Um viés fundamental da sustentabilidade é o social. O sincronismo da dinâmica econômico cultural de uma organização possui efeito direto e determinante na sua direção de equilíbrio ou degradação do organismo social. O equilíbrio social passa por uma escalada evolutiva na qual as bases servem de pré-requisito aos demais degraus.
O patamar primário se refere a que todos os
indivíduos existam sob plena condição de dignidade, atingida pela contemplação
das necessidades, logo, da condição de motivação estática. A partir desse
ponto, passa-se a desmontar a perversidade do sistema educacional e conceder
uma distribuição uniforme das oportunidades instrutivas do crescimento e
desenvolvimento individual, logo, coletivo, desse modo, potencializando o
despertar do desejo de se gerar valor, constituindo uma camada integral de
renovação competitiva com pleno discernimento ético para desbanalizar a
ganância irresponsável. Do mesmo modo, subsequentemente, elaborar um ambiente
de concessão dos meios e distribuição dos recursos produtivos de maneira a
estimular o livre mercado; neste estágio, indivíduos sob motivação estática
passam em grande medida ao estado de motivação cinética, ou seja, com pujança e
vias para efetivar o desejo de gerar valor. Eis então o status genuíno de
justiça social; de agora em diante, se vale a preciosa meritocracia genuína, a
prosperidade sem antagonismos.
Podemos inferir em primeira análise que a
meritocracia origina os mono e oligopólios, uma vez que organizações que lucram
mais são tubarões que se retroalimentam aumentando cada vez mais o tamanho da
sua boca para predar os demais. Todavia, em uma estrutura socialmente forte, há
uma reciclagem incessante de indivíduos ávidos e aptos por gerar vantagem
competitiva, de maneira que os tubarões dormem com um olho aberto e outro
fechado para não serem gradualmente definhados por ágeis peixes predadores;
vede o livre mercado de uma sociedade ajustada, o círculo mágico da evolução.
Desafortunadamente, inúmeras sociedades socialmente degradadas necessitam
legitimamente lançar mão do processo de assistencialismo para estancar o
sofrimento humano primário; podemos nos questionar se por este caminho não
haveria um estanque progressista, porém, isso somente ocorre em se mantendo o
status quo da degradação social. À medida que se edifica a base da justiça
social, vítimas estruturais legítimas se reduzem, e tais indivíduos, através do
processo de ética educacional baseada no universalismo, passam a ser amparados
pela cultura de inserção, que torna a marginalidade quase uma questão de
arbitrariedade individual, não um condicionamento estrutural. Eis a linha de
chegada da sustentabilidade, uma sociedade justa, livre, meritocrática e
fraterna.
Gustavo Velasquez da
Veiga - Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, possui MBA em Gestão Comercial pela FGV e MBA em
Gestão de Negócios pela ESALQ/USP. Desenvolveu sua carreira no setor de
horticultura com relevante êxito nos elos de Distribuição, Representação
Comercial, e atua na área de Marketing Estratégico. Gerente de Produtos e
Coordenador Global de Produtos em uma multinacional japonesa do mercado de
sementes de hortaliças. Há muito, um pensador e estudioso fascinado pela área
comercial e as interações humanas que compõem as organizações e sua interação
com o universo.
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