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O noticiário sobre meio ambiente reduziu de forma
significativa durante a pandemia para dar espaço a informações sobre aumento
dos casos de contaminação, número de mortes, vacinação e outras questões
ligadas à pandemia. Somado ao isolamento social, quando o contato com a
natureza foi substituído por meses inteiros dentro de casa, é normal que a
preocupação com o planeta tenha ficado esquecida em tempos de reclusão. É o que
mostra uma pesquisa do Instituto Ipsos, realizada com 16 mil entrevistados de
16 países, em 2020. Segundo o estudo, embora 85% defendam que o governo deve
priorizar a preservação do meio ambiente na retomada pós-pandemia, 41% dos
ouvidos no Brasil admitem que o tema da proteção ambiental não está na sua
própria lista de prioridades.
A educação exerce papel fundamental sobre a
formação de um cidadão consciente e esse trabalho não pode parar, mesmo em
tempo de pandemia. Seja na escola ou em casa, crianças e adolescentes podem
aprender conceitos sustentáveis e colocar em prática atitudes ecologicamente
corretas. Os pais podem ajudar os filhos a enxergar o que deve ser feito. Lixo
doméstico, consumo consciente e energia elétrica são temas possíveis de serem
abordados pelos pais durante uma conversa.
De acordo com Samantha Suyanni dos Santos Fechio,
assessora de Conhecimento de Ciências e Biologia do Sistema Positivo de Ensino,
a vida moderna trouxe inúmeras comodidades para os setores industrial e
comercial, assim como para os ambientes domésticos. "O problema é que todo
esse conforto gera uma produção cada vez maior de lixo, que na sua grande
maioria acaba em lixões ou aterros, isso quando não é descartado de forma
incorreta e acaba chegando nos rios e mares. Para mudar essa situação, nós
podemos começar a modificar nossos hábitos de consumo. Reduzir, reusar,
reciclar são termos que devem sair do campo do discurso para a prática",
alerta a educadora.
Aqui estão algumas dicas que podem começar a ser
adotadas no dia a dia das famílias e que pais podem passar para os
filhos:
- utilização
de sacolas retornáveis para as compras do mercado;
- redução
do consumo de papel - imprimindo apenas aquilo que for indispensável - e
também de plástico;
- dar
preferência a produtos e empresas que façam uma gestão adequada de
resíduos;
- fazer
a separação correta para que a maior quantidade possível de lixo produzido
possa, de fato, ser reciclado.
Tudo isso vai ao encontro de um conceito que, em
outros países, já está amplamente incorporado à sociedade: a economia circular.
Em uma economia circular, a atividade econômica constrói e reconstrói a saúde
geral do sistema por meio de estratégias de redução, reutilização, recuperação
e reciclagem do que é produzido e da energia gerada. Trata-se de um trabalho
efetivo em todas as escalas, nos grandes e pequenos negócios, atividades
globais ou locais. Para Samantha, a ideia parece distante, mas os pais, em
casa, podem mostrar para seus filhos como se comportar a fim de colocar em
prática esse conceito. "Com relação à economia circular, alguns gestos e
ensinamentos podem ser incorporados ao hábito e ao cotidiano de pais e
filhos." São eles:
- criar
composteiras nos jardins públicos para os moradores destinarem o lixo
orgânico;
- dizer
não aos canudos de plástico;
- optar
por comprar produtos a granel nos mercados, evitando assim que embalagens
desnecessárias gerem ainda mais lixo;
- preferir
o transporte por meio de bicicletas e patinetes - não poluentes;
- modificar
a forma de consumo, dando preferência a produtos usados e
artesanais;
- preferir
marcas que aproveitam as sobras de tecido e não incineram;
- destinar
corretamente o lixo eletrônico às empresas que providenciam o
reaproveitamento adequado.
O uso da energia elétrica é outro tema bastante
importante para ser tratado com crianças e jovens, já que o consumo consciente
pode diminuir os impactos sofridos pela natureza devido à geração de energia.
Segundo a educadora, os impactos ambientais para a geração de energia elétrica
seriam bem menores se cada cidadão passasse a economizar, em média, 15% de toda
energia consumida em sua residência. "Muitas vezes, o assunto é motivo de
conflito em família porque crianças e jovens não se dão conta da importância,
por exemplo, de apagar sempre a luz quando deixa um ambiente ou desligar a TV
quando não está assistindo. Pode-se começar orientando os filhos a evitar abrir
a porta da geladeira com frequência e sem necessidade, porque a porta aberta
faz o ar interno aumentar a temperatura, de forma que a geladeira precisa
refrigerá-lo novamente, usando assim mais energia", ressalta.
O ar-condicionado e o aquecedor são outros
aparelhos que merecem atenção: eles consomem muita energia e seu uso deve ser
moderado. A recomendação é que os filhos aprendam a programar os equipamentos
para que desliguem automaticamente durante a madrugada. O tempo dos banhos é
outra dica valiosa. O chuveiro elétrico é um dos aparelhos que mais aumenta a
conta de energia. Deve-se orientar desde cedo crianças e jovens para que não se
estendam no chuveiro mais que o tempo necessário, mostrando que dessa forma
economizam energia elétrica e água.
Samantha acrescenta ainda que práticas que envolvem
aspectos da educação ambiental são importantes porque, além de estimular o
conhecimento e as boas atitudes, mobilizam o desenvolvimento de competências e
habilidades, que é o foco da Base Nacional Comum Curricular. "Ao promover
reflexões a respeito do meio ambiente, além do pensamento científico, crítico e
criativo, a competência da responsabilidade e cidadania amplia a consciência
ambiental dos estudantes de maneira que se sintam estimulados a mudar as suas
atitudes a fim de amenizar ou até mesmo reduzir os impactos provocados pela
ação antrópica", destaca.
Trabalhar essas formas de pensar junto a crianças e
jovens é garantir o futuro do planeta. E, enquanto a pandemia não termina, os
pais podem ser - em casa - os agentes dessa transformação.
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