Saúde mental abalada, má alimentação, uso de bebidas alcoólicas e distúrbios metabólicos são apontados como os principais impactos que causam noites mal dormidas
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Pesquisa aponta que mais da metade das pessoas tem enfrentado noites mal dormidas; nervosismo, ansiedade, tensão e dificuldade no relaxamento são principais reflexos
O estresse causado pela pandemia é o grande
responsável pela piora na qualidade do sono de muitos brasileiros. É o que
afirma uma pesquisa, realizada pelo Royal Philips, que indicou que 74% dos
entrevistados enfrentam problemas de sono. Desses, 50% acreditam que a pandemia
afetou diretamente a possibilidade de dormir bem. 47% dos participantes também
relataram que acordam no meio da noite. Esse cenário de noites mal dormidas
levou a um outro reflexo: o aumento da venda e do consumo de remédios
hipnóticos que ajudam a regular o sono. Um crescimento de 20% em 2020, em
comparação com o ano anterior, segundo o Conselho Federal de Farmácia.
Para o médico otorrinolaringologista e coordenador
de residência do Hospital Universitário Cajuru de Curitiba (PR), Marco César, o
estado emocional tem um papel importante na qualidade do sono. Outros fatores
que também podem impactar o momento de dormir são: a má alimentação, o uso de
bebidas alcoólicas e os distúrbios metabólicos, como alterações hormonais.
Estudos já mostram que a qualidade da alimentação e a moderação no consumo de
álcool foram justamente dois hábitos que mudaram durante a pandemia.
“Quando pensamos em um corpo saudável precisamos
pensar em três grandes pilares: o primeiro é a alimentação saudável, o segundo
é atividade física e, por fim, o descanso. Então, o sono é o momento de
recuperação do organismo, com a eliminação de alguns hormônios que permitem a
regeneração dos grupos musculares. E no sono profundo descansamos nossa mente e
recuperamos nosso estado emocional”, afirma o médico. Insônia, ronco, apnéia do
sono, narcolepsia, sonambulismo e síndrome das pernas inquietas são alguns dos
distúrbios de sono mais comuns entre a população.
Sentimentos de nervosismo, ansiedade, tensão e dificuldade
no relaxamento são apontados como os principais impactos provocados pela
pandemia. Além disso, a maior exposição às telas de computadores e celulares,
devido à necessidade de adaptação do trabalho ao modelo remoto, também pode ser
um dos causadores do crescimento de relatos de noites mal dormidas. “O celular,
a televisão, os tablets acabaram se tornando uma extensão do nosso próprio
corpo. A luz azul emitida pelos aparelhos acaba inibindo a eliminação da
melatonina, que é o hormônio liberado para induzir e manter o sono”, enfatiza.
Outro problema que deve ser levado em conta diz
respeito aos distúrbios do sono e outros agravantes que eles podem acarretar.
“Esses problemas do sono podem acabar levando a doenças degenerativas do
sistema nervoso central. O paciente pode começar com alterações de memórias,
distúrbios de relacionamentos e de comportamento, com crises de ira, por
exemplo”, afirma o otorrinolaringologista.
Saúde mental
Para melhorar a qualidade de sono, o psicólogo do Hospital Universitário
Cajuru, Sidnei Evangelista aposta no fortalecimento da saúde mental. “É o
estado de bem estar que faz o indivíduo conseguir ser produtivo, realizar as
suas habilidades e se recuperar do estresse causado pela rotina. Agora, na
pandemia, é importante se atentar ainda mais a isso. A procura de um
profissional de saúde que possa escutar e sugerir pontos importantes de análise
que irão aliviar de certa forma a tensão, ou minimizar os danos, é
fundamental”, explica.
Esse acompanhamento profissional também é destacado
pelo médico Marco César para evitar casos de automedicação e receber as
orientações indicadas a cada pessoa. “Dentro da possibilidade de cada um, é
necessário tentar manter uma alimentação mais saudável, fazer algum tipo de
atividade física, dando preferência às atividades matinais, e evitar bebidas
alcoólicas perto do horário de dormir”. A moderação também vale no que se
refere aos perigos das telas de celulares, computadores e televisões. “Nunca
leve o celular, nem assista à televisão na cama. O seu corpo tem que entender
que ao se deitar, você vai dormir”. O especialista ainda alerta que, se mesmo
seguindo essas orientações, os distúrbios do sono persistirem, é essencial
procurar ajuda médica.
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