A arquiteta e designer de interiores Caroline Sautchuk fala
sobre a proposta ecológica presente nos projetos atuais do setor
As
construções sustentáveis estão em alta, e, pelo que indica, vieram para ficar.
Misturando design de qualidade com materiais ecológicos, a tendência, que
começou nos anos 90, vem sendo aplicada em diversos projetos de arquitetura.
Com o aumento do aquecimento global, essa aposta se mostra uma verdadeira
necessidade para o futuro do planeta.
Caroline
Sautchuk, arquiteta e design de interiores, fala sobre a proposta eco-friendly
que tem ganhado destaque no setor. “As construções sustentáveis são aquelas que
utilizam técnicas ou materiais ecológicos, tanto para projetos residenciais
quanto comerciais, com o objetivo de criar harmonia e respeito com a natureza.
Quando falamos em construções sustentáveis, é fundamental ter em mente que o
conceito pode ser aplicado em pontos específicos ou em toda a parte de
infraestrutura. Mas não envolve só isso”, explica.
“É
importante planejar toda uma estratégia sustentável e não apenas pensar na
matéria-prima ideal para as construções. Ao gerir os processos de forma a
otimizar tempo, economizar em recursos e reduzir desperdícios, você também
garante uma prática sustentável”, afirma. A chamada arquitetura vernacular faz
parte disso, pois dá atenção a todo o ciclo que envolve um projeto do setor.
“Consiste
em todo tipo de arquitetura em que se empregam materiais e recursos do próprio
ambiente em que a edificação é construída. Desse modo, ela apresenta caráter
local ou regional”, destaca.
A
especialista lista alguns exemplos de materiais sustentáveis que estão sendo
aplicados nos empreendimentos mais recentes. “O bambu é outro material
indicado, pois é leve, acessível e versátil. Costuma ser aplicado em
estruturas, como paredes, telhas e telhados”, aponta. A profissional também
conta como o adobe de argila e o isopor trazem sustentabilidade para os
projetos.
“Fazer
o uso de blocos de adobe de argila é uma maneira eficiente de conciliar design
e ecologia nos projetos. Por ser incorporado com fibras, esses blocos costumam
ser super resistentes”, acrescenta. “No entanto, precisa ter boa resistência e
durabilidade, já que a ideia é criar projetos verdes sem abrir mão da
qualidade.”
Há
alternativas mais específicas, como o cobogó mandaú. “Esse material é uma
novidade de um dos nossos fornecedores, a Portobello. É um elemento vazado que
integra paredes e muros para possibilitar maior ventilação e luminosidade em
ambientes internos, criando sombras com desenhos orgânicos. A versão mais
recente teve como referência as técnicas do artesão alagoano Itamácio Santos”,
ressalta.
Já
na parte da decoração, o upcycling está fazendo sucesso. O conceito, mais
conhecido no mundo da moda, consiste em reaproveitar produtos que seriam
descartados por algum motivo.
“Como
todos sabem, essa é uma prática antiga. A cultura do ferro velho já existe há
décadas, assim como a existência da colcha de retalhos ou o ato de passar o
berço para o novo irmão que está chegando. Porém, não há como negar que a
arquitetura se apropriou do método por conta da preocupação com a natureza”,
recomenda.
O
termo surgiu em 1994 e se popularizou nos Estados Unidos com o livro
“Rethinking The Way We Make Things” (na tradução livre “Criar e Reciclar
Ilimitadamente”), de 2002. É comum confundirem esse método com a reciclagem,
mas são técnicas diferentes.
“A
reciclagem reaproveita materiais específicos, como vidro, papel, plástico e
metal, enquanto o upcycling transforma as peças em outras totalmente novas”,
descreve. O processo de reciclagem traz ao item a mesma função que ele tinha
originalmente. No upcycling, por sua vez, investe em criatividade para inovar
no uso de cada peça.
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