Newton Terra,
professor da PUCRS e pesquisador do Instituto de Geriatria e Gerontologia,
sugere hábitos que contribuem para a qualidade de vida e o envelhecimento
saudávelpexels
Alcançar a longevidade
com saúde exige cuidados e bons hábitos durante todas as
fases da vida. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2030 o número de idosos no Brasil deve ultrapassar o
número de crianças. A inversão
da pirâmide etária no País caracteriza uma mudança do perfil
demográfico e amplia a necessidade de atenção para a promoção do
envelhecimento saudável.
No livro Só é velho quem quer, o professor da Escola de
Medicina da PUCRS Newton Terra destaca que é
possível envelhecer com saúde, tornando o processo
mais longevo, autônomo e independente. Na obra o autor também
destaca que, segundo pesquisas, o envelhecimento
depende 25% da genética e 75% do estilo de vida e do ambiente.
Pesquisador
do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, Terra reuniu
sugestões de hábitos que promovem um estilo de vida saudável, fundamental
para alcançar a longevidade com qualidade. Confira:
1. Gerenciar o estresse
O estresse define um estado em que ocorre uma
ameaça (real ou percebida) à homeostase (estabilidade do
organismo). Não é considerado uma doença, mas sim uma forma de
adaptação e proteção do corpo contra agentes externos ou internos. Pode ser
positivo (o eustresse) e negativo (o distresse), que é o estresse
propriamente dito. O termo “estressor” define os eventos ou estímulos que
provocam ou conduzem ao estresse, e estes podem ser classificados como
sensoriais (físicos), psicológicos e infecciosos.
Entre as ações que contribuem para gerenciar o
estresse estão aumentar
a resistência (ou resiliência) aos estressores e mudar
a maneira de enfrentá-los. Encontrar opções benéficas
de liberar a tensão, como a prática de atividades
físicas, também auxilia na redução dos riscos causados pelo
estresse.
Dormir
regularmente, cultivar um hobby,
manter uma organização financeira e buscar atividades de
relaxamento meditação como yoga ou mindfulness são comportamentos que
também trazem benefícios. Buscar ajuda de psicólogos e
conversar sobre aquilo que lhe causa estresse contribui para evitar
que os estressores se tornem crônicos.
2. Ter atividades de lazer
O lazer
é um momento de liberdade
interior, expressão da personalidade e
da individualidade. É quando podemos decidir o que fazer,
como fazer e quando fazer. É o momento do descanso e do divertimento. O lazer é
um direito social.
Em todas
as fases da vida, inclusive durante o processo de envelhecimento, é
fundamental ter momentos de lazer, de acordo com as
preferências e condições de cada
pessoa. Ler, praticar exercícios físicos, fazer artesanatos, pintar, ouvir música, estimular
o raciocínio com jogos, assistir filmes, tocar
instrumentos musicais e manter-se
aprendendo são práticas que fazem bem em qualquer idade.
3. Evitar a automedicação
Os
idosos são os maiores usuários de remédios devido ao surgimento de doenças
crônicas associadas ao processo de envelhecimento e que requerem
tratamento medicamentoso. No entanto, é preciso manter a atenção aos
efeitos dos medicamentos em todas as idades. Por mais que se consiga
eficácia no combate às doenças, o uso da polifarmácia eleva a chance dos
efeitos adversos, podendo impactar negativamente na saúde.
Para alcançar a longevidade, o indicado
é tomar apenas os medicamentos receitados
por médicos e evitar a automedicação –
lembrando que muitas
pessoas idosas frequentemente ingerem por conta própria ácido
acetilsalicílico (conhecido popularmente como aspirina),
anti-inflamatórios não esteroides, laxantes e vitaminas, o que deve ser
evitado. Em média, essa faixa etária utiliza de dois a cinco medicamentos
por dia.
A polifarmácia está associada ao desenvolvimento e
agravamento de síndromes geriátricas, incluindo comprometimento
cognitivo, delírios,
quedas, fragilidade, incontinência urinária, perda de peso, além de aumentar o
risco de hospitalizações. A prescrição de medicamentos para quem possui
mais de 60 anos é uma tarefa que requer planejamento e monitoramento
constantes.
A desprescrição,
uma tendência moderna e preventiva, é o processo sistemático de identificar e
suspender remédios quando o risco potencial de prejuízo supera os benefícios.
Deve ser realizada uma revisão criteriosa da prescrição, junto ao médico, com o
objetivo de identificar os medicamentos inapropriados, passíveis de
ser retirados.
4. Realizar uma nutrição adequada
A nutrição é um dos fatores externos que exerce mais
influência na saúde das pessoas ao longo da vida. Efeitos de uma
alimentação inadequada, tanto por excesso quanto por déficit de nutrientes, são
extremamente prejudiciais. Alimentação adequada é aquela
que fornece ao organismo os nutrientes necessários para a manutenção, reparo
e crescimento dos tecidos, sem que haja excesso no consumo alimentar.
Uma boa alimentação deve ser suficiente (contém as calorias necessárias
ao gasto diário), completa (fornece todos os nutrientes indispensáveis),
harmônica (mantém a proporção correta entre proteínas, açúcares e gorduras) e
adequada (atende às condições fisiológicas de cada pessoa).
A adoção de uma alimentação de qualidade, com variedade de
cores, nutrientes e texturas, e com menor quantidade de químicos, ou
isenção de agrotóxicos, pode colaborar para
a proteção do organismo contra o desenvolvimento
de doenças.
Dentre os principais componentes alimentares que atuam
como fatores protetores estão as vitaminas
antioxidantes (encontradas em frutas e verduras, de preferência cruas
ou frescas), os carotenoides (presentes em alimentos com tons vermelhos,
laranjas e amarelos) os compostos
fenólicos (estão em frutas cítricas, como limão, laranja e
tangerina) e as fibras alimentares (disponíveis em leguminosas,
cereais e alimentos integrais).
5. Evitar o sedentarismo
Sedentarismo é uma palavra derivada do latim que
significa “ficar sentado”, sendo definido como a falta, ausência ou diminuição
de atividades físicas ou esportivas. É considerada a doença do século por estar
relacionada ao comportamento cotidiano da vida moderna e pela associação com
várias doenças. Para evitar o sedentarismo, o ideal é realizar exercícios físicos
regularmente.
A prática regular de um
exercício também é útil para atrasar o processo de
envelhecimento e alcançar a longevidade. Existe
unanimidade entre os especialistas ao afirmarem que os indivíduos que se
exercitam com regularidade vivem mais e com mais qualidade. O exercício físico
deve ser praticado por todos, preferencialmente, desde a infância sem
interrupção. Os benefícios trazidos pela realização do exercício à saúde são
tão transitórios quanto os trazidos pela alimentação e pelo sono. Ao descontinuar a prática de
exercícios, os benefícios conquistados também começam a ser perdidos.
Dicas bônus
Cultivar a espiritualidade: Pesquisas
demonstram que os indivíduos que têm uma religião ou que são espiritualizados
envelhecem melhor e previnem, tratam e se recuperam com mais sucesso de muitas
das doenças.
Evitar o tabagismo: O hábito de
fumar é uma doença crônica gerada pela dependência da nicotina.
O tabagismo provoca alterações, físicas, emocionais e
comportamentais, além de ter relação com 55 doenças diferentes.
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