É
um tipo de tumor ginecológico com baixa incidência, correspondendo a 3% dos
tumores diagnosticados na mulher e alta mortalidade. Especialista do CPO
Oncoclínicas alerta sobre os principais sinais da doença
Pouco se ouve falar sobre câncer de ovário, mas
atualmente é considerado o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado
em fases iniciais e por isso, combatido. De acordo com dados do Instituto
Nacional do Câncer (Inca), serão registrados em 2021 no Brasil aproximadamente
6.650 novos casos de câncer de ovário e de acordo com o último levantamento do
Atlas da Mortalidade (2019), a doença responde por 4.123 óbitos por ano.
De acordo com Michelle Samora, oncologista do
CPO Oncoclínicas, o câncer de ovário possui maior incidência principalmente em
mulheres acima dos 60 anos e o risco de uma mulher desenvolver este câncer ao
longo da vida é de 1,3%. Apesar de representar uma incidência baixa em
comparação a outros tipos de tumores malignos, todavia, o fato de apresentar
sintomas silenciosos, a detecção da condição acontece na maioria das vezes em
estágios avançados.
Entre os fatores que contribuem para um risco
aumentado desta doença estão a primeira menstruação precoce (abaixo dos 12
anos), menopausa tardia (acima dos 52 anos), obesidade e tabagismo. Por outro
lado, a gravidez, a amamentação e o uso de contraceptivos orais agem reduzindo
o risco do câncer de ovário. "Estudos recentes demonstraram que entre
mulheres que fizeram uso contínuo de anticoncepcionais por período superior a
cinco anos, houve uma diminuição em até 60% da incidência deste de
câncer", diz Michelle.
Outro fator a ser levado em conta, é que cerca
de 15% dos tumores ovarianos são decorrentes da predisposição genética
hereditária, herdada de pai ou mãe. No entanto, a especialista ressalta que as
mutações genéticas que predispõe ao câncer de ovário podem não se limitar a
mulheres com uma forte história familiar da doença. De fato, cerca de 1/3 das
pacientes portadoras da mutação do gene BRCA (principal gene envolvido no
surgimento desta doença) não apresentam sequer um familiar portador de câncer.
É por este motivo que ao se realizar o diagnóstico de câncer de ovário, todas
as mulheres devem ser testadas geneticamente.
Aquelas mulheres sabidamente portadoras de
mutação no gene BRCA têm um risco de desenvolver o câncer de ovário ao longo da
vida de 25% a 45%, muito acima do risco de uma mulher não portadora de
alteração genética. "Nesta situação, é possível indicar medidas como a
cirurgia preventiva de retirada dos ovários e tubas uterinas, uma vez que este
procedimento reduz em 96% o risco de desenvolvimento do câncer de ovário. Esta
é uma decisão que deve ser tomada de forma conjunta pela paciente e seu
médico", pontua a oncologista do CPO.
Fique atento aos possíveis sinais e aos tratamentos
Pouco se sabe sobre o mecanismo ou tempo de
progressão do câncer de ovário localizado para o disseminado. E, até o presente
momento, não há exames indicados para triagem do câncer de ovário na população
em geral ou naquelas portadoras de mutação no gene BRCA - mesmo com várias
modalidades de exames já avaliados, incluindo ultrassom, exames de sangue ou
mesmo tomografia anuais.
O sintoma do câncer de ovário é discreto e
demora a se manifestar. Por isso, na maioria dos casos, é diagnosticado
tardiamente, quando a doença já se espalhou pelo aparelho reprodutor e outros
órgãos abdominais. Quando aparentes, pode ocorrer um aumento do volume
abdominal, dor, alterações no ciclo menstrual, no hábito urinário e intestinal.
"O problema é que os sintomas, quando
aparentes, são parecidos com os desconfortos do dia a dia da mulher e, na
maioria dos casos, são deixados de lado. Por isso, é recomendado que a mulher
procure um especialista caso perceba qualquer alteração, mesmo que pareça
usual.", afirma Dra.Michelle Samora.
A definição do tratamento para pacientes com
câncer de ovário depende do tipo e estágio da doença. "Em linhas gerais, a
cirurgia ainda é o principal tratamento e a quimioterapia pode ser indicada,
dependendo do caso, antes e/ou após a intervenção cirúrgica", explica Dra.
Michelle Samora. "Em casos selecionados do desenvolvimento do câncer de
ovário em idade fértil, o tratamento visando a manutenção da fertilidade
feminina, deverá ser particularizado" finaliza a oncologista.
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