A Miastenia Gravis é uma doença neuromuscular rara e de difícil diagnóstico, caracterizada pela súbita interrupção da comunicação natural entre nervos e músculos, causando fraqueza muscular. Ela pode acometer pessoas de qualquer faixa etária, mas segundo dados do Ministério da Saúde, há o predomínio maior em mulheres. Os picos de ocorrência da doença variam entre 20 e 34 anos para a população feminina, e de 70 a 75 anos para homens. A doença afeta a parte do músculo que se conecta com o nervo e leva o paciente a ter dificuldade em executar movimentos simples do cotidiano de forma voluntária.
Essa fraqueza pode acometer qualquer músculo, mas
existem alguns grupos musculares que são mais frequentemente acometidos pela
doença. Dentre eles, destaque para a fadiga muscular de braços e pernas, queda
das pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir. Em
casos graves, os músculos da respiração podem ser atingidos, resultando em
insuficiência respiratória.
Para prevenir o agravamento da doença, impedindo
que o paciente possa até deixar de movimentar os músculos afetados pela
Miastenia, a indicação de fisioterapia especializada é fundamental no
tratamento. “Pequenas crises diárias vão deixando os músculos e o corpo cada
vez mais debilitados, podendo aumentar a dificuldade de deglutição e
respiração. Isso sem contar que em algumas crises o paciente perde o movimento
total ou em alguma parte do corpo”, alerta Anne Dias, fisioterapeuta do
Ambulatório de Cuidados Integrativos para pacientes com Miastenia pela UNIFESP
(Universidade Federal de São Paulo), especialista em Microfisioterapia, e
fisioterapeuta parceira da ABRAMI (Associação Brasileira de Miastenia).
Embora não exista cura para a Miastenia Gravis, os
medicamentos reduzem a produção de anticorpos contra as estruturas musculares e
as sessões de fisioterapia motora ajudam a fortalecer a musculatura do corpo.
Já a fisioterapia respiratória é indicada para os casos de crises miastênicas.
“Primeiro você estabiliza a doença com as medicações. E com a fisioterapia, o
paciente vai recuperando tanto suas funções respiratórias como motoras, por
isso ela é fundamental ao tratamento de miastenia”, recomenda o médico
neurologista Eduardo Estephan, especialista em Doenças Neuromusculares dos
Hospital das Clínicas, do Hospital Santa Marcelina e diretor científico da
Associação Brasileira de Miastenia (ABRAMI). De acordo com o neurologista,
mesmo com a doença estabilizada, muitas vezes os músculos perdem a força por
desuso.
A fisioterapeuta Anne Dias afirma que tão logo o
diagnóstico da doença seja feito é preciso que o paciente procure um
fisioterapeuta, de preferência que ele seja especializado em abordagem
integrativa, pois segundo ela, os exercícios de reabilitação no local afetado
podem causar mais fadiga, agravando os sintomas.
Dores flutuantes
É comum que pacientes com Miastenia gravis
apresentem dificuldades e debilidades nos movimentos. “As dores são
‘flutuantes’. Ora dói em uma parte do corpo; em outro momento a dor está em outro
lugar. Em alguns dias dói, em outros ela desaparece. Essa condição dificulta
ainda mais os movimentos, causando mais fadiga e fraqueza muscular”, afirma a
fisioterapeuta.
Mas é importante ressaltar que a dor não é um
sintoma da Miastenia. Ela é consequência do esforço e do movimento incorreto
que o paciente faz por causa da sua condição clínica de fraqueza e fadiga
muscular. “Esse esforço excessivo causa uma despolarização sustentada da
membrana das células e um encurtamento dos sarcômeros. O sarcômero é um dos
componentes básicos dos músculos que permite a contração muscular. Com este
encurtamento, podem aparecer no corpo os chamados pontos gatilhos”, afirma.
Pontos gatilhos são pequenos segmentos de fibras musculares contraídas, que são
mais sensíveis à pressão. Esta condição, também é conhecida como síndrome
dolorosa miofascial, muito confundida também com a fibromialgia.
Cuidados integrativos
A miastenia é uma doença que não tem cura, mas com
o acompanhamento médico, medicação e a ajuda do fisioterapeuta, o paciente
consegue conviver com a doença com mais qualidade de vida.
E a função do fisioterapeuta é avaliar e tratar o
paciente nas suas dificuldades e debilidades em diversas fases da doença. Os
protocolos mais indicados nos quadros de crises miastênicas é a terapia manual
e técnicas com toque sutil sobre a pele. “Pesquisas já comprovaram que técnicas
com toque sutil de até 5 miligramas (intensidade de um cartão postal sobre a
pele), atuam no sistema nervoso central. Este tipo de toque recrutam as fibras
aferentes C tátil, que atuam no córtex insular e no sistema límbico. Elas
regulam o corpo como um todo, do sistema imunológico até a melhora do
estresse”, avalia Anne Dias.
De acordo com a fisioterapeuta, estas fibras atuam
também nos interoreceptores, causando uma melhora da percepção do próprio
corpo, função fisiológica que permite perceber estados internos (como a fome e
a exaustão). “Este tratamento fisioterapêutico, entre outros da fisioterapia
integrativa, oferecem inúmeros benefícios, em especial na melhora no quadro do
paciente com miastenia”, afirma a especialista.
A microfisioterapia no tratamento da Miastenia
Gravis
A microfisioterapia é uma técnica francesa de
terapia manual de toque sutil, baseada na Embriologia. “Ela é capaz de encontrar
no corpo o agente agressor que está impactando o organismo, causando o
problema”, explica Anne Dias.
Hoje em dia sofremos agressões externas, desde a
ambientais (poluição, toxinas, vírus, bactérias), até agressões internas
(excesso de emoções, estresse, alimentação inadequada), entre outros. “O
agressor quando entra no corpo deixa uma marca, uma cicatriz, chamada cicatriz
patogênica. Através desta técnica é possível encontrar este agente agressor e
ajudar o corpo a eliminá-lo e a se autocorrigir”, explica a fisioterapeuta.
Com isso, a microfisioterapia ajuda o paciente como
um todo: contribui para a restauração dos movimentos, no controle da fadiga e
da fraqueza muscular, na melhora da respiração, da percepção da dor e na
regulação do sistema imunológico. Por ser uma técnica de toque sutil, mesmo o
paciente debilitado pode realizar a sessão.
https://www.miastenia.com.br/abrami/
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