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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Preocupação com meio ambiente reduz durante pandemia

Divulgação
Educadora dá dicas de como estimular crianças e jovens a pensarem na natureza, mesmo dentro de casa


O noticiário sobre meio ambiente reduziu de forma significativa durante a pandemia para dar espaço a informações sobre aumento dos casos de contaminação, número de mortes, vacinação e outras questões ligadas à pandemia. Somado ao isolamento social, quando o contato com a natureza foi substituído por meses inteiros dentro de casa, é normal que a preocupação com o planeta tenha ficado esquecida em tempos de reclusão. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Ipsos, realizada com 16 mil entrevistados de 16 países, em 2020. Segundo o estudo, embora 85% defendam que o governo deve priorizar a preservação do meio ambiente na retomada pós-pandemia, 41% dos ouvidos no Brasil admitem que o tema da proteção ambiental não está na sua própria lista de prioridades.

A educação exerce papel fundamental sobre a formação de um cidadão consciente e esse trabalho não pode parar, mesmo em tempo de pandemia. Seja na escola ou em casa, crianças e adolescentes podem aprender conceitos sustentáveis e colocar em prática atitudes ecologicamente corretas. Os pais podem ajudar os filhos a enxergar o que deve ser feito. Lixo doméstico, consumo consciente e energia elétrica são temas possíveis de serem abordados pelos pais durante uma conversa. 

De acordo com Samantha Suyanni dos Santos Fechio, assessora de Conhecimento de Ciências e Biologia do Sistema Positivo de Ensino, a vida moderna trouxe inúmeras comodidades para os setores industrial e comercial, assim como para os ambientes domésticos. "O problema é que todo esse conforto gera uma produção cada vez maior de lixo, que na sua grande maioria acaba em lixões ou aterros, isso quando não é descartado de forma incorreta e acaba chegando nos rios e mares. Para mudar essa situação, nós podemos começar a modificar nossos hábitos de consumo. Reduzir, reusar, reciclar são termos que devem sair do campo do discurso para a prática", alerta a educadora.

Aqui estão algumas dicas que podem começar a ser adotadas no dia a dia das famílias e que pais podem passar para os filhos: 

  • utilização de sacolas retornáveis para as compras do mercado; 
  • redução do consumo de papel - imprimindo apenas aquilo que for indispensável - e também de plástico; 
  • dar preferência a produtos e empresas que façam uma gestão adequada de resíduos; 
  • fazer a separação correta para que a maior quantidade possível de lixo produzido possa, de fato, ser reciclado. 

Tudo isso vai ao encontro de um conceito que, em outros países, já está amplamente incorporado à sociedade: a economia circular. Em uma economia circular, a atividade econômica constrói e reconstrói a saúde geral do sistema por meio de estratégias de redução, reutilização, recuperação e reciclagem do que é produzido e da energia gerada. Trata-se de um trabalho efetivo em todas as escalas, nos grandes e pequenos negócios, atividades globais ou locais. Para Samantha, a ideia parece distante, mas os pais, em casa, podem mostrar para seus filhos como se comportar a fim de colocar em prática esse conceito. "Com relação à economia circular, alguns gestos e ensinamentos podem ser incorporados ao hábito e ao cotidiano de pais e filhos." São eles:

  • criar composteiras nos jardins públicos para os moradores destinarem o lixo orgânico; 
  • dizer não aos canudos de plástico; 
  • optar por comprar produtos a granel nos mercados, evitando assim que embalagens desnecessárias gerem ainda mais lixo; 
  • preferir o transporte por meio de bicicletas e patinetes - não poluentes; 
  • modificar a forma de consumo, dando preferência a produtos usados e artesanais; 
  • preferir marcas que aproveitam as sobras de tecido e não incineram; 
  • destinar corretamente o lixo eletrônico às empresas que providenciam o reaproveitamento adequado.

O uso da energia elétrica é outro tema bastante importante para ser tratado com crianças e jovens, já que o consumo consciente pode diminuir os impactos sofridos pela natureza devido à geração de energia. Segundo a educadora, os impactos ambientais para a geração de energia elétrica seriam bem menores se cada cidadão passasse a economizar, em média, 15% de toda energia consumida em sua residência. "Muitas vezes, o assunto é motivo de conflito em família porque crianças e jovens não se dão conta da importância, por exemplo, de apagar sempre a luz quando deixa um ambiente ou desligar a TV quando não está assistindo. Pode-se começar orientando os filhos a evitar abrir a porta da geladeira com frequência e sem necessidade, porque a porta aberta faz o ar interno aumentar a temperatura, de forma que a geladeira precisa refrigerá-lo novamente, usando assim mais energia", ressalta. 

O ar-condicionado e o aquecedor são outros aparelhos que merecem atenção: eles consomem muita energia e seu uso deve ser moderado. A recomendação é que os filhos aprendam a programar os equipamentos para que desliguem automaticamente durante a madrugada. O tempo dos banhos é outra dica valiosa. O chuveiro elétrico é um dos aparelhos que mais aumenta a conta de energia. Deve-se orientar desde cedo crianças e jovens para que não se estendam no chuveiro mais que o tempo necessário, mostrando que dessa forma economizam energia elétrica e água.

Samantha acrescenta ainda que práticas que envolvem aspectos da educação ambiental são importantes porque, além de estimular o conhecimento e as boas atitudes, mobilizam o desenvolvimento de competências e habilidades, que é o foco da Base Nacional Comum Curricular. "Ao promover reflexões a respeito do meio ambiente, além do pensamento científico, crítico e criativo, a competência da responsabilidade e cidadania amplia a consciência ambiental dos estudantes de maneira que se sintam estimulados a mudar as suas atitudes a fim de amenizar ou até mesmo reduzir os impactos provocados pela ação antrópica", destaca. 

Trabalhar essas formas de pensar junto a crianças e jovens é garantir o futuro do planeta. E, enquanto a pandemia não termina, os pais podem ser - em casa - os agentes dessa transformação.

 

 

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