A recente articulação na Câmara para uma possível aprovação da recriação de barreiras comerciais à entrada de produtos estrangeiros no país pode dificultar as chances de o Brasil comprar ou vender produtos em um cenário competitivo e benéfico para a economia nacional. A avaliação é do advogado sócio e coordenador jurídico do escritório LG&P, Fernando Cesar Lopes Gonçales, que atende empresas de grande porte em diferentes segmentos da indústria e do comércio nas áreas tributárias, trabalhistas, de recuperação de crédito, entre outras. “Uma nova imposição ao chamado preço de referência, que não tem previsão legal, pode até ser uma forma de proteger o mercado interno frente a importados, principalmente provenientes de países asiáticos, como a China; mas isso também vai de encontro aos acordos comerciais e parcerias que o Brasil tem estabelecido com outras nações, para a aquisição não somente de insumos, como também de serviços, tecnologia e know how importantes para nossa economia e competitividade”, diz Gonçales. Segundo ele, esses acordos são instrumentos que ajudam no ganho de competitividade nacional, ao contemplarem, por exemplo, benefícios fiscais para a venda e compra de produtos.
Gonçales lembra que o Brasil já sofreu sanções da
Organização Mundial do Comércio (OMC) no passado, por conta de barreiras
criadas para a prática do preço de referência. “O governo já possui
instrumentos plausíveis e previstos legalmente para a regulamentação do
mercado. O Imposto de Importação é um exemplo. Diferente de outros impostos,
ele não possui tantas premissas para ser majorado ou não, ou seja, foi criado
fundamentalmente para regular e proteger o mercado, balizando a maioria das
nossas negociações no comércio exterior”, diz Gonçales. “Quando há a importação
de produtos que podem desiquilibrar a cadeia comercial interna, o imposto de
importação calibra o cenário, aumentando ou reduzindo alíquotas, por exemplo”,
completa o advogado.
A possibilidade de recriação de barreiras
comerciais, discutida pelo Congresso em uma possível edição de Medida
Provisória, contraria a posição do Ministério da Economia. “É preciso que a
indústria e o comércio avaliem o peso que o retorno do chamado preço de
referência pode trazer aos negócios brasileiros, na esfera do comércio
exterior”, diz Gonçales.
Fernando Cesar Lopes Gonçales - sócio e coordenador
Jurídico do LG&P. É bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, pós-graduado em Direito Tributário pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo e possuí MBA em Gestão de Controladoria
Auditória e Tributos pela FVG.
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