Causadas por vírus e com quadro clínico que vai de assintomático a grave, podendo evoluir para óbito, as duas doenças têm semelhanças que podem confundir os pacientes
A pandemia do novo coronavírus ofuscou outro
problema de saúde pública no Brasil: a dengue. Endêmica no país, a doença é uma
ameaça e merece atenção pelo crescimento no número de casos, por seus sintomas
iniciais serem semelhantes à Covid-19 – o que acaba confundindo os pacientes –
e requer cuidados por sua gravidade, já que é uma infecção viral que pode levar
à morte.
No Paraná, o boletim da
Secretaria de Saúde divulgado neste dia 1º de junho, registra mais três mortes
por causa da doença. Assim, o Paraná acumula agora 26 óbitos desde agosto do
ano passado.
Os novos óbitos foram no mês de maio e são de mulheres residentes nos
municípios de Medianeira, no Oeste (86 anos, com comorbidade), Campo Mourão, no
Centro-Oeste (80 anos, com comorbidade) e Maringá, no Noroeste (53 anos, sem
comorbidade)
São 20.242 casos confirmados da doença desde o começo desse registro. O
boletim indica 1.507 casos novos em relação ao informe anterior.
Professor do UniCuritiba
- instituição de ensino superior que faz parte da Ânima, uma das principais
organizações educacionais do país - o biólogo Carlos de Almeida Barbosa diz que
o combate à dengue exige um esforço coletivo, uma cooperação comunitária para a
prevenção, feita basicamente por meio da eliminação dos criadouros do mosquito
transmissor.
Além do crescimento no
número de casos, outro aspecto preocupa. “Por sua sintomatologia semelhante à
da infecção pelo agente viral SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, os
pacientes ficam em dúvida na hora de procurar atendimento médico”, comenta.
Mestre em Ciências e
doutorando em Tecnologia em Saúde, Carlos explica que a infecção provocada pelo
vírus da dengue pode apresentar um espectro clínico variado, desde quadros
assintomáticos até eventos graves como hemorragia, choque e risco de morte.
“Não existe tratamento específico para a dengue e os cuidados terapêuticos consistem em tratar os sintomas, combater a febre e, se necessário, fazer a hidratação por via intravenosa. O atendimento rápido para a identificação dos sinais e a intervenção médica ajudam a reduzir o número de óbitos”, alerta.
Alguns países já
utilizam uma vacina contra a dengue, aplicada em indivíduos entre 9 e 45 anos
previamente infectados e que habitam áreas endêmicas ou de risco. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a vacinação seja feita somente em regiões
nas quais as condições epidemiológicas indiquem alto índice da doença. No
Brasil, o imunizante está em uso desde 2015.
Sintomas e assistência
médica
Os primeiros sintomas da
dengue podem ser quadros febris variando entre 39ºC e 40ºC de início repentino,
com persistência de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no
corpo e nas articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos e erupções
cutâneas, podendo ocorrer náuseas e vômitos.
No caso da Covid-19, os
pacientes costumam apresentar febre, cansaço, dores no corpo, congestão nasal,
dor de cabeça, de garganta, diarreia, perda de paladar e olfato, conjuntivite e
erupção cutânea.
Em função da pandemia, a
orientação é que as pessoas com febre persistente ou qualquer sintoma com
características semelhantes à dengue ou Covid-19 entrem em contato com o
serviço de saúde de Curitiba para uma triagem prévia, antes do deslocamento
para atendimento presencial. O telefone é 3350-9000.
Depois da avaliação
inicial, a central fará o direcionamento do paciente para o local adequado: uma
unidade de atendimento Covid ou uma “unidade limpa”, para onde são encaminhados
pacientes com outras doenças. No caso das consultas presenciais, os
atendimentos são feitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBs) (casos com sintomas
leves e moderados) ou Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em situações
graves.
O professor Carlos
Barbosa explica que ao apresentar febre alta é importante buscar o serviço de
saúde o quanto antes. “É difícil diferenciar inicialmente os sintomas, mas os
profissionais de saúde estão habilitados a fazer a triagem. Um teste preliminar
para o diagnóstico da dengue é a ‘prova do laço’, que serve como um
indicativo.”
Dependendo do caso,
continua o docente do UniCuritiba e especialista em Biologia Celular, são
realizados outros exames como detecção de anticorpos, IgG e IgM, hemograma,
coagulograma e testes com técnicas moleculares, como a Reação em Cadeia da
Polimerase (PCR).
Reinfecção e prevenção
A pessoa que já teve
dengue não está livre de sofrer uma nova infecção. Isso porque existem quatro
sorotipos do vírus em circulação no Brasil e, para estar totalmente imune,
seria necessário entrar em contato com todos eles. “O problema é que a cada
contágio com um novo sorotipo, os sintomas podem ser mais intensos e os riscos
de desenvolver uma forma mais grave de dengue são altos”, adverte o biólogo.
Uma das diferenças entre
a dengue e a Covid-19 está na forma de transmissão. Enquanto o coronavírus é
transmitido de pessoa para pessoa, a dengue depende de um vetor, o mosquito da
espécie Aedes aegypti. “Neste caso, dizemos que é um arbovírus, um
vírus transmitido por artrópodes”, explica o professor.
Para conter o avanço da
dengue é necessário eliminar os criadouros do mosquito transmissor, que se
prolifera em locais com água parada. A orientação é inspecionar vasos de
plantas, manter o quintal limpo, evitando o acúmulo de entulhos que possam
reter água e vedar reservatórios e caixas d’água.
Crédito de imagens: Pixabay
Fonte: Secretaria da
Saúde do Estado do Paraná
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