusão. A SEDA College Online, por exemplo, criou em parceria com a DiverX, o projeto Pretos que Voam, idealizado pelo Quilombo Aéreo. Com a proposta de aumentar a diversidade e inclusão dentro do setor aéreo por meio da educação, qualificação e empregabilidade, foram disponibilizadas 12 bolsas de estudos de inglês e outras 12 para espanhol para que os profissionais aperfeiçoassem seus conhecimentos nos idiomas.

Uma base sólida de educação, preparação e qualificação é uma das principais formas de proporcionar uma maior empregabilidade – principalmente, dentre a população negra que, ainda hoje, enfrenta enormes desafios e preconceitos estruturais. Mas, muito mais do que isso, a inclusão deve permear as políticas internas das empresas, com profissionais preparados para acolher e reter esses trabalhadores.

Não à toa, o projeto Pretos que Voam corrobora dessa visão, buscando sempre parcerias que estejam engajadas no mesmo propósito de oferecer incentivos para pessoas negras e pardas, em busca de qualificação para entrarem no mercado de trabalho. Contudo, não há como estimular tal inclusão sem a participação ativa no quadro interno organizacional, junto com ações externas que incentivem e ampliem as oportunidades por meio da educação.

Diante de um cenário ainda mais devastador durante a pandemia, o estímulo à maior entrada desses jovens no mercado de trabalho se tornou ainda mais importante. No caso específico das mulheres negras, sua taxa de participação no mercado de trabalho caiu nove pontos percentuais no primeiro trimestre do ano, quando comparado ao anterior. Foi a maior variação entre os grupos analisados, em um estudo inédito feito pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS).

São dados preocupantes, mas que, com a devida atenção e preocupação perante as organizações, podem ser revertidos. Não há como negar a forte discriminação que muitos ainda enfrentam. Entretanto, com pequenas ações de incentivo como essas, junto com o devido preparo interno em cada empresa, poderemos finalmente caminhar rumo à maior inclusão dos negros no mercado de trabalho.

 

Tiago Mascarenhas - CEO do Grupo Educacional SEDA.

 

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