Contar com a ajuda de um especialista auxilia a
lidar com relacionamentos em crise e questões que estão interferindo
negativamente; a psicóloga clínica Vanessa Gebrim revela os
principais mitos e verdades o assunto
Nos últimos tempos as
pessoas foram bombardeadas com notícias nos principais veículos de comunicação
sobre relacionamentos abusivos. Como o caso recente do cantor Nego do Borel e
da atriz e influenciadora digital Duda Reis, que após três anos de
relacionamento, o término virou caso de polícia. Com a chegada das redes
sociais, onde as pessoas passaram a ter mais voz para denunciar e buscar apoio,
casos sobre violência contra mulher e relacionamentos abusivos viraram
protagonistas.
E atualmente as mulheres têm
sido vítimas em diversos relacionamentos. Para se ter uma ideia, de acordo com
a Organização Mundial da Saúde Mulher, em 2019, 243 milhões de mulheres
sofreram violência física, sexual ou psicológica pelos próprios parceiros. Mas
quais são os principais sinais para identificar um relacionamento abusivo?
Segundo a psicóloga Vanessa
Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, existem sinais bem
claros geralmente presentes nesse tipo de relacionamento. “Entre eles
estão: ciúme exagerado, possessividade, necessidade de controle,
comportamento agressivo, invasão de privacidade, chantagem, manipulação,
controle financeiro, violência sexual, verbal, emocional e física, ameaças,
entre outros”, explica.
Porém, a especialista ainda
fala que nem sempre esses sinais são fáceis de serem enxergados pela vítima
que, muitas vezes, se sente presa e com a autoestima abalada pelo parceiro. “A
terapia de casal é uma ótima forma de identificar esse tipo de caso. No
decorrer dos atendimentos psicológicos, o terapeuta começa a perceber os sinais
de que está havendo abuso no relacionamento. O abusador vai se revelando
através de comportamentos que são considerados sugestivos de um relacionamento
abusivo”, complementa a especialista.
Abaixo, confira os
principais mitos e verdades sobre o assunto:
Existem casos em que os
envolvidos não sabem que estão em um relacionamento não saudável?
VERDADE. “Muitas vezes, o
relacionamento já vem com um padrão estabelecido e o casal pode não ter
consciência de que está dentro de um relacionamento abusivo. É papel do
psicólogo mostrar ao casal e orientá-lo sobre a existência desse tipo de
relacionamento e isso vai ficando mais claro durante a evolução da
psicoterapia”, conclui Vanessa.
Existem vários níveis de uma
relação abusiva?
VERDADE. “Existem vários níveis,
desde um abuso psicológico ou verbal até a forma mais grave onde acontece a
morte da vítima”, diz.
Meu parceiro faz pouco caso
das minhas conquistas, é normal?
MITO. “Um relacionamento
deve ser algo positivo na vida de ambos, algo que venha complementar uma
felicidade. E a base de relacionamentos saudáveis é o companheirismo, por isso,
o companheiro deve vibrar pelas conquistas de sua mulher. O problema é que em
um relacionamento abusivo, o homem, muitas vezes, faz de tudo para humilhar sua
parceira para se sentir melhor. É doentio”, conta.
Uma das principais fugas de
uma abusador é dizer que a mulher é “louca”.
VERDADE. “Uma forma deles se
defenderem de possíveis percepções do abuso nas mulheres, é taxar a companheira
como louca, fazendo com que a mesma se questione a própria sanidade e
capacidade de analisar as situações. Nesses casos, muitas vezes eles conseguem
fazer com que a vítima se sinta culpada pelas reações agressivas dele”,
comenta.
Sou vigiada pelo meu
parceiro, posso considerar isso normal?
MITO. “De maneira alguma.
Não é porque é seu marido ou namorado que tem direito de vigiar a sua
intimidade. Alguns acontecimentos comuns nesse sentido são: pedir para a mulher
se afastar dos amigos e familiares - mesmo de forma indireta -, ter acesso ao
celular e redes sociais, viver pedindo desculpas, dizendo que vai mudar, mas
não altera o padrão de comportamento, controle da vida financeira, entre
outros.”, esclarece.
Controle e ciúmes excessivo
é normal em uma relação saudável?
MITO. “Ciúmes é um sentimento
comum do ser humano, que existem em relações saudáveis, mas nada em excesso é
normal, ainda mais quando esse sentimento causa o poder de posse em cima de
alguém. É considerado normal apenas quando não existe controle excessivo e não
cause sofrimento tanto na pessoa que vivencia esse sentimento como naquela que
é o alvo do ciúme”, salienta a psicóloga.
Vanessa
Gebrim - Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu
desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia
de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias
que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de
pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É
precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR,
Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas
modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito
cerebral. Atua também como Consteladora Familiar, com abordagem sistêmica que
promove o equilíbrio e melhora relações interpessoais. Tem amplo conhecimento
clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças
profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20
anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata
transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC,
ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais,
distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto,
entre outros.
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