Depois do adiamento em 2020 devido à pandemia da Covid-19, 2021 se prepara para receber mais uma edição das Olímpiadas. Com o início previsto para essa sexta-feira (23), a competição será sediada pela cidade de Tóquio, no Japão.
A cada edição,
o evento traz consigo mais do que medalhas e emoções, reunindo uma bagagem
histórica indescritível, que reflete o tempo em que se vive. Um dia, o mundo
olhará para trás e lembrará desta edição (2020/2021), marcada por novos
protocolos de segurança, orientados pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
devido à pandemia que abalou a todos.
A vizinhança
entre História e Esportes está, inclusive, no cerne do evento que teve início
há mais de 2500 anos e foi retomado em 1896, na mesma Grécia onde tudo começou.
A história da Olimpíada e seu vínculo com atos
políticos
Segundo o
autor de história do Sistema de Ensino pH
Gabriel Onofre, a principal competição esportiva do planeta assume uma dimensão
que extravasa o esporte, mais uma das esferas humanas que estão sujeitas à
política. O esporte pode ser um instrumento de poder de forma conservadora, mas
também pode ser usado como ferramenta de mudança. Em diversos momentos, as
Olimpíadas foram utilizadas pelos governos para propaganda de suas ideologias e
realizações, como as Olímpiadas de Berlim em 1936. “Desde as criações dos Jogos
Olímpicos na Grécia Antiga, é difícil falar em separação de esporte e política.
Quando você tem uma retomada dos jogos olímpicos no final do século XIX, isso
acontece também. O esporte sempre vai estar permeado por questões políticas. Ao
longo do século XX, principalmente na Guerra Fria, esse contexto vai ficar mais
evidente”.
Citando
exemplos de situações assim no século XX, Gabriel menciona a Olímpiada na
Cidade do México em 1968, quando dois atletas estadunidenses do atletismo
ganharam medalhas e fizeram a saudação do Black Power, com as luvas negras
erguidas em protesto contra o racismo e a injustiça. A repercussão do ato foi
uma punição da Comissão Olímpica na época, somente hoje em dia os atletas estão
sendo relembrados com admiração por suas atitudes naquele evento. “Muitos
atletas foram expulsos da competição por usarem a plataforma olímpica para um
protesto político”. Outro episódio é durante a Guerra Fria, quando houve uma
série de boicotes olímpicos por parte dos Estados Unidos e alguns países
capitalistas na Olímpiada de Moscou em 1980. Em resposta, União Soviética e
países comunistas boicotaram os Jogos Olímpicos em Los Angeles quatro anos
depois. “A gente pode ver como a rivalidade entre as duas superpotências da
Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, apareceu nos Jogos Olímpicos,
esvaziando jogos e significando uma derrota ao esporte”, finaliza Gabriel
Onofre.
História e esportes: cumplicidade para além do
tempo
Não é de hoje
que História e Esportes caminham lado a lado. As Olimpíadas são a prova
material dessa relação entre as disciplinas. De acordo com o professor Éder
Luiz Martins, que leciona “História Geral” e “História do Brasil” para os
cursos de Economia e Relações Internacionais na FACAMP – Faculdades
de Campinas, uma é testemunha da outra. O docente é conhecido
na cidade paulista por ser o fã número 1 dos torneios Olímpicos, sabendo
informações muito precisas de cor e salteado. “Acompanho desde a edição de
Moscou, em 1980, e me lembro de detalhes específicos, como por exemplo todas as
medalhas de ouro da natação desde então”.
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