Desde o início da pandemia, o cotidiano das
crianças mudou completamente. As aulas passaram a ser on-line, e as
brincadeiras em casa, sem os amigos por perto. Para quem tem autismo, essa
mudança é sentida de maneira ainda mais intensa, e o cuidado com a rotina e com
o tratamento dos pequenos que têm o transtorno é fundamental para manter o
bem-estar durante o período de isolamento, que ainda não tem previsão de
terminar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças tenha autismo,
e neste 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, o Hospital
Pequeno Príncipe, um dos centros de referência no tratamento multidisciplinar
do transtorno, reforça a importância da adaptação do dia a dia em casa para
manter a continuidade do tratamento de quem tem o transtorno. “A manutenção das
terapias previne regressos do desenvolvimento e organiza melhor a vida do
paciente e da família, especialmente em períodos de mudanças drásticas como as
que têm acontecido durante a pandemia”, destaca o neuropediatra Anderson
Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe. Mesmo durante o primeiro ano da
pandemia, o Pequeno Príncipe realizou 418 atendimentos de crianças e
adolescentes com o diagnóstico no Ambulatório de Transtornos de
Desenvolvimento.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento que
surge logo nos primeiros anos de vida e é caracterizado pela dificuldade de as
crianças se relacionarem e de se comunicarem. Elas possuem tendência a
comportamentos repetitivos, como bater as mãos, pular sempre no mesmo lugar e
andar na ponta dos pés, por exemplo. Outros sinais que podem indicar o autismo
são o atraso da fala, o isolamento em relação a outras crianças, a vontade de
brincar somente com um determinado brinquedo, o desejo de saber tudo sobre
apenas um tema, e muita dificuldade de sair desses padrões.
O Ambulatório de Transtornos de Desenvolvimento
do Pequeno Príncipe recebe crianças e adolescentes encaminhados pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Nele, os pacientes passam por uma equipe de neurologistas
que realizam diagnósticos de autismo, transtornos de aprendizagem, déficit de
atenção e hiperatividade, transtornos ou deficiência mental, intelectual e múltipla,
e orientam os responsáveis sobre todas as terapias e acompanhamento
multidisciplinar conforme a necessidade de cada menino e menina.
Além da adaptação das terapias de forma on-line,
o neuropediatra do Hospital ressalta que também é importante os pais usarem o
máximo de tempo possível para interagir com a criança e observar seus
sentimentos. “Aproveitem para assistir a filmes juntos e tentar identificar
emoções e comportamentos. Conversem, brinquem, sentem no chão. Tudo isso é
absolutamente terapêutico e fundamental para o desenvolvimento”, finaliza.
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