Se a transformação digital já era uma realidade - ou ao menos um termo - no cotidiano das empresas, a partir de 2020, com a pandemia e seus impactos, podemos dizer que isso entrou em um modo turbinado. Da noite para o dia, nossas casas viraram o principal local de trabalho e a palavra nuvem deixou de ser uma tendência para virar uma necessidade. Um estudo recente da Unisys identificou que 60% dos líderes da América Latina consideram o aumento de eficiência como o principal benefício da cloud computing. O segundo maior ganho da tecnologia, apontado por 57% dos gestores, é a acessibilidade de dados remotamente.
Em um mundo pós-pandêmico,
nos negócios ou em nossa vida pessoal, a única certeza é a de que nada será
como antes. Claro que é possível fazer um balanço do que ocorreu e ter algumas
percepções do que está por vir, mas o fato é que, de uma maneira ou de outra, é
preciso ter uma mentalidade voltada ao futuro. A seguir, sete insights
para a construção dessa mentalidade.
1- Conhecimento é poder
A transformação atual está alinhada com a era da informação, em que o recurso estratégico
de poder é o conhecimento. Nesse contexto, não se trata apenas dos dados
disponíveis, mas o que será feito com eles. A discussão é como conseguir
traduzir as informações e dados em conhecimento aplicável para a gestão.
Fala-se muito em dados, mas quais dados? Como trabalhá-los, caracterizá-los,
acessá-los e disponibilizá-los em segurança para a cadeia de valores da
empresa? Esse é o grande desafio.
2- Tudo mudou
Na área de gestão, a pandemia acelerou a
transformação de negócios e obrigou profissionais e empresas a encontrar novos
caminhos para o trabalho cotidiano. Nesse sentido, atualmente não há mais a
competição entre empresas, negócio contra negócio. Há, sim, disputa sobre as
transições de mercado, que impõem novas realidades, exigem o uso de
tecnologias, requerem novas habilidades e remodelam negócios. Não estamos no
mesmo barco, estamos todos sob a mesma tempestade. Mas cada um com seus
recursos. Enquanto alguns estão em transatlânticos, outros seguem em jet-skis,
botes, boias ou até nadando em alto-mar.
3- Prioridades e tópicos para o futuro
A mentalidade do futuro se relaciona a algumas prioridades: o foco em
habilidades de inovação; empresas ágeis que aprendem rápido; a colaboração e a
parceria da empresa internamente e com o ecossistema; o conceito de
ambidestria, que significa poder olhar para o negócio hoje, sem perder de vista
o futuro; e as capacidades dos softwares. Já algumas mudanças irão moldar o
futuro dos negócios. A tecnologia continuará a ser o acelerador da transformação.
Teremos mais gente no mundo vivendo mais. A urbanização também seguirá
crescendo. O poder econômico global mudará, com os mapas econômico e
geopolítico reescritos. E as preocupações ambientais estarão inseridas nessa
jornada de reestruturação que vivemos.
4- O que será importante?
Entre as competências vitais para o futuro das empresas estão o pensamento
analítico e inovador, a aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem; a
solução de problemas complexos; pensamento crítico e analítico; criatividade,
originalidade e iniciativa; liderança e influência social; uso, monitorização e
controle da tecnologia; design e programação tecnológica; resiliência,
tolerância ao estresse e flexibilidade; e raciocínio, resolução de problemas e
ideação.
5- Autoajuste
A tecnologia permite melhorar o desempenho, mas
ela é um meio, não o fim. As learning organizations, empresas que constroem com
velocidade suas infraestruturas tecnológicas, também devem preparar seus
colaboradores para saber extrair o máximo dessas tecnologias. Já o desempenho
está entre dois eixos: dinamismo e complexidade. Há, portanto, a necessidade de
sermos mais ágeis, dinâmicos, automatizados e algorítmicos para construirmos
empresas que possam ser autoajustáveis. Ou seja, corporações que corrijam a
rota rapidamente diante do contexto de mercado. Tudo isso é suportado por uma
mentalidade ágil, que deve vir antes da metodologia ágil.
6- O passado já passou
Seja referente ao passado mais antigo ou mais
recente, é importante considerar que ele não vai voltar. Apesar da esperança
com a vacina, por exemplo, o mundo não vai voltar ao que era antes. Há um novo
modelo, um novo mundo híbrido, que as pessoas perceberam que funciona, se
renderam a ele e passaram a utilizá-lo. Portanto, devemos aceitar isso. Não
adianta querer forçar o mundo a voltar para uma fôrma da qual ele já saiu,
entrou em outra e está dando certo.
7- Quatro eixos estratégicos
As empresas do futuro têm por base, em primeiro, as
pessoas. Depois, as tecnologias, em que o foco está na nuvem e na experiência
do usuário (UX), pois são as bases para se conseguir fazer a transformação
digital. Em seguida, os dados, para além de big data, com foco em smart data. E
por último, mas não menos importante, a plataforma, no entendimento de pertencer
a um ecossistema amplo. Devemos, portanto, olhar para esses eixos como o
suporte de uma nova lente da gestão, que passa pelo propósito, pela cultura e
pelo valor. Isso diferencia uma empresa por agilizar decisões; preparar
pessoas; e transformar o negócio, orientando a dados. E isso só é possível com
soluções de cloud, por exemplo, que permitam acelerar a capacidade de entrega
de competências.
Luis Rasquilha - CEO da Inova Consulting e da Inova Business School, autor e
professor de Future, Strategy, Trends & Innovation.
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