A inclusão racial no mercado de trabalho ainda é
uma realidade distante para muitos. Dados divulgados pela Síntese de
Indicadores Sociais (SIS) mostram que os negros enfrentam mais dificuldade de
encontrar um emprego do que trabalhadores brancos, mesmo tendo a mesma
qualificação. Como resultado, 46% dos negros colocam uma boa colocação
profissional como o seu principal objetivo, segundo estudo realizado pela
consultoria Mindset e pelo Instituto Datafolha. Por mais difícil que ainda
possa ser, importantes incentivos já estão sendo sinalizados como forma de
reduzir essa disparidade.
Numericamente, os negros representam cerca de 55%
da população brasileira, segundo dados da Rede Brasil do Pacto Global. Mesmo
sendo a maioria, apenas 5% chegam a ocupar cargos de liderança. Por muitos
anos, a falta de preparo e qualificação profissional foi utilizada como
justificativa para tal discrepância – argumento que hoje, se tornou inválido
diante de tantas políticas públicas voltadas para este objetivo.
Em âmbito educacional, a Lei de Cotas foi uma das
principais criadas até hoje como forma de proporcionar um maior acesso à
educação de qualidade pelos jovens negros. Junto com outras políticas públicas,
contribuíram para que o número de alunos negros em universidades públicas
crescesse quase 400% entre 2010 e 2019, segundo um estudo realizado pelo Quero
Bolsa.
Ainda, existem diversos programas e cursos
profissionalizantes criados para aperfeiçoar ainda mais essa inclusão. A SEDA
College Online, por exemplo, criou em parceria com a DiverX, o projeto Pretos
que Voam, idealizado pelo Quilombo Aéreo. Com a proposta de aumentar a
diversidade e inclusão dentro do setor aéreo por meio da educação, qualificação
e empregabilidade, foram disponibilizadas 12 bolsas de estudos de inglês e
outras 12 para espanhol para que os profissionais aperfeiçoassem seus
conhecimentos nos idiomas.
Uma base sólida de educação, preparação e
qualificação é uma das principais formas de proporcionar uma maior
empregabilidade – principalmente, dentre a população negra que, ainda hoje,
enfrenta enormes desafios e preconceitos estruturais. Mas, muito mais do que
isso, a inclusão deve permear as políticas internas das empresas, com
profissionais preparados para acolher e reter esses trabalhadores.
Não à toa, o projeto Pretos que Voam corrobora dessa
visão, buscando sempre parcerias que estejam engajadas no mesmo propósito de
oferecer incentivos para pessoas negras e pardas, em busca de qualificação para
entrarem no mercado de trabalho. Contudo, não há como estimular tal inclusão
sem a participação ativa no quadro interno organizacional, junto com ações
externas que incentivem e ampliem as oportunidades por meio da educação.
Diante de um cenário ainda mais devastador durante
a pandemia, o estímulo à maior entrada desses jovens no mercado de trabalho se
tornou ainda mais importante. No caso específico das mulheres negras, sua taxa
de participação no mercado de trabalho caiu nove pontos percentuais no primeiro
trimestre do ano, quando comparado ao anterior. Foi a maior variação entre os
grupos analisados, em um estudo inédito feito pela Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS).
São dados preocupantes, mas que, com a devida
atenção e preocupação perante as organizações, podem ser revertidos. Não há
como negar a forte discriminação que muitos ainda enfrentam. Entretanto, com
pequenas ações de incentivo como essas, junto com o devido preparo interno em
cada empresa, poderemos finalmente caminhar rumo à maior inclusão dos negros no
mercado de trabalho.
Tiago Mascarenhas - CEO do Grupo
Educacional SEDA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário