Nos últimos dias eu li uma notícia que me deixou preocupado, pois segundo um portal, aproximadamente 150 brasileiros são detidos por dia na fronteira do México com os Estados Unidos, tentando entrar ilegalmente no país através de coiotes ou outros esquemas que envolvem diversos riscos.
Por
conta disso, busquei alguns outros dados e encontrei informações ainda mais
assustadoras, pois o número de brasileiros tentando atravessar a fronteira
ilegalmente chega a 163 diariamente. Fazendo uma comparação simples, anualmente
essas tentativas somam a quantidade de pessoas na cidade de Vinhedo, no
interior de São Paulo, que possui cerca de 30 mil habitantes.
Portanto,
aproximadamente uma cidade inteira está em tentativa de imigrar ilegalmente,
fora aqueles que ficam em overstay ou utilizam o visto de turismo para
permanecer por tempo indefinido no país. Em qualquer um dos casos, o perigo
para o Brasil é enorme.
Alguns
outros números podem descrever tamanha irregularidade: de janeiro a maio de
2021 quase 22 mil pessoas buscaram entrar nos Estados Unidos de forma ilegal,
sendo que no ano de 2019 no total foram 18 mil.
Anos
atrás brasileiros interessados em migrar, normalmente da classe média ou classe
média alta, buscavam chegar ao país de maneira estruturada e regular, com um
solo firme, como fonte de renda declarada, autorização para trabalhar, seja com
um Visto E2 ou um Visto L, mas sempre de maneira organizada, o que fez essas
pessoas prosperarem. Desde 2019 percebemos que todas as pessoas queriam uma
oportunidade fora do Brasil, fossem por razões econômicas, de segurança,
educação, entre outros, afinal todos querem uma perspectiva melhor para si ou
para a família.
O
grande problema é que o Brasil não está perdendo apenas a mão de obra
intelectual e qualificada, mas também a força motriz, aqueles que realizam
trabalhos fundamentais para tudo funcionar normalmente e vão para outros países
(não somente os Estados Unidos) para colocar a mão na massa.
Ainda
assim, quando essas pessoas tentam entrar em um lugar ilegalmente, elas
impactam em diversos outros setores. Um bom exemplo é o Visto de turismo ou de
estudantes, que pode ser impactado quando o número de brasileiros passa a viver
ilegalmente no país e ficam cada vez mais difíceis de adquirir.
Sabemos
que quem faz esse tipo de imigração ilegal são pessoas desesperadas, mas
claramente eu sou contra essas atitudes, uma vez que essas pessoas podem
prejudicar a si mesmas ao serem pegas e deportadas, mas também porque impactam
outras determinações dos órgãos de imigração americanos.
Eu
vi alguns vídeos de um youtuber e, em um deles, ele falou sobre como as pessoas
se planejam para realizar essas viagens. Uma das críticas do youtuber é que às
vezes as pessoas se sujeitam a pagar até 20 mil dólares para um coiote fazer a
travessia, sendo que esse valor poderia ser utilizado para fazer cursos de
especialização, estruturar a mudança ou mesmo contratar um headhunter para
encontrar uma vaga adequada e partir disso solicitar um visto para entrar no
país legalmente. A realidade é que o indivíduo que paga um coiote está
desperdiçando dinheiro.
Em
um outro vídeo ele faz uma crítica às pessoas que entram ilegalmente e são
pegas pelos oficiais do país e vão para as prisões do ICE e reclamam sobre a
comida, as instalações e a falta de liberdade para contatar familiares, mas é
importante ressaltar que esses indivíduos cometeram um crime ao tentar entrar
no país de forma irregular e conheciam os riscos de fazer isso. Talvez pela
educação e cultura do Brasil, o cidadão se sinta muito titular de direitos, mas
esquece que também possui obrigações.
Daniel Toledo - advogado
da Toledo e Advogados Associados especializado em direito Internacional,
consultor de negócios internacionais, palestrante e sócio da LeeToledo LLC.
Para mais informações, acesse: http://www.toledoeassociados.com.br.
Toledo também possui um canal no YouTube com quase 110 mil seguidores https://www.youtube.com/danieltoledoeassociados
com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente.
Ele também é membro efetivo da Comissão de Relações Internacionais da OAB São
Paulo e Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB Santos.
Toledo
e Advogados Associados
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