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sábado, 10 de julho de 2021

Construções sustentáveis envolvem o futuro da arquitetura

A arquiteta e designer de interiores Caroline Sautchuk fala sobre a proposta ecológica presente nos projetos atuais do setor

 

 

As construções sustentáveis estão em alta, e, pelo que indica, vieram para ficar. Misturando design de qualidade com materiais ecológicos, a tendência, que começou nos anos 90, vem sendo aplicada em diversos projetos de arquitetura. Com o aumento do aquecimento global, essa aposta se mostra uma verdadeira necessidade para o futuro do planeta.

 

Caroline Sautchuk, arquiteta e design de interiores, fala sobre a proposta eco-friendly que tem ganhado destaque no setor. “As construções sustentáveis são aquelas que utilizam técnicas ou materiais ecológicos, tanto para projetos residenciais quanto comerciais, com o objetivo de criar harmonia e respeito com a natureza. Quando falamos em construções sustentáveis, é fundamental ter em mente que o conceito pode ser aplicado em pontos específicos ou em toda a parte de infraestrutura. Mas não envolve só isso”, explica.

 

“É importante planejar toda uma estratégia sustentável e não apenas pensar na matéria-prima ideal para as construções. Ao gerir os processos de forma a otimizar tempo, economizar em recursos e reduzir desperdícios, você também garante uma prática sustentável”, afirma. A chamada arquitetura vernacular faz parte disso, pois dá atenção a todo o ciclo que envolve um projeto do setor.

 

“Consiste em todo tipo de arquitetura em que se empregam materiais e recursos do próprio ambiente em que a edificação é construída. Desse modo, ela apresenta caráter local ou regional”, destaca.  

 

A especialista lista alguns exemplos de materiais sustentáveis que estão sendo aplicados nos empreendimentos mais recentes. “O bambu é outro material indicado, pois é leve, acessível e versátil. Costuma ser aplicado em estruturas, como paredes, telhas e telhados”, aponta. A profissional também conta como o adobe de argila e o isopor trazem sustentabilidade para os projetos. 

 

“Fazer o uso de blocos de adobe de argila é uma maneira eficiente de conciliar design e ecologia nos projetos. Por ser incorporado com fibras, esses blocos costumam ser super resistentes”, acrescenta. “No entanto, precisa ter boa resistência e durabilidade, já que a ideia é criar projetos verdes sem abrir mão da qualidade.”

 

Há alternativas mais específicas, como o cobogó mandaú. “Esse material é uma novidade de um dos nossos fornecedores, a Portobello. É um elemento vazado que integra paredes e muros para possibilitar maior ventilação e luminosidade em ambientes internos, criando sombras com desenhos orgânicos. A versão mais recente teve como referência as técnicas do artesão alagoano Itamácio Santos”, ressalta.

 

Já na parte da decoração, o upcycling está fazendo sucesso. O conceito, mais conhecido no mundo da moda, consiste em reaproveitar produtos que seriam descartados por algum motivo. 

 

“Como todos sabem, essa é uma prática antiga. A cultura do ferro velho já existe há décadas, assim como a existência da colcha de retalhos ou o ato de passar o berço para o novo irmão que está chegando. Porém, não há como negar que a arquitetura se apropriou do método por conta da preocupação com a natureza”, recomenda. 

 

O termo surgiu em 1994 e se popularizou nos Estados Unidos com o livro “Rethinking The Way We Make Things” (na tradução livre “Criar e Reciclar Ilimitadamente”), de 2002. É comum confundirem esse método com a reciclagem, mas são técnicas diferentes.

 

“A reciclagem reaproveita materiais específicos, como vidro, papel, plástico e metal, enquanto o upcycling transforma as peças em outras totalmente novas”, descreve. O processo de reciclagem traz ao item a mesma função que ele tinha originalmente. No upcycling, por sua vez, investe em criatividade para inovar no uso de cada peça.

 

“Uma cristaleira antiga pode ganhar uma cara nova se receber algumas camadas de tinta. Uma poltrona, que talvez fosse descartada, pode se transformar com um novo revestimento, de fibras ecológicas”, completa. “É preciso quebrar o estigma de enxergar itens usados como lixo. Coloque a mão na massa e explore a criatividade em todas as etapas do processo.”


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