Para Cláudia Barroso, que há mais de 10 anos ajuda
famílias a lidarem com diagnósticos médicos difíceis, incluir as crianças nessa
abordagem é fundamental. Muitas vezes, elas são subestimadas em sua capacidade
de entendimento e podem sofrer com isso.
Todo diagnóstico médico difícil, seja
de uma doença terminal, uma síndrome ou uma questão física do paciente gera uma
mudança na dinâmica familiar. E, muitas vezes, as crianças são deixadas de lado
na hora de olhar para essa mudança, o que pode gerar consequências futuras ou
imediatas, persistentes ou passageiras. Segundo Cláudia Barroso, à frente do
programa Bem me Care, criado para ajudar famílias que estão vivendo um momento
como esse, incluir as crianças no processo de readequação é fundamental.
“Há quem acredite que retirar a
criança do ambiente durante o processo de acolhimento e adaptação do
diagnóstico, deixar com um parente ou vizinho, por exemplo, seja a melhor solução,
o que pode não ser verdade”, explica Cláudia. “A criança não possui ainda todos
os elementos necessários para interpretar o que está acontecendo e se utiliza
de fantasias para simbolizar aquilo que não compreende. Isso pode levar a criar
um cenário às vezes pior do que a própria realidade”, enfatiza.
Cláudia lembra que o programa leva em
consideração, antes de tudo, a idade, tanto a cronológica quanto a psicológica
da criança, para entender como ajudar: “tem famílias que infantilizam e outras
que exigem das crianças que tenham uma reação mais madura do que podem, e esse
olhar é fundamental para entender como abordar a doença e as consequências dela
para a própria criança”.
“A criança nem sempre é vista, mas
ela faz parte do núcleo que é diretamente atingido pelo diagnóstico, daí a
importância da sua participação no processo”, complementa a psicanalista. O Bem
me Care foi criado para atender às demandas emocionais e práticas de famílias
que estão lidando com um diagnóstico médico grave. Utiliza como base teórica a
psicanálise, através de uma abordagem inovadora que privilegia as dores e medos
da família que está impactada com um diagnóstico médico difícil. O objeto de
interesse não é o paciente, mas, sim, sua família.
O tratamento do Bem me Care tem foco
e tempo pré-determinados. Pode variar de um a até sete encontros, contando com
um membro ou vários membros da família, incluindo, é claro, as crianças, e de
uma forma bem importante: “tudo vai sempre depender de como o diagnóstico
impactou esses personagens e como o núcleo familiar foi afetado em sua função
organizadora de papeis e sentimentos”.
Cláudia Barroso - Psicóloga
Clínica formada pela Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC, com
especialização em Psicoterapia Breve Psicanalítica pelo Instituto Sedes
Sapientiae e Psicoterapia de Casal e Família. É Terapeuta Sexual, formada pelo
Isexp e Psicanalista formada através de processo particular. Além de fundadora
e idealizadora do projeto Bem me Care e co-autora do livro “O impacto
da má notícia médica na família. Uma visão psicanalítica”, é também
gestora do Falhei & Disse - Reflexões Psicanalíticas com Entretenimento.
Hoje atende crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias em seu
consultório em São Paulo, atuando também de forma on-line.
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